terça-feira, 30 de abril de 2024

Dom Casmurro, de Machado de Assis

Editora: Antofágica

Opinião: ★★★★☆

ISBN: 978-65-8649-008-4

Link para compra: Clique aqui

Análise em vídeo: Clique aqui

Páginas: 464

Sinopse: Prometido para o seminário desde o nascimento, o jovem carioca Bentinho precisa encontrar um jeito de fugir da vida na Igreja e realizar seu verdadeiro sonho: casar-se com a vizinha Capitu. Uma história de paixão, obsessão e ciúme se desenrola, em uma narrativa cheia de reviravoltas, que aos poucos constrói um retrato da sociedade brasileira. Com este romance publicado em 1899, o maior nome da literatura nacional, Machado de Assis, torna-se também parte do cânone mundial. “Dom Casmurro” traz contundentes reflexões sobre o Brasil de sua época, ainda muito relevantes para os dias atuais, e faz isso com a narrativa repleta de ironia que é uma marca do autor. A nova edição da Antofágica traz o texto integral de Machado com notas e posfácio do especialista Rogério Fernandes dos Santos, além de ilustrações de Paula Siebra, apresentação da produtora de conteúdo Camilla Dias e posfácios da atriz e escritora Maria Ribeiro do escritor Geovani Martins.



Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo.”

 

 

“Um dia, quando todos os livros forem queimados por inúteis, há de haver alguém, pode ser que tenor, e talvez italiano, que ensine esta verdade aos homens. Tudo é música, meu amigo. No princípio era o , e o fez-se etc.”

 

 

“Os sonhos do acordado são como os outros sonhos, tecem-se pelo desenho das nossas inclinações e das nossas recordações.”

 

 

“Meses depois fui para o seminário de São José. Se eu pudesse contar as lágrimas que chorei na véspera e na manhã, somaria mais que todas as vertidas desde Adão e Eva. Há nisto alguma exageração; mas é bom ser enfático, uma ou outra vez, para compensar este escrúpulo de exatidão que me aflige. Entretanto, se eu me ativer só à lembrança da sensação, não fico longe da verdade; aos quinze anos, tudo é infinito.”

 

 

“Há pessoas a quem as lágrimas não acodem logo nem nunca; diz-se que padecem mais que as outras.”

 

 

“A vaidade é um princípio de corrupção.”

 

 

“Às vezes, eu contava a Capitu a história da cidade, outras dava-lhe notícias de astronomia; notícias de amador que ela escutava atenta e curiosa, nem sempre tanto que não cochilasse um pouco.”

 

 

“Os apóstolos não levam a boa doutrina senão depois de a terem toda no coração.”

 

 

“Tal não faria Ezequiel. Não comporia bolas envenenadas, suponho, mas não as recusaria também. O que faria com certeza era ir atrás dos cães, a pedrada, até onde lhe dessem as pernas. E se tivesse um pau, iria a pau. Capitu morria por aquele batalhador futuro.

— Não sai a nós, que gostamos da paz, disse-me ela um dia, mas papai em moço era assim também; mamãe é que contava.

— Sim, não sairá maricas, repliquei; eu só lhe descubro um defeitozinho, gosta de imitar os outros.

— Imitar como?

— Imitar os gestos, os modos, as atitudes; imita prima Justina, imita José Dias; já lhe achei até um jeito dos pés de Escobar e dos olhos…

Capitu deixou-se estar pensando e olhando para mim, e disse afinal que era preciso emendá-lo.”

 

 

“José Dias pediu para ver o nosso “profetazinho” (assim chamava a Ezequiel) e fez-lhe as festas do costume. Desta vez falou ao modo bíblico (estivera na véspera a folhear o livro de Ezequiel, como soube depois), e perguntava-lhe: “Como vai isso, filho do homem?”. “Dize-me, filho do homem, onde estão os teus brinquedos?” “Queres comer doce, filho do homem?”

— Que filho do homem é esse, perguntou-lhe Capitu agastada.

— São os modos de dizer da Bíblia.

— Pois eu não gosto deles, replicou ela com aspereza.”

Nenhum comentário: