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segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Os 77 melhores contos dos Irmãos Grimm (Volume II)

Editora: Nova Fronteira

ISBN: 978-65-5640-255-0

Introdução e organização: Luciana Sandroni

Tradução: Íside M. Bonini

Ilustrações: Silvio Ramirez

Opinião★★★

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Páginas: 296

Sinopse: Ver Volume I


“A desgraça, diz um velho ditado, vem sempre de noite.”

 

 

“Quem acha a chave velha, não necessita mais da nova.”

 

 

O avô e seu neto

Era uma vez um velho, tão velho que já não enxergava bem, os ouvidos estavam quase surdos e os joelhos trêmulos. Era com grande dificuldade que conseguia segurar a colher e sempre derramava a sopa na toalha, deixando-a, também, escorrer pela boca.

O filho e a nora sentiam nojo ao ver isso, e assim ficou resolvido que o velho avô iria sentar-se atrás do fogão. Davam-lhe a sopa numa tigela de barro, mas não muita. O velho olhava com grande tristeza para a mesa e seus olhos enchiam-se de lágrimas.

Certa vez, suas mãos trêmulas não conseguiram segurar nem mesmo a tigela, que caiu no chão, espatifando-se.

A nora brigou muito com ele, mas o avô suspirou e não disse nada. Então ela comprou uma gamela de madeira bem barata e grosseira e ele passou a tomar a sopa na gamela.

Quando estavam todos sentados na sala, o netinho, de quatro anos de idade, juntava pedaços de madeira no chão.

— Que estás fazendo, meu filhinho? — perguntou-lhe o pai.

— Estou fazendo uma gamela — respondeu o menino —, para dar de comer a mamãe e papai quando eu for grande.

Então os pais olharam um para o outro silenciosamente, depois começaram a chorar. Levantaram-se e foram buscar o velho para se sentar à mesa com todos. Daí por diante serviram-no sempre na mesa com eles, nunca mais se importando que deixasse cair sopa na toalha.”

 

 

“— E tu achas que o menino cuidaria dos gansos? — respondeu Henrique. — Hoje em dia, os filhos já não obedecem a ninguém, só fazem o que lhes dá na veneta, porque se julgam mais sabidos do que os pais, justamente como aquele criado que foi procurar a vaca tresmalhada e correu atrás dos melros.”

 

 

“As montanhas não se encontram, mas os homens, bons ou ruins, acabam sempre se encontrando neste mundo.”

 

 

“Os pássaros que muito cantam pela manhã, à tarde são devorados pelo gavião!”

 

 

“Quem abre uma cova para outro, sempre acaba caindo nela.”

 

 

“Só malandros prometem o que não podem cumprir.”

 

 

O camponesinho no céu

Era uma vez um pobre camponês, muito bondoso que ficou gravemente doente e morreu. Ele então foi para o Céu.

Na mesma época, morreu também um nobre muito rico que por sua vez também foi para o Céu.

São Pedro chegou com as chaves, abriu a porta e fez entrar o nobre. Ao que parece, não vira o pobre camponês e tornou a fechar a porta. E do lado de fora o camponês ouvia as grandes comemorações de alegria que se dirigiam ao nobre, acompanhadas com cantos e música.

Por fim, voltou a reinar o silêncio. São Pedro veio abrir a porta e mandou entrar o pobre camponês. Este esperava que à sua entrada também se faria música e cantaria, porém, tudo permaneceu tranquilo.

Foi recebido, sim, com muito agrado, os anjos rodearam-no carinhosamente, mas ninguém cantou.

O camponês, magoado, perguntou a São Pedro a razão por que não cantavam para ele como tinham feito para o nobre, e se no céu reinava a injustiça como na terra.

Então São Pedro explicou-lhe:

— Não, tu és tão caro para nós como todos os demais, e terá todas as delícias do céu como o nobre. Só que pobres camponeses como tu chegam todos os dias ao paraíso, ao passo que nobre tão rico chega um cada cem anos…”

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