Editora: Frente
ISBN: 8586166200
Tradução: Ronald Fucs
Opinião: ★★★☆☆
Páginas: 160
Sinopse: Em O
melhor livro sobre nada Seinfeld conta tudo sobre: canibais, sorvete,
penteados de papagaio, contorno de cadáveres, decores e sapatos, super-homem,
pedaços grandes de pão, comportamentos básicos em encontros, emergências
sexuais, puxa-puxa, sobrancelhas desiguais, empregadas, mulheres em matadouros,
bolsos no paletó de pijama, macacos no espaço, cabelo na manhã seguinte,
relacionamentos mussarela, sanduíches de atum de aeroporto, cartões de
congratulações em branco, sinais para camisinhas, Ginsu 2000, dispositivos de
segurança para casamentos, sala de esperam todos os biscoitos, bonecos tarados
de ventríloquo, roupas de banho do papai, moda futurista, sexo paterno,
tornozelos brancos, passeios de pônei, educação física, escotismo, comida de
avião, sobras de sabonete.
“Deve ser frustrante trabalhar numa livraria.
Você vê alguém entrar, ficar duas horas por ali e sair com nada. Dá vontade de
explodir, dar um safanão no cliente quando ele estiver saindo e dizer: “Então
você acha que sabe tudo? Não há nada que você precise aqui? Deve haver alguma
coisa em que você esteja pelo menos interessado. Por que você veio para cá? Nós
não precisamos de você!”
De certa forma, é isso que uma livraria é.
Uma loja “mais esperta do que você”. E é por isso que as pessoas ficam
intimidadas. Porque para entrar numa livraria, você precisa admitir que há algo
que você não sabe.
E o pior é que você nem sabe o que é. Você
entra e tem de perguntar às pessoas: “Onde está isso? Onde está aquilo? Eu não
só não tenho conhecimento como nem sei onde conseguir." Portanto, é só
entrar numa livraria e você está admitindo para o mundo que você não é muito
sabido. Coisa impressionante.”
“É isso aí. Desisto. Não sei mesmo o que as
mulheres estão pensando. Já falei com elas, estudei-as, pedi a elas que me estudassem.
E tenho de admitir que voltei à estaca zero.
Não que eu me queixe da estaca zero. É a
única estaca que tem um número, pelo menos você sabe qual é a sua posição. Não
tem isso de alguém se dar mal e voltar para a estaca sete.”
“Um encontro é pressão e tensão. Afinal, o
que é mesmo um encontro, senão uma entrevista de emprego que dura a noite toda?
Talvez precisemos de algum ritual
pré-encontro. Talvez o primeiro encontro seria numa daquelas salas em que você
visita prisioneiros. Tem aquele vidro entre os dois. Vocês falam por aqueles
telefones. A gente pode ver como isso funciona antes de tentar um encontro de
verdade. Desta forma, a única tensão sexual é decidir se você deve botar a mão
no vidro ou não. E se em algum momento você se sentir desconfortável, é só
acenar para o guarda e ele leva a outra pessoa para fora.
O encontro, na época atual, é um grande
aperfeiçoamento em relação às antigas civilizações. Nas antigas culturas
tribais, eles sacrificariam uma virgem. É verdade. Eles achavam que iam
conseguir alguma coisa dessa maneira. Pegavam uma garota que nunca tinha saído
com ninguém e jogavam num vulcão. Esse é um primeiro encontro que ela nunca
esqueceria.”
“É comum que os piores encontros sejam o
resultado de armações. Por que nós armamos encontros para as pessoas? Porque
achamos que elas vão gostar? Quem somos nós? Estamos brincando de Deus?
Aliás, Deus foi mesmo o primeiro a armar um
encontro para outras. Armou para Adão e Eva. Estou certo de que ele disse para
Adão: “Não, ela é legal, muito descontraída... usa pouca roupa. Estava saindo
com uma cobra, mas acho que os dois romperam”.”
“O que você pode fazer ao acabar um encontro,
se sabe que nunca mais vai querer ver aquela pessoa, em toda a sua vida? O que
você diz? Não importa o que for, é mentira. “A gente se vê por aí.” Por aí?
Onde é que fica isso? “Se você estiver por aí e eu estiver por aí, então a
gente vai se ver. Você vai estar por aí em algum lugar e eu vou estar por aí em
outro lugar, não vai ser o mesmo por aí”.”
“As mulheres, naturalmente, têm poderes muito
acima dos homens mortais.
Uma mulher deixou, um recado na minha
secretária eletrônica, outro dia, com uma voz sussurrada. Não importa o que a
mulher diz, se é naquela voz sussurrada, é sempre muito atraente. Uma aeromoça
pode se debruçar para mim e sussurrar no meu ouvido: “Quer colocar o cinto?
Vamos dar de cara numa montanha.” E eu responderia: “É mesmo? E o que você vai
fazer depois que sair da fuselagem destroçada? Que tal a gente comer uns
amendoins sentados na caixa preta? Eu trago duas almofadas”.”
“Acho que o conflito básico entre homens e
mulheres, sexualmente, é que os homens são como bombeiros. Para nós, sexo é uma
emergência, e não importa o que estejamos fazendo, ficamos prontos em dois
minutos. Já as mulheres são como o fogo. São muito excitantes, mas só acontecem
quando as condições estão certas.
Homens e mulheres de modo geral, se comportam
como nossos elementos sexuais básicos. Se você observa homens solteiros numa
noite de fim de semana, eles agem como espermatozoides: desorganizados,
esbarrando nos amigos, nadando na direção errada.
“Cheguei primeiro.”
“Deixa eu passar.”
“Você está pisando no meu rabo.”
“Isso aí é meu.”
Somos Três Bilhões de Patetas.
Mas o óvulo é tranquilão: “Então, quem vai ser?
Eu posso me dividir. Posso esperar um mês. Não estou nadando para parte
alguma”.”
“A nudez é coisa séria para os homens.
Vivemos para isso. Seja o que for que você não quer nos mostrar, é isso que
queremos ver.”
“Quando você começa a sair com alguém, é a
mesma coisa que dirigir um carro novo pela primeira vez na sua vida, sem nada
escrito nos controles. De repente, o limpador de para-brisa começa a funcionar,
o carro morre... E o pior é que às vezes encontramos gente sem direção
hidráulica, sem freios, precisando de amortecedor novo, com os faróis tortos, a
mala cheia demais, o capo não fecha direito, sem gasolina. É por isso que as
pessoas, quando se casam, escolhem o transporte mais simples. É fácil,
confiável e te leva para onde você quer ir. Isso é que é importante numa viagem
longa.
Qual é o problema? Por que se comprometer é
um problemão grande para o homem? Acho que, por algum motivo, quando um homem está
viajando na autoestrada do amor, a mulher com quem ele está envolvido é como
uma saída, mas ele não quer ir para lá. Ele quer continuar na estrada. Já a
mulher é assim: “Olha, gasolina, comida, alojamentos, esta é a nossa saída, tem
tudo que você precisa para ser feliz... Saia já, agora!” Mas o homem está concentrado
no sinal mais embaixo que diz: “Próxima saída, 45 quilômetros”, e pensa: “Dá
para ir até lá.” Às vezes dá, às vezes não dá. Às vezes, o carro acaba no
acostamento, com o capô levantado e fumaça saindo do motor. E ele, sentado no
meio-fio, sozinho: “Acho que era mais longe do que eu pensei”.”
“A cerimônia de casamento é uma coisa linda.
O juramento, as roupas. Acho que a ideia daquele terno alinhado é o ponto de
vista da mulher, de que se “os homens são todos iguais, por que não vesti-los
assim?”
Por isso é que, para mim, um casamento é a
união de uma noiva linda, exuberante, e um cara lá. O terno é um dispositivo de
segurança, criado pelas mulheres, porque elas sabem que não dá para confiar num
homem. Portanto, caso o noivo caia fora, basta pegar um outro cara qualquer e
pronto.
É por isso que o juramento não é “Você aceita
Valdemar de Oliveira...” e sim “Você aceita este homem...””
“Tenho um amigo que vai se casar. A despedida
de solteiro e o chá de panela vão ser no mesmo dia. É possível que, enquanto as
amigas da noiva estão dando a ela uma lingerie sexy, o noivo esteja num show de
strip-tease vendo uma mulher vestindo exatamente a mesma lingerie. Acho que
para os dois vai ser um momento muito especial.”
“Para mim, a diferença entre ser solteiro e
casado é a forma de governo. Quando você é solteiro, você é o ditador de sua
própria vida. Você tem poder total. Quando eu dou a ordem para pegar no sono no
sofá com a TV ligada, no meio da tarde, ninguém vai me desobedecer! Quando você
é casado, você faz parte de um grande órgão tomador de decisões. Antes de fazer
qualquer coisa é preciso haver reuniões, a situação tem de ser estudada por
comitês.
E é por isso que os casamentos funcionam.
Acho que é por isso que os divórcios são tão dolorosos. Você recebeu o impeachment
e nem era o presidente.”
“Não há maneira fácil de acabar um
relacionamento. É como a muçarela numa boa fatia de pizza. Por mais que você
puxe a fatia para longe da sua boca, ela vai ficando mais fina e mais comprida,
mas nunca arrebenta.
Uma forma de acabar um relacionamento é o
adultério. Adultério é uma coisa braba. Não se faz simplesmente um adultério, comete-se
um adultério.”
“Fumar é, certamente, uma das mais antigas e
estúpidas idiossincrasias humanas.”
“Adoro fazer exercício, mas não posso deixar
de rir disso. Você vai à academia, vê aquela gente toda se exercitando,
entrando em forma. Mas ninguém vai ficar em forma para fazer alguma coisa. Na
sociedade moderna, você não precisa ser fisicamente forte para fazer coisa
nenhuma. O único motivo para eles ficarem em forma é conseguir fazer todo
aquele exercício. Então a gente malha para ficar em forma para quando for a
hora de malhar. Isso é comédia.
Outra coisa que eu não entendo a respeito de
malhar é por que somos tão cuidadosos ao guardar nossas toalhas sujas, shorts
imundos e tênis fedorentos. Qual será o valor de mercado dessas mercadorias
repelentes?
Entrego o meu carro a qualquer cara em frente
a um restaurante porque ele tem um paletó vermelho — “Deve ser o manobrista.”
Nem penso duas vezes. Mas para aquelas roupas hediondas, putrefatas da
academia, arranjo um desses cadeados que pode levar um tiro e não abre. Aquela
coisa está segura.”
“Eu já tive um casaco de couro que se
estragou na chuva. Mas como é que a água pode estragar o couro? As vacas não
ficam lá fora quase o tempo todo?
Será que quando está chovendo as vacas correm
para a casa da fazenda: “Deixa a gente entrar! Estamos todas usando couro! Abra
a porta! Vamos estragar nossa roupa!” É couro? “Eu sou couro! Tudo isso é
couro! Não posso botar para lavar, é tudo que eu tenho!””
“O que eu acho maravilhoso a respeito de
homens e mulheres é como nós temos interesse por essas pessoas com quem não
temos nada em comum. Os homens estão obcecados com decotes, as mulheres com
sapatos. E sempre a mesma obsessão. Não interessa quantas vezes tenhamos visto
essas coisas, toda vez que elas aparecem, temos de olhar. Não podemos não
olhar.”
“O lado ruim dos recados é que geralmente
eles significam que alguém quer alguma coisa de você.
Há dois tipos de favor: o grande favor e o
pequeno favor. Você pode medir o tamanho do favor pela pausa que a pessoa faz,
depois que diz: “Você pode me fazer um favor?”
Favor pequeno, pausa pequena. “Me faz um
favor, passa aquele lápis.” Esse nem tem pausa. Já os favores grandes... “Você
pode me fazer um favor?” Oito segundos se passam e nada. “Posso, o quê?”
“Bem...” Quanto mais tempo ele demora para dizer, mais vai doer.”
“Há toda uma indústria de maus presentes.
Nada se compara com o peso para papel em
matéria de mau presente. Para mim, não há maneira melhor do que um peso para
papel para se dizer a alguém: “Recusei-me a fazer o menor esforço para comprar
um presente.” E onde é que essa gente está trabalhando que o vento leva todos
os papéis das mesas deles? A escrivaninha está em cima de algum caminhão na
autoestrada ou coisa parecida? Eles estão datilografando alguma coisa naquela
torre no mastro principal de um navio? Para que eles precisam de um peso para
papel? De onde vem tanto vento?
Alguém me deu um rádio para o chuveiro. Muito
obrigado. Será que eu quero mesmo música no chuveiro? Acho que não há melhor
lugar para dançar do que um chuveiro com o chão escorregadio, junto de uma
porta de vidro.”
“A vaga para deficientes é a miragem no
deserto do estacionamento. Você conhece esta sensação. Você vê a vaga de longe,
lá está ela. É difícil de acreditar nos próprios olhos. “É bom demais para ser
verdade. Uma vaga grande, larga, junto da entrada. Por algum motivo ninguém
reparou nela.” E quando você vai estacionando — epa, não tem vaga nenhuma.
Nada. Foi como uma alucinação. “Ei, eu pensei que tinha uma vaga aqui... Não
sei o que aconteceu...””
“Outro dia, eu passei por uma ambulância e
reparei que eles escrevem a palavra ao contrário na frente. Que coisa
inteligente! A gente olha no retrovisor e vê a palavra ambulância. É claro que,
enquanto a gente lê, a gente não pode ver para onde está indo e bate num poste,
e aí precisa mesmo de uma ambulância. Acho que eles estão só querendo arranjar
alguns clientes enquanto voltam do almoço.”
“Você acha que as pessoas que administram as
lojas no aeroporto fazem ideia de quais sejam os preços em qualquer outra parte
do mundo? Ou será que eles têm seu próprio país ali e por isso podem cobrar o
que quiserem?
“Está com um pouco de fome? Quer um sanduíche
de atum? São 28 dólares. Se não gostar, pode voltar para seu país”.
Acho que todo esse complexo
aeroporto/companhias aéreas é um golpe para vender os sanduíches de atum. Na
minha opinião, o que sustenta toda a indústria de viagens aéreas é o lucro com
o atum. Os aviões poderiam voar vazios, e mesmo assim, eles fariam dinheiro. Os
terminais, os aviões, o estacionamento, as lojas de presentes, tudo isso é só
para te distrair, para você não notar que estão te roubando no atum.”
“Pode-se medir a distância pelo tempo. “A que
distância fica aquele lugar?” “A uns 20 minutos.” Mas não funciona ao
contrário. “Quando é que você sai do escritório?” “Por volta de três
quilômetros.”
“Outro dia, eu estava num avião e fiquei
pensando: “Esse avião tem chave? Eles precisam de uma chave para dar a partida
no motor?”
Estou no avião, partimos com atraso e o
piloto diz: “Vamos tentar ganhar algum tempo para compensar.” Aí, eu penso:
“Interessante. Eles compensam o atraso. Como? Fazem tempo.” É por isso que a
gente tem de acertar o relógio quando aterrissa.
É claro, quando eles dizem que vão ganhar
tempo, estão só aumentando a velocidade do avião. O que eu quero saber é: se
eles podem ir mais rápido, por que não vão sempre o mais rápido possível?
“Vamos lá, pessoal, não tem guarda de trânsito aqui em cima! Pé na tábua!”
Eu adoro aqueles banheirinhos de avião. É
como o seu próprio apartamentozinho no avião. Você entra, fecha a porta, a luz
se acende sozinha. É como uma festinha-surpresa toda vez que você entra.
E adoro o cartaz no banheiro. “Como cortesia
para o próximo passageiro, por favor, limpe o assento com a toalha de papel”.
Bom, sejamos corteses de verdade. Desculpe, mas esqueci de trazer minha escova
de limpar o vaso. Quando foi que começou essa Irmandade de Passageiros? “Você
perdeu sua bagagem? Leve a minha. Somos todos passageiros. Por falar nisso, o
banheiro ficou bem limpinho para você? Eu não achei o desinfetante, senão
deixaria o vaso brilhando.”
Tudo nos aviões é pequenininho. É sempre
comida pequenininha, garrafinhas de licor pequenininhas, travesseiros pequenininhos,
banheiro pequenininho, pia pequenininha, sabonete pequenininho. Todo mundo fica
numa poltrona apertada, trabalhando num computador pequenininho. Há sempre “um
pequeno problema, vai haver um pequeno atraso, chegaremos um pouquinho
atrasados, por favor, tenham um pouquinho de paciência. Estamos tentando
arranjar um desses caminhõezinhos, para nos puxar um pouquinho mais perto
daquela minhoquinha fininha. Ali estará um funcionário com uma jaquetinha
vermelha que lhes dirá que vocês têm muito pouquinho tempo para fazer sua
conexão. Portanto, mexam-se!”
“As pessoas gostam de recomendar seu médico
aos outros. Não sei o que elas ganham com isso, mas ficam mesmo pressionando.
“Ele é bom?”
“É o melhor de todos. É o melhor.”
Não pode haver tantos melhores. Alguém se
formou com as piores notas da turma. Onde é que ele está? Alguém deve estar
dizendo para um amigo: “Você devia ver o meu médico, ele é o pior. É
absolutamente o pior que existe. Não importa o que você tenha, depois de vê-lo,
vai piorar. O cara é um perfeito açougueiro.”
E sempre que um amigo se refere a um médico,
diz: “Não se esqueça de dizer que você me conhece.” Por quê? Qual é a
diferença? O cara é um médico!
“Ah, você conhece o António Carlos? Ah, está bem,
nesse caso vou te dar um remédio de verdade. Para os outros eu estou dando
pastilhas de hortelã”.”
“Como é que a gente pode deixar de pensar
sobre a prisão? Toda noite, na televisão, tem gente indo para lá. E sempre que
estão levando algum terrorista, psicopata, serial killer, a gente repara
que ele está cobrindo o rosto com um jornal, um paletó, um chapéu.
O que tem de tão importante na reputação de
um homem, para ele se preocupar com esse tipo de coisa? Será que ele está a
ponto de receber uma boa promoção no emprego? Está com medo de que o chefe veja
isso na televisão e diga: “Ei, esse não é o Eribaldo, do departamento de
vendas? Ele estava lá em cima daquela torre atirando nas pessoas. Acho que não
é o homem certo para chefiar aquela nova seção. Acho que ele ficaria melhor na
cobrança”.”
“Para mim, a pior coisa da televisão é que
todo mundo que você vê na tela está fazendo alguma coisa melhor do que você.
Você nunca vê ninguém na televisão esparramado no sofá com farelo de batata
frita na camisa.
Algumas pessoas se divertem demais na
televisão. Esse pessoal dos anúncios de refrigerantes — onde é que eles
arranjam tanto entusiasmo? Você já viu? “Temos refrigerante, temos
refrigerante, temos refrigerante!” Pulando, rindo, se atirando no ar. É só uma
lata de refrigerante!
Você já ficou ali sentado, olhando a TV, e
repara que está bebendo o mesmo refrigerante que estão anunciando? E eles estão
jogando vôlei, andando de jet-ski, com as garotas de biquíni. Você sentado ali,
pensando: “Vai ver que estou botando gelo demais. Não consigo nada”.”
“Coisa detestável na TV é aquele “continua”.
É horrível quando você percebe que vem um “continua” por aí. Você está vendo o
programa, acompanhando a história, então só faltam uns cinco minutos e você
percebe: “Ei, eles não vão conseguir. O garoto ainda está preso na caverna. Não
tem como eles resolverem tudo em cinco minutos.” Ora, você só assiste a um
filme na televisão porque ele acaba. Se eu quiser uma história comprida, chata,
sem fim, eu já tenho a minha vida.”
“Há muitas coisas que você pode mostrar como
prova de que os seres humanos não são inteligentes. Mas a minha prova favorita
é que nós precisamos inventar o capacete. Pelo visto, o que estava acontecendo
é que estávamos praticando numa porção de atividades que estavam quebrando as
nossas cabeças. Decidimos não parar de fazer essas atividades e inventar um
negócio para que pudéssemos continuar a gozar do nosso estilo de vida
racha-crânios. O capacete. E nem isso funcionou, porque nem todo mundo usava o capacete,
de modo que tivemos de inventar a lei do capacete obrigatório. O que é uma
coisa ainda mais besta, porque é uma lei que visa proteger um cérebro cujo
juízo é tão torto que nem tenta evitar que a cabeça onde ele está instalado se
rache ao meio.”
“Os estudos mostram que o maior medo das
pessoas é falar em público. O número dois é a morte. A morte é número dois?
Isso não parece lógico. Quer dizer, se um cara vai a um enterro, ele prefere
estar dentro do caixão do que fazer a oração fúnebre?”
“O que eu não entendo a respeito dos caras
que se suicidam é que tem uns que tentam se matar, mas não conseguem, e pronto.
Param de tentar. Por que não continuam tentando? O que foi que mudou? A vida
deles melhorou agora? Não. Na verdade, piorou, porque agora tem mais uma coisa
em que eles são uma merda. Acho que é por isso que eles não têm sucesso na
vida. Desistem rápido demais.
Quer dizer, os comprimidos não deram certo?
Tente se enforcar. O carro não quer pegar na garagem? Arranje um revólver. Nada
é mais recompensador do que você alcançar a meta que você fixou para si.”
“Gente com fome faz coisas incríveis. Basta
pensar no canibalismo. “Isso é gostoso. Quem é? Gostei dessa pessoa”.”
“No meu quarteirão, uma porção de gente leva
seus cachorros para passear, e sempre andam com aqueles saquinhos de plástico
para cocô. Para mim, essa é a atividade mais baixa do ser humano. Andar atrás
de um cachorro com um saquinho para pegar coco. Esperando que ele faça cocô
para você pegar e ficar andando com um saquinho cheio de cocô. Se houver
alienígenas observando a Terra com telescópios, eles vão pensar que os
cachorros são os líderes do planeta. Se você vê duas formas de vida, uma faz
cocô e a outra carrega o cocô, quem é que você pensaria que está por cima?
É o que eu digo. Se depois de 50 mil anos de
civilização chegamos a este ponto, é melhor desistir. Estou falando sério,
vamos cair fora. Não vale a pena. Digamos que a raça humana é uma ideia que não
deu certo. De início parecia boa, a gente ficou se esforçando um tempo, mas
acabou não funcionando. Fomos até a lua, mas acabamos carregando saquinhos com
cocô de cachorro. Em alguma hora as coisas deram errado. Vamos dar a vez agora
aos insetos, ou quem for o próximo na fila.”
“Todos os escoteiros são sempre amigos, não
importa o que sejam quando crescem. Se você usou aquela roupinha, nunca
esquece. Lembro bem: calças azuis, camisa azul, amarelo, aquela fivela enorme
de metal para prender o lenço no pescoço. Aí, eu saía, apanhava dos outros
garotos, voltava para casa e botava a roupa normal. Não dava para ir para a
escola vestido daquele jeito. Por isso é que a gente vivia em grupos: para
sobreviver. É por isso também que a gente acampava no mato. Se a gente se
vestisse normalmente, ia se hospedar num hotel como todo mundo. Mas vestido
daquele jeito, você prefere se esconder no mato.”
“Todos os escoteiros são sempre amigos, não
importa o que sejam quando crescem. Se você usou aquela roupinha, nunca esquece.
Lembro bem: calças azuis, camisa azul, amarelo, aquela fivela enorme de metal
para prender o lenço no pescoço. Aí, eu saía, apanhava dos outros garotos,
voltava para casa e botava a roupa normal. Não dava para ir para a escola
vestido daquele jeito. Por isso é que a gente vivia em grupos: para sobreviver.
É por isso também que a gente acampava no mato. Se a gente se vestisse
normalmente, ia se hospedar num hotel como todo mundo. Mas vestido daquele
jeito, você prefere se esconder no mato.”
Interessante, mas nem tão engraçado.
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