Editora: Artes & Ofícios
ISBN: 978-85-7421-103-9
Opinião: ★★★☆☆
Páginas: 328
Sinopse: As
Melhores Histórias da Mitologia Nórdica reúne num único volume as
principais lendas relativas à mitologia dos povos que habitaram nos tempos
pré-cristãos os atuais países escandinavos (Noruega Suécia e Dinamarca) além da
gélida Islândia. Este conjunto de mitos também teve especial desenvolvimento na
Alemanha que foi a grande divulgadora da cultura dos nórdicos. Com a expansão
das navegações vikings esta difusão alcançou os povos de língua inglesa e
deixou sua marca na própria denominação dos dias da semana destes países
(Thursday por exemplo é o “dia de Thor” e Friday “dia de Freya”.)
Fonte de inspiração para as mais variadas áreas a
mitologia nórdica influenciou uma legião de artistas na criação de suas
próprias obras tal como o escritor inglês J.
R. R. Tolkien e o argentino Jorge Luís Borges. Também o compositor alemão
Richard Wagner utilizou as lendas vikings para compor a famosa tetralogia
operística O Anel dos Nibelungos que apresentamos sob a forma romanceada
de uma pequena novela na segunda parte deste volume. Nestas histórias não
faltam ação romance e até a presença de uma insuspeita veia cômica já que a
maioria dos personagens transitam pelo grotesco numa profusão de anões gigantes
e elfos. Eis aqui uma das principais “raízes” das modernas sagas de RPG.
“Se Lóki era imprevidente a ponto de se meter
a todo instante em enrascadas, não era menos hábil em se safar destas mesmas situações.”
“Vamos comer, que o resto é sofrer.”
“É sabido, que os ciúmes dos amantes, não raro,
excedem aos dos próprios maridos.”
“Sif era a encantadora esposa de Thor, embora
este não fosse o seu primeiro marido; antes, ela já fora casada com um gigante anônimo,
cujo nome se perdeu na noite dos tempos. Sif era dona de muitos encantos, mas, de
todos eles, nenhum impressionava mais do que a sua dourada cabeleira. De fato, descendo
do alto como uma ondulante cascata de ouro, os fios resplandecentes percorriam os
vales, montanhas e planícies do seu corpo inteiro até alcançar-lhe os pés num desaguar
majestoso.
Certa manhã, entretanto, a deusa acordou, sentindo
uma ausência inquietante em sua cabeça. Suas próprias ideias pareciam ter se evaporado,
pois não conseguia perceber o que a afligia. Então, após ter-se erguido, levou,
instintivamente, as mãos à sua cabeleira para jogá-la para trás. Mas seus dedos
encontraram apenas o vazio, deslizando por uma superfície inteiramente lisa, sensação
inédita que ela não soube interpretar direito.
– Mas, o que é isto? – disse, horrorizada, ao
tomar rapidamente um espelho.
– Oh, não!... Onde estão os meus lindos cabelos?!
Um grito de terror atroou o palácio de Thor, que,
até então, não havia percebido nada, uma vez que ainda dormia profundamente. Acordado,
entretanto, pelo grito da esposa, abriu os olhos e se deparou com uma estranha dentro
do seu próprio quarto.
– Quem é você, bruxa careca? – disse ele, como
se ainda estivesse imerso em seus pesadelos. – Desapareça já da minha frente!...
Thor já ia dar um tremendo murro naquela diaba
calva, quando percebeu que se tratava de sua pobre esposa.”
“Não adiantava Frigga retorquir que Geirrod era
um patife e que adquirira sua posição à custa de um odioso crime: ela bem sabia
que um passado vil se dilui, facilmente, diante de um presente magnífico.”
“Odin e Loki estavam passeando, certa feita, por
uma inóspita região. O primeiro adorava vagar por toda a parte, muitas vezes, recorrendo
ao disfarce de andarilho, e, se devia a algo o fato de ser considerado o mais sábio
dos deuses, era, justamente, à sua inesgotável curiosidade.
– A curiosidade é o que diferencia o homem superior
do medíocre – dizia ele a Loki, tentando instruí-lo. – Na verdade, há apenas duas
classes de homens: os despertos e os adormecidos; os primeiros são aqueles que já
acordaram do sono bruto da indiferença, no qual os outros ainda estão miseravelmente
imersos. Um sono imbecilizante, que os faz crer que a vida se resume à meia dúzia
de funções orgânicas, exceto a mais nobre: a de usar os seus próprios cérebros para
criar algo de belo, que os torne felizes como um deus. E isto – arrematou Odin –
somente alguém dotado de curiosidade pode fazer, ou seja, alguém desperto.
Loki, que ainda estava na classe intermediária
dos sonâmbulos, começou a sentir um sono que ameaçava transportá-lo de volta ao
reino dos adormecidos. Mas, foi salvo pela fome – a madrasta comum de todos –, que
o obrigou a interromper a prédica de Odin.
– Tudo isto é muito bonito, mas estou com uma
fome dos diabos – disse ele, que já estava tomando uma coloração esverdeada.”
“Todas as valquírias sabem da grave missão que
hoje pesa sobre Brunhilde e da qual somente ela, a predileta de Wotan (Odin), poderia
ter sido encarregada. Mas, embora conscientes desta predileção, nenhuma delas chega
a devotar a Brunhilde qualquer sentimento de inveja ou de animosidade. Na verdade,
elas preferem manter-se assim, à parte, livres da influência altiva e dominadora
do pai, pois sabem que, se por um lado, ele dedica a Brunhilde a parte maior da
sua atenção – e de sua afeição –, também não é menos verdade, que lhe dedica a parte
pior deste afeto: o sentimento de posse e domínio, um sentimento capaz de arruinar
qualquer relacionamento pessoal ou divino.”
“Refúgios, contudo, dependendo das circunstâncias,
podem chegar a ser até locais amenos e aprazíveis, observadas as condições, é claro,
da ausência do perseguidor e a possibilidade remota de que este venha a descobri-los.
Depende também da ferocidade daquele que nos persegue; se for algo realmente terrível
que está em nosso encalço, então, uma simples, mas segura toca, nos haverá sempre
de parecer um local de idílio. Um canto mais ou menos confortável para dormir; três
ou quatro utensílios para se haver com o manejo da natureza e uma certeza, minimamente
razoável, de segurança podem ser o bastante para tornar uma existência até apetecível
ou, quando menos, suportável, nestes lares improvisados.”
“O anão, entretanto – e é bem triste ter que fazer
tal revelação –, como todo ser que um dia se viu oprimido, guardara em si algo do
opressor.”
“– E o que é a prudência, rapazinho, senão uma
forma mitigada do medo? Sim, não passa de um medo suavizado, mas sempre o bom e
velho medo! Um homem que ignora o medo, desconhece a sensação mais intensa e frenética
que uma alma pode sentir; sem ele, uma aventura, por mais prosaica que seja, não
terá jamais sabor nem valor algum! (...) O medo, meu jovem, é como um tempero, uma
sensação que nos impele para trás e para diante, ao mesmo tempo; um vacilar frenético
das entranhas e um desejo ainda maior de dar outro passo – só mais um – (oh! e quanto
nos custa, então!) –, mesmo que ele signifique a nossa própria a ruína, a nossa
própria destruição, a nossa própria morte!
– Para que poluir a coragem com este sentimento
baixo? Não, anão, tenho a certeza que, no dia em que for apresentado a este sentimento,
terei perdido aquele que é o apanágio de toda alma verdadeiramente livre e nobre:
o total destemor!
– Destemor!... Coragem!... Não, você nem sequer
pode saber direito o que seja o destemor e a coragem, pois como poderá conhecê-los
sem antes ter conhecido o medo? Como pode conhecer o amor, sem antes ter conhecido
o ódio? O dia, quem nunca esteve nas trevas? Conhece, então, o verdadeiro prazer,
aquele que nunca sentiu em sua carne o punhal aguçado da dor?”
“Quem ignora que é no seio das famílias que os
rancores e as disputas brotam com maior facilidade?”
“– Com mulheres, parece que é assim que as coisas
funcionam: se com sorrisos, não lhes fazemos as vontades, elas passam logo às carrancas;
e se mesmo estas não produzem o resultado almejado, descem logo aos impropérios!”
Parabéns pelo Blog!
ResponderExcluirE p quem tem, como eu tive, a curiosidade de conhecer a autora destas diversas mitolgias: CHINESA, GRECO-ROMANA, NÓRDICA, HINDU, JAPONESA, CHINESA, EGIPCIA, AFRICANA, ETC, ETC, e.BEOWULF, GILGAMESH, AKHENATON E NEFERTITI, FÚRIA NÓRDICA, etc, confira a entrevista, no video abx:
https://www.youtube.com/watch?v=x_5J-A5sNT0