Editora: Cosac Naify
ISBN: 978-85-7503-400-2
Tradução: Leonardo Fróes
Opinião: ★☆☆☆☆
Páginas: 472
Sinopse: Reunindo pela primeira vez os contos
completos de Virginia Woolf, o que inclui o inédito no Brasil “Um diálogo no
monte Pentélico”, e com uma nova tradução, pelo poeta Leonardo Fróes, este
volume se destaca por trazer à tona a rica tessitura literária de uma das
maiores autoras inglesas do século XX (1882-1941). Sendo escritora modernista
por excelência, Virginia reinventa a narrativa de forma a quase sempre fugir da
descrição de uma ação linear.
As falas, os pensamentos e as ações de seus personagens são reembaralhados, e distribuídos de forma original, muitas vezes imbricados às reflexões da narradora. Como no conto “Kew Gardens”, por exemplo, no qual não há sequer uma ação propriamente dita, todo ele se passando durante uma caminhada pelos jardins públicos, preenchida por reflexões e por um olhar desviante desprezados pela narrativa tradicional, como o simples andar de um caramujo pelo chão.
“A madrugada,
mesmo quando há melancolia e faz frio, nunca deixa de me varar pelos membros,
como se me atirasse flechas de um gelo penetrante e rútilo. Descerro as grossas
cortinas e busco o primeiro brilho do céu, que mostra que a vida está a
irromper. Rosto colado na vidraça, gosto de imaginar que me comprimo o quanto
posso contra a muralha espessa do tempo, que sempre se alteia e estira para
permitir que outros espaços da vida venham de encontro a nós. Que a mim pois
seja dado saborear o momento, antes que ele se propague pelo restante do mundo!
Que eu saboreie o que existe de mais viçoso e mais novo! De minha janela, olho
para o cemitério da Igreja, onde estão enterrados tantos dos meus ancestrais, e
em minha oração me compadeço desses pobres mortais que eternamente se debatem
nas águas recorrentes de outrora; pois que é nos círculos e redemoinhos
perpétuos de um lívido caudal que os vejo. E que assim possamos nós, nós que
temos o presente por dádiva, dar-lhe uso e desfrutá-lo: isso é parte, confesso,
da minha prece matinal.”
“Minha mãe me diz
que a verdade é sempre o que há de melhor.”
“A vida impõe suas
leis, a vida barra a passagem; a vida é um tirano.”
“Os livros são em
sua maior parte indescritivelmente ruins.”
Quanto ao último trecho citado, posso dizer que ao menos este livro não foge a regra ditada pela autora.
ResponderExcluire o que vc achou ruim nele?
ResponderExcluirO início, o meio e o fim.
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