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segunda-feira, 16 de junho de 2014

A Torre Negra: Lobos de Calla, de Stephen King

Editora: Suma de Letras

ISBN: 978–85–81050–25–6

Tradução: Mário Molina

Opinião: ★★★★☆

Páginas: 744

Sinopse: Depois de escapar das perigosas entranhas de Blaine, o monotrilho desgovernado, e das garras do vingativo feiticeiro Randall Flagg, Roland e seu Ka-tet retomam o caminho do Feixe de Luz que conduz à Torre Negra, centro de todo tempo e todo espaço.

Nas fronteiras do Mundo Médio, o grupo de pistoleiros é abordado por um assustado grupo de representantes da cidade de Calla Bryn Sturgis. Dali a menos de um mês, Calla será atacada pelos Lobos – cavaleiros mascarados que surgem uma vez a cada geração, para roubar metade das crianças da cidade e devolvê-las semanas depois, física e mentalmente incapacitadas.

Enquanto isso, na Nova York de 1977, a Corporação Sombra planeja atacar o terreno baldio na esquina da Segunda Avenida com a Rua Quarenta e Seis onde floresce uma rosa – na verdade a Rosa, manifestação da Torre Negra no mundo atual.

Como Roland e seus amigos poderão ao mesmo tempo salvar a Rosa e combater os Lobos? Somente com a ajuda do Treze Preto, o mais poderoso dos Globos do Mago, na verdade o próprio olho do Rei Rubro. Mas, para salvar o mundo do caos, os pistoleiros terão de aprender a confiar nesse objeto sinistro e traiçoeiro...

Inspirada no universo imaginário de J.R.R. Tolkien, no poema épico do século XIX Childe Roland a Torre Negra Chegou, e repleta de referências à cultura pop, às lendas arturianas e ao faroeste, A Torre Negra mistura ficção científica, fantasia e terror numa narrativa que forma um verdadeiro mosaico da cultura popular contemporânea.



“Eddie passou no mínimo uma hora contando a Roland a história de João e Maria, transformando a perversa bruxa comedora de crianças em Rhea do Coos quase sem pensar nela. Quando chegou a parte em que ela tentava engordar as crianças, ele se interrompeu e perguntou a Roland: – Conhece esta? Uma versão desta?

– Não – disse Roland –, mas é uma bela história. Conte até o fim, por favor.

Eddie contou, acabando com o exigido E viveram felizes para sempre, e o pistoleiro aquiesceu.

– Ninguém nunca vive feliz para sempre, mas deixamos as crianças aprenderem isso por conta própria, não é?”

 

 

“A mãe de Roland tinha um ditado: O amor tropeça.”

 

 

“– Se – disse Roland. – Um velho mestre meu dizia que esta era a única palavra de mil letras.”

 

 

“Havia um ditado em Gilead: Que o mal espere pelo dia em que deve se abater.”

 

 

“– Os que mantêm conversa consigo mesmos viram triste companhia.”

 

 

“Eddie sorriu e nada disse por mais algum tempo, esperando que Telford mudasse de assunto. Esperando que Telford desse o fora, na verdade. Não existe tal sorte. Os chatos não desgrudam da gente: isto era quase uma lei da natureza.”

 

 

“Acima de pequenas doses, o álcool é uma toxina, e Callahan vinha se envenenando todas as noites. Era o veneno em seu sistema, não o estado do mundo nem o de sua própria alma, que o estava derrubando. Fora isso sempre tão óbvio assim? Depois (em outra reunião dos AA), ele ouvira um sujeito referir-se ao alcoolismo e à dependência como o elefante na sala: como era possível não vê-lo? Callahan não lhe dissera, ainda estava nos primeiros noventa dias de sobriedade àquela altura (“Tire o algodão dos ouvidos e enfie na boca”, aconselhavam os dos velhos tempos, e todos agradecemos), mas podia ter-lhe dito, na verdade, sim. Era possível não ver o elefante se fosse um elefante mágico, se tivesse o poder de toldar as mentes dos homens. De fazer a gente acreditar mesmo que nossos problemas eram espirituais e mentais, mas de modo algum etílicos. Meu Bom Jesus, só a perda do sono REM, relacionada à bebedeira, bastava para nos foder com plena razão, mas de algum modo a gente nunca pensava nisso quando estava ativo. A pinga transformava seu processo mental numa coisa semelhante àquele número circense em que todos os palhaços vêm saltando do carrinho. Quando as revíamos na sobriedade, as coisas que disséramos e fizéramos nos faziam estremecer (“Eu me sentava num bar resolvendo todos os problemas do mundo, depois não conseguia encontrar meu carro no estacionamento”, lembrou um colega na reunião, e todos agradecemos”).”

 

 

“– Eu sei como começa a escalada de volta – disse. – Tinha tomado suficientes drinques de fundo, ido a suficientes reuniões dos AA no East Side, Deus sabe. Portanto, quando me deixaram sair, encontrei os AA em Topeka e passei a ir todo dia. Nunca olhava para a frente, nunca olhava para trás. “O passado é história, o futuro é um mistério”, dizem. Só que desta vez, em vez de me sentar no fundo da sala e não dizer nada, eu me obrigava a ir direto para a frente, e durante as apresentações dizia: “Sou Don C. e não quero beber mais.” Eu queria, sim, todo dia sentia falta, mas nos AA eles têm ditados para tudo, e um deles é: “Finja até conseguir.” E aos pouquinhos eu consegui mesmo. Acordei um dia no outono de 1982 e compreendi que realmente não queria mais beber. A compulsão, como eles dizem, se fora.”

 

 

“– As promessas são feitas para serem quebradas.”

 

 

“– Jack Kennedy não era um homem mau – disse Susannah calmamente. – Jack Kennedy era um homem bom. Um grande homem.

– Talvez. Mas sabe de uma coisa? Eu acho que é preciso ser um grande homem para cometer um grande erro.”

 

 

     “Meu pai e o pai de Cuthbert tinham uma regra entre eles: primeiro chegam os sorrisos, depois, as mentiras. Por último, o tiroteio.”

 

 

“Em Calla Bryn Sturgis (como na maioria dos lugares), os homens em estado de sobriedade não gostavam muito de falar sobre seus corações.”

 

 

“Susannah pôs a mão no quadril dele e virou-o para ela.

– Mas as coisas podem dar errado, por isso eu quero lhe dizer uma coisa enquanto estamos só nós dois, Eddie. Quero dizer o quanto amo você. – Falou simplesmente, sem drama.

– Eu sei que me ama – disse ele –, mas diabos me levem se eu souber por quê.

– Porque você me faz sentir inteira. Quando eu era mais jovem, vacilava entre achar que o amor era esse grande e glorioso mistério e que era apenas uma coisa que um bando de produtores de Hollywood inventou pra vender mais ingressos na Depressão, quando tudo deu errado – Eddie riu.

– Agora acho que todos nós nascemos com um buraco em nossos corações, e andamos por aí à procura da pessoa que possa enchê-lo. Você – Eddie, você o encheu até em cima.”

 

 

“Um amigo do padre Callahan dera-lhe uma blasfema mostra de tapeçaria que o fizera soltar rajadas de risada horrorizada na época, mas que foi parecendo mais verdadeiro e menos blasfemo com o passar dos anos: Deus me conceda a SERENIDADE para aceitar o que não posso mudar, a TENACIDADE para mudar o que posso e a BOA SORTE para não foder tudo com muita frequência.”

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