Editora: Suma de Letras
ISBN: 978–85–81050–25–6
Tradução: Mário Molina
Opinião: ★★★★☆
Páginas: 744
Sinopse: Depois
de escapar das perigosas entranhas de Blaine, o monotrilho desgovernado, e das
garras do vingativo feiticeiro Randall Flagg, Roland e seu Ka-tet retomam o
caminho do Feixe de Luz que conduz à Torre Negra, centro de todo tempo e todo
espaço.
Nas fronteiras do Mundo Médio, o grupo de pistoleiros é
abordado por um assustado grupo de representantes da cidade de Calla Bryn
Sturgis. Dali a menos de um mês, Calla será atacada pelos Lobos – cavaleiros mascarados
que surgem uma vez a cada geração, para roubar metade das crianças da cidade e
devolvê-las semanas depois, física e mentalmente incapacitadas.
Enquanto isso, na Nova York de 1977, a Corporação Sombra
planeja atacar o terreno baldio na esquina da Segunda Avenida com a Rua
Quarenta e Seis onde floresce uma rosa – na verdade a Rosa, manifestação da
Torre Negra no mundo atual.
Como Roland e seus amigos poderão ao mesmo tempo salvar a
Rosa e combater os Lobos? Somente com a ajuda do Treze Preto, o mais poderoso
dos Globos do Mago, na verdade o próprio olho do Rei Rubro. Mas, para salvar o
mundo do caos, os pistoleiros terão de aprender a confiar nesse objeto sinistro
e traiçoeiro...
Inspirada no universo imaginário de J.R.R. Tolkien, no
poema épico do século XIX Childe Roland a Torre Negra Chegou, e repleta
de referências à cultura pop, às lendas arturianas e ao faroeste, A Torre
Negra mistura ficção científica, fantasia e terror numa narrativa que forma
um verdadeiro mosaico da cultura popular contemporânea.
“Eddie passou no mínimo uma hora contando a Roland
a história de João e Maria, transformando a perversa bruxa comedora de crianças
em Rhea do Coos quase sem pensar nela. Quando chegou a parte em que ela tentava
engordar as crianças, ele se interrompeu e perguntou a Roland: – Conhece esta? Uma
versão desta?
– Não – disse Roland –, mas é uma bela história.
Conte até o fim, por favor.
Eddie contou, acabando com o exigido E viveram
felizes para sempre, e o pistoleiro aquiesceu.
– Ninguém nunca vive feliz para sempre,
mas deixamos as crianças aprenderem isso por conta própria, não é?”
“A mãe de Roland tinha um ditado: O amor tropeça.”
“– Se – disse Roland. – Um velho mestre meu dizia
que esta era a única palavra de mil letras.”
“Havia um ditado em Gilead: Que o mal espere pelo
dia em que deve se abater.”
“– Os que mantêm conversa consigo mesmos viram
triste companhia.”
“Eddie sorriu e nada disse por mais algum tempo,
esperando que Telford mudasse de assunto. Esperando que Telford desse o fora, na
verdade. Não existe tal sorte. Os chatos não desgrudam da gente: isto era quase
uma lei da natureza.”
“Acima de pequenas doses, o álcool é uma toxina,
e Callahan vinha se envenenando todas as noites. Era o veneno em seu sistema, não
o estado do mundo nem o de sua própria alma, que o estava derrubando. Fora isso
sempre tão óbvio assim? Depois (em outra reunião dos AA), ele ouvira um sujeito
referir-se ao alcoolismo e à dependência como o elefante na sala: como era possível
não vê-lo? Callahan não lhe dissera, ainda estava nos primeiros noventa dias de
sobriedade àquela altura (“Tire o algodão dos ouvidos e enfie na boca”, aconselhavam
os dos velhos tempos, e todos agradecemos), mas podia ter-lhe dito, na verdade,
sim. Era possível não ver o elefante se fosse um elefante mágico, se tivesse o poder
de toldar as mentes dos homens. De fazer a gente acreditar mesmo que nossos problemas
eram espirituais e mentais, mas de modo algum etílicos. Meu Bom Jesus, só a perda
do sono REM, relacionada à bebedeira, bastava para nos foder com plena razão, mas
de algum modo a gente nunca pensava nisso quando estava ativo. A pinga transformava
seu processo mental numa coisa semelhante àquele número circense em que todos os
palhaços vêm saltando do carrinho. Quando as revíamos na sobriedade, as coisas que
disséramos e fizéramos nos faziam estremecer (“Eu me sentava num bar resolvendo
todos os problemas do mundo, depois não conseguia encontrar meu carro no estacionamento”,
lembrou um colega na reunião, e todos agradecemos”).”
“– Eu sei como começa a escalada de volta – disse.
– Tinha tomado suficientes drinques de fundo, ido a suficientes reuniões dos AA
no East Side, Deus sabe. Portanto, quando me deixaram sair, encontrei os AA em Topeka
e passei a ir todo dia. Nunca olhava para a frente, nunca olhava para trás. “O passado
é história, o futuro é um mistério”, dizem. Só que desta vez, em vez de me sentar
no fundo da sala e não dizer nada, eu me obrigava a ir direto para a frente, e durante
as apresentações dizia: “Sou Don C. e não quero beber mais.” Eu queria, sim, todo
dia sentia falta, mas nos AA eles têm ditados para tudo, e um deles é: “Finja até
conseguir.” E aos pouquinhos eu consegui mesmo. Acordei um dia no outono de 1982
e compreendi que realmente não queria mais beber. A compulsão, como eles dizem,
se fora.”
“– As promessas são feitas para serem quebradas.”
“– Jack Kennedy não era um homem mau – disse Susannah
calmamente. – Jack Kennedy era um homem bom. Um grande homem.
– Talvez. Mas sabe de uma coisa? Eu acho que é
preciso ser um grande homem para cometer um grande erro.”
“Meu
pai e o pai de Cuthbert tinham uma regra entre eles: primeiro chegam os sorrisos,
depois, as mentiras. Por último, o tiroteio.”
“Em Calla Bryn Sturgis (como na maioria dos lugares),
os homens em estado de sobriedade não gostavam muito de falar sobre seus corações.”
“Susannah pôs a mão no quadril dele e virou-o
para ela.
– Mas as coisas podem dar errado, por isso eu
quero lhe dizer uma coisa enquanto estamos só nós dois, Eddie. Quero dizer o quanto
amo você. – Falou simplesmente, sem drama.
– Eu sei que me ama – disse ele –, mas diabos
me levem se eu souber por quê.
– Porque você me faz sentir inteira. Quando eu
era mais jovem, vacilava entre achar que o amor era esse grande e glorioso mistério
e que era apenas uma coisa que um bando de produtores de Hollywood inventou pra
vender mais ingressos na Depressão, quando tudo deu errado – Eddie riu.
– Agora acho que todos nós nascemos com um buraco
em nossos corações, e andamos por aí à procura da pessoa que possa enchê-lo. Você
– Eddie, você o encheu até em cima.”
“Um amigo do padre Callahan dera-lhe uma blasfema
mostra de tapeçaria que o fizera soltar rajadas de risada horrorizada na época,
mas que foi parecendo mais verdadeiro e menos blasfemo com o passar dos anos: Deus
me conceda a SERENIDADE para aceitar o que não posso mudar, a TENACIDADE para mudar
o que posso e a BOA SORTE para não foder tudo com muita frequência.”
Gostei do trecho: “– As promessas são feitas para serem quebradas.”
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