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quinta-feira, 24 de maio de 2012

A Comédia Trágica ou a Tragédia Cômica de Mr. Punch, de Neil Gaiman e Dave McKean

Editora: Conrad

ISBN: 978-85-7616-493-7

Tradução: Ludimila Hasimoto

Opinião: ★★☆☆☆

Páginas: 104

Sinopse: Em Portsmouth, cinzenta cidade do litoral da Inglaterra, um garoto passa uma temporada inesquecível na casa dos avós.

Um período de amadurecimento e descobertas, reveladas por personagens insólitos: seu tio-avô Morton, marcado desde a infância por uma deficiência física; uma misteriosa mulher, que ganha a vida interpretando uma sereia, e Swatchell, um artista com um passado obscuro.

À medida que as histórias desses personagens se entrelaçam e se desdobram, o garoto é forçado a confrontar segredos de família, estranhos fantoches e um pesadelo de violência e traição, em uma sombria fábula sobre o fim da infância - e da inocência - e a passagem para a vida adulta.




“Eu vivia numa terra de gigantes naquela época.

Todas as crianças vivem.

Num mundo perfeito, ocorre-me agora, eu escreveria isto com sangue e não tinta.

Não se pode mentir quando se escreve com sangue. A responsabilidade é grande demais; e os fantasmas que a pessoa matou ressurgem e induzem a caneta a traçar linhas verdadeiras, transformam a palavra escrita em palavra não escrita à medida que os traços vermelhos ficam marrons.

É por isso que os pactos com o Diabo têm que ser assinados com sangue. Se você assina seu nome com sangue, é o nome verdadeiro. Não há como mudar isso.

Pronto. Já estou falando de sangue, e era do passado que eu queria falar.

E dos mortos, é claro. Não há como escapar dos mortos.”

 

 

“Pergunta a meu avô o que o homem quis dizer quando mencionou o sabonete em Gales. Ele disse que não era da minha conta, que se eu não fizesse perguntas, não ouviria mentiras. Queria perguntar se ouviria muitas mentiras, caso eu fizesse muitas perguntas, mas segurei a língua. Os adultos fazem o que fazem. Vivem num mundo maior, ao qual as crianças não têm acesso.”

 

 

“Só meu avô permaneceu lá. Estava sentado no chão e chorava, com soluços profundos e ofegantes. O nariz escorrendo, lágrimas enormes e quentes descendo pelo rosto com a barba por fazer.

Isso me perturbou mais do que qualquer outra coisa. O desamparo dos adultos destrói as crianças ou as obriga a tornarem-se pequenos adultos.”

 

Obs.: Romance gráfico.

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