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quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Terras do Sem Fim – Jorge Amado

Editora: Record
ISBN: 978-85-0105-030-4
Opinião: ★★★★☆
Páginas: 304
Sinopse: Durante a guerra pela posse da terra na região cacaueira do sul da Bahia, os irmãos Badaró enfrentam o coronel Horácio da Silveira. A luta pela subsistência se entrelaça com intrigas políticas, relações amorosas, crimes passionais. Dois romances improváveis se destacam em meio aos tiroteios e tocaias: o do jovem advogado Virgílio e Ester, esposa do coronel Horácio, amor condenado a um desfecho sangrento, e o de Don’Ana, a valente filha de Sinhô Badaró, e o “capitão” João Magalhães, um embusteiro que se faz passar por engenheiro militar.
Publicado em 1943, quando Jorge Amado tinha apenas trinta anos, Terras do sem-fim se tornaria um marco do seu “ciclo do cacau”, que inclui Gabriela, cravo e canela, Cacau e Tocaia Grande, entre outros.



“O vento soprou mais forte e trouxe para a noite da Bahia fragmento das conversas de bordo, palavras que foram pronunciadas em tom mais forte: terras, dinheiro, cacau e morte.”


“Nenhum tempo é melhor que o de escola; tempo em que o sonho é possível.”


“– Se gosto de ver gente morrer? Nem sei mesmo. Quando tenho raiva de um, sou capaz de cortar ele devagarinho. Tu sabe...”


“Homem com fama de covarde era homem sem futuro nessas estradas e nesses povoados. Se alguma virtude era exigida a um homem para tentar a vida no sul da Bahia, na época da conquista da terra, essa virtude era a coragem pessoal. Como se aventurar alguém entre jagunços e conquistadores de terra, entre advogados sem escrúpulos e assassinos sem remorso, se não levasse consigo a despreocupação da vida e da morte?”


“Os trabalhadores nas roças tinham o visgo do cacau mole preso aos pés, virava uma casca grossa que nenhuma água lavava jamais. E eles todos, trabalhadores, jagunços, coronéis, advogados, médicos, comerciantes e exportadores, tinham o visgo do cacau preso na alma, lá dentro, no mais profundo do coração... Não havia educação, cultura e sentimento que lavassem. Cacau era dinheiro, era poder, era a vida toda, estava dentro deles, não apenas plantando sobre a terra negra e poderosa de seiva. Nascia dentro de cada um, lançava sobre cada coração uma sombra má, apagava os sentimentos bons.”


“... a melhor terra do mundo para o plantio do cacau, aquela terra adubada com sangue.”

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