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quinta-feira, 11 de julho de 2019

Fundamentos filosóficos da educação – José Antônio Vasconcelos

Editora: InterSaberes

ISBN: 978-85-5972-390-8

Opinião: ★★★☆☆

Páginas: 216

Sinopse: Você saberia dizer qual é a importância da filosofia na atualidade, principalmente no cenário educacional? É comum que o estudo da filosofia da educação se restrinja à síntese das contribuições teóricas dos principais pensadores desse campo do saber. Contudo, para desenvolvermos nosso próprio pensamento crítico sobre o tema, precisamos ir além disso. Por isso, junte-se a nós em uma investigação que busca compreender as ideias desenvolvidas por grandes pensadores como Platão, Aristóteles, Kant, Rousseau, Comte, Durkheim, Marx, Engels e Rorty e perceba como esse conhecimento pode ser aplicado em uma perspectiva contextual sobre a constituição e a realidade do pensamento pedagógico brasileiro.




“O antigo sábio grego Pitágoras, tendo ouvido, certa vez, alguém chamá-lo de sábio, respondeu, com muita presença de espírito, que ele não era realmente um sábio, era apenas um "amigo da sabedoria". Dessa expressão, que vem dos termos gregos filos (amigo) e sofia (sabedoria), nasceu o vocábulo filosofia. Assim, podemos perceber a dificuldade de se traduzir uma noção tão vaga quanto essa em uma definição de limites rigorosos.

Toda disciplina é definida por seu objeto de estudo. De que se ocupa a filosofia? Ela estuda de tudo – ser, o homem, o pensamento, o Universo, Deus. Nada escapa à filosofia. De um lado, não existe nada no mundo – ou fora dele – que não possa ser objeto de indagação filosófica; por outro, a filosofia não se confunde com as ciências particulares, pois sua análise é de natureza diversa. Enquanto estas se definem como ciências pelo caráter empírico de suas investigações, aquela se caracteriza como uma atividade de ordem reflexiva. O filósofo recebe os dados que lhe são fornecidos pelas ciências particulares e os submete a um constante questionamento.”

 

 

“A base do pensamento de Marx e Engels é a dialética, uma lógica segundo a qual o pensamento e a realidade se movem por tríades formadas por tese, antítese e síntese.

A tese equivale a afirmação do ser, a antítese é a negação da tese. Da oposição entre tese e antítese surge a síntese, uma negação da negação, que torna possível a superação da oposição. A síntese, porém, é ela própria uma afirmação, o que pressupõe a possibilidade de sua negação, dando origem, portanto, a uma nova tríade.”

 

 

“Moreira e Rosa (Jean-Paul Sartre e Paulo Freire, 2014), por exemplo, em um artigo para a revista Contrapontos, identificam claramente alguns aspectos que revelam a aproximação entre Sartre e Paulo Freire:

Sartre e Freire partem da compreensão fenomenológica da consciência como intencionalidade. A consciência é sempre consciência de alguma coisa, que está fora dela mesma, transcendente a ela, e não dentro dela. Por isso o homem & um ser de relação, e só se humaniza em relação com outros homens, tendo o mundo como mediação, assim como os homens também são mediação para os outros homens. Ambos partem também da base materialista histórica, em que o homem surge em um mundo já construído por outros homens, e que se foram construindo na exata medida em que construíam o mundo. Por isso, ao surgir no mundo feito por outros, este é sempre um ponto de partida, não de chegada, não de determinação. O mundo traz condições objetivas para a existência, mas esta transcende estas condições e recria o mundo, ou o aceita. Ambos, homem e mundo, são inacabados. (Moreira; Rosa, 2014, p. 420)”

 

 

Apreciação crítica sobre a fenomenologia, o existencialismo e o estruturalismo

Os filósofos contemporâneos têm se dividido quanto à questão liberdade/necessidade. Para a fenomenologia e para o existencialismo, o ser humano é radicalmente livre, e mais do que isso: seu ser é definido graças a seu livre-arbítrio. São as decisões que um indivíduo toma ao longo de sua vida que o fazem ser quem ele é. Já os filósofos estruturalistas negam ou reduzem a um mínimo a importância da liberdade humana. O fator determinante, para eles, é a estrutura que ultrapassa o indivíduo e impõe limites para o que ele pode pensar ou fazer. Isso fica claro em Foucault, para quem existe um poder disciplinar que se dissemina em todos os níveis da sociedade, mas que não pode ser identificado com nenhum indivíduo em particular. O pensador francês entende o poder como uma prática fluida, o que impossibilita que alguém seja responsabilizado por qualquer ato. Aliás, o autor não faz juízos de valor, eximindo-se de afirmar se a realidade que analisa é boa ou má. Se a liberdade é colocada de lado, a responsabilidade dela decorrente também não pode ser levada em consideração. E sem responsabilidade não há como julgar uma pessoa ou instituição, seja de forma positiva, seja de forma negativa.”

 

 

“Educadores, onde estarão? Em que covas terão se escondido? Professores, há aos milhares. Mas professor é profissão, não é algo que se define por dentro, por amor.

Educador, ao contrário, não é profissão; é vocação. E toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande esperança.

Profissões e vocações são como plantas. Vicejam e florescem em nichos ecológicos, aquele conjunto precário de situações que as tornam possíveis e – quem sabe? – necessárias. Destruído esse habitat, a vida vai se encolhendo, murchando, fica triste, mirra, entra para o fundo da terra, até sumir. (Rubem Alves, Conversas com quem gosta de ensinar, 1982, p. 11)”

 

 

A solidariedade humana é algo que se fabrica e não algo que se reconhece, pois é um produto da história e não um fato metafísico. Portanto, é algo que depende da educação. Contudo, convém não esquecer as advertências de SÓCRATES no Mênon: não se ensina a virtude; esse é um trabalho pessoal de cada um. O educador é como um parteiro. (Alvino Moser, A educação e solidariedade em Richard Rorty, 2000, p. 9, grifo do original)”

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