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quarta-feira, 5 de junho de 2019

O Bispo: A História Revelada de Edir Macedo – Douglas Tavolaro e Christina Lemos

Editora: Larousse do Brasil
ISBN: 978-85-7635-265-5
Opinião: ★☆☆☆☆
Páginas: 276
Sinopse: Após anos sem falar com a imprensa, o bispo Edir Macedo rompe o silêncio e revela tudo sobre sua vida neste livro – uma reportagem biográfica completa. Ele trata de assuntos polêmicos, abre sua intimidade e responde sobre todos os episódios marcantes vividos por ele nos últimos anos, além de contar detalhes do funcionamento de sua organização religiosa e como comprou a TV Record e a transformou na segunda rede de televisão do país.



“Essas questões ganharam ainda maior dimensão porque nós, os autores, Douglas Tavolaro, diretor de jornalismo, e Christina Lemos, repórter especial em Brasília, somos funcionários da Rede Record de Televisão. Em português claro: Edir Macedo é nosso patrão. Como ter isenção para contar a vida de quem paga nosso salário?”


“O bispo não brinca quando o assunto é casamento. A união no altar é rigorosamente levada a sério dentro de sua instituição religiosa. Pastores somente crescem na hierarquia do grupo quando são bem casados.
Divórcio é sinal de que algo está errado, mas não é o fim. Quando a mulher abandona o marido responsável por alguma função na igreja, logo após a separação ele recebe apoio para casar-se novamente.
– Ensino que o casamento não pode ser feito na base da paixão.
Não podemos seguir o coração, ignorando o raciocínio. Casar não exige apenas amor, mas, acima de tudo, fé.
Entre os solteiros, também há normas. Noivas de pastores passam por uma espécie de estágio ao conviver até doze meses com casais religiosos mais experientes. Os candidatos a núpcias, pastores ou fiéis da igreja, são incentivados a se unir com diferença etária de, no máximo, cinco anos. E são orientados a se casar somente depois dos 23 anos.
– Se a pessoa não acredita que o casamento vai dar certo, é melhor não se casar. Mesmo que goste do outro. O mau casamento transforma a vida de qualquer um em inferno.
Para o bispo, sexo é uma dádiva. E pilar do casamento.
– Sexo é para ter prazer. A cama é a base de uma aliança no altar. Não são os filhos, o dinheiro nem o carinho. Se um não der o que o outro precisa, já era. É uma necessidade humana, é como comer e beber. (...) Quando faço sexo, vou para o altar mais forte.


“Após seu encontro com a espiritualidade, era hora de buscar uma esposa. Não desperdiçou a chance quando uma colega de igreja, a bela jovem Ester Eunice Rangel, pediu ajuda em matemática, a disciplina favorita dele. Na época, Ester fazia um curso preparatório para concurso de um banco estadual.
As aulas particulares nunca aconteceriam de fato.
– No primeiro encontro, na saída do curso, uma surpresa. Atirado, Edir logo colocou as mãos nos ombros de sua pretendida.
Você é abusado, hein! – disse Ester, encarando o rapaz.
– Sou mesmo – respondeu Edir. E colocou as mãos nos ombros da moça novamente.
– No fundo, aquela atitude chamou minha atenção. Gostei da determinação dele – relembra a esposa.
Os dois tinham acabado de desmanchar seus noivados. Ester havia descoberto que não gostava do antigo namorado. E Edir, já nos preparativos finais para o casamento, decepcionou-se com um palavrão dito pela noiva. Foi o suficiente.
– Quando vi a Ester pela primeira vez, disse que iria casar com ela.
Edir, dessa vez, precaveu-se. Investigou a ficha de cadastro da aspirante a esposa no escritório da igreja. Descobriu que era de uma família tradicionalmente evangélica, cujo avô havia sido pastor protestante. E passou a “persegui-la”.
– Ele me seguia na hora de sentar no culto. Eu ia para um lado, ele ia também. Eu ia para o outro, e lá estava o Edir.
O romance foi relâmpago. Dias depois de se declarar, pediu ao pai de Ester para namorá-la. O casal não perdeu tempo. Em apenas oito meses, namoraram, noivaram e casaram-se. Estavam muito apaixonados e felizes.
– Ester tinha alguma coisa a mais. Foi meu primeiro amor. Parece que a gente estava procurando um pelo outro fazia anos e nos encontramos naquele momento – declara o bispo.
Mas os desafios foram muitos, antes da cerimônia. Certa vez, um pastor disse a Ester que o casamento não daria certo. Alegou que tivera uma visão: ela se encontrava em um lugar alto, chorando amargamente. Curioso é que, anos mais tarde, quem se divorciou foi o pastor.”


“Edir Macedo e a esposa viveram cinco meses em um apartamento alugado no bairro do Grajaú, até que o esgoto transbordou, inundando tudo. Tornou-se inviável continuar morando ali. A sujeira espalhou baratas por todos os lados. E Edir tem horror a baratas – repulsão descoberta pela mulher na semana da lua-de-mel, quando uma delas, voadora, invadiu o quarto do casal. Ester é quem foi obrigada a matar o inseto. O bispo assume a repugnância:
– Eu enfrento o diabo, mas não enfrento uma barata.”


“Para chegar a genro do bispo, os dois encararam obstáculos parecidos. Um deles foi pedir a mão da filha. O ritual foi o mesmo: fazer o pedido para o pai na frente dos outros bispos e pastores – uma prova de coragem e tanto, contam os genros. Renato, então pastor, foi direto ao assunto.
– Bispo, gostaria de casar com sua filha.
Edir Macedo fitou o garoto e disse:
– Rapaz, se você fizer alguma coisa para minha filha, eu arranco sua cabeça.
Cristiane e Viviane, jovens até hoje cuidadosas com a beleza, elegantes e bem articuladas, deixaram a casa dos pais com 17 anos. As duas mantêm um perfil semelhante: conversam bastante, mas sempre se colocam em segundo plano quando estão próximas dos esposos.”


“Edir Macedo desce do altar. Prega no mesmo nível dos seus pares de igreja. Veste calça social preta e malha branca, está sem gravata. Discorre sobre o talento do pregador.
– Eu sei que todos aqui querem desenvolver seu chamado. É normal. Mas, se você não desenvolve uma igreja pequena, como pode desenvolver uma igreja grande? – pergunta o bispo. E emenda: – A igreja depende do pastor. A Igreja Universal começou sem televisão, sem rádio, com entrega de folhetos no meio da rua. Eu comecei sozinho, sem nada disso. Veja a oportunidade, e não a dificuldade. É o espírito do pastor que manda. É o espírito que você tem.
Duas mil pessoas (na plateia) e um mesmo referencial: todas querem ser o bispo Macedo do futuro.”


“Edir Macedo é, de fato, austero no cuidado com a igreja. Para manter as rédeas, implantou uma organização com funcionamento sistemático. Obreiros – voluntários que exercem atividades gerais – e pastores auxiliares chamam pastores titulares e bispos de senhor. Pastores titulares chamam bispos de senhor. Bispos chamam pastores titulares e auxiliares e obreiros pelo nome. E todos chamam Edir Macedo de senhor ou simplesmente de bispo.
– Não lembro o nome da maioria – diz ele.”


“Cada pastor recebe moradia, assistência médica, plano odontológico e direito a lazer nos sítios da igreja, além da chamada “ajuda de custo” mensal. O valor é variável.
– Há pastores e pastores, bispos e bispos. A maior injustiça é a igualdade.”


“Edir Macedo acredita que os cariocas e os africanos em geral são mais receptivos aos sermões.
– Talvez pelo sofrimento.


“Edir cita a gravidez para explicar a vontade divina.
– “Deus me deu uma criança.” Deus não deu coisa nenhuma. A criança nasce por vontade do homem. Ponto, mais nada. O resto é história. Assim é a vida com Deus: o que você planta, você colhe. A vida não é feita de sorte ou azar. A vida é o que você planta.”


“– O Deus deste mundo é o dinheiro. Os banqueiros não me deixam mentir. Oferta é investimento. Isso mesmo: oferta é investimento.”


“Edir Macedo vai falar. Sem censura.
– Dar dinheiro à igreja é um investimento? As pessoas não devem dar oferta para ajudar a igreja, mas para ajudar a si próprias. Quem dá está fazendo um investimento em si, na sua vida. É o que mostra a Bíblia. Quem dá tudo recebe tudo de Deus. É inevitável. É toma lá, dá cá.”


SUBMISSÃO FEMININA
– Prevalece em nosso universo, sim. Mas não se trata de uma submissão imposta, é algo natural. O homem não é nada sem a mulher, e 178 a mulher não é nada sem o homem. A mulher não deve se submeter à vontade do homem. O homem é que deve colocar-se como líder numa relação conjugai. Esse entendimento nasce à luz da Bíblia. O homem é a cabeça, e a mulher o corpo. Imagine um corpo sem cabeça ou vice-versa.
Impossível existir relacionamento. Na direção da Igreja Universal, conhecemos exemplos desse tipo. Quando a mulher manda no marido, o pastor não cresce. Ela domina e não dá certo. No meu caso, quem manda dentro de casa é a Ester. Na igreja, sou eu. Um não pode ultrapassar o limite do outro.”


“– Não é justo crer em um Deus desconhecido. Ele precisa se manifestar, se apresentar, corresponder a nossa fé.”


“PATERNIDADE
Ter filhos hoje em dia é um risco, significa viver em uma selva. Se eu casasse hoje, jamais teria filhos. Inclusive aconselho os membros e os pastores a não terem filhos. O mundo está cada vez mais violento, dentro e fora de casa, os valores estão invertidos, são poucas as chances de a criança ter um futuro bom. Nos países desenvolvidos, na Europa e nos Estados Unidos, são cada vez mais fortes os movimentos contrários à natalidade. Muitos podem até pensar que isso é egoísmo. Mas não vejo dessa forma. É inteligência, questão de sobrevivência.”

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