Editora: Livro distribuído
Tradução: Luiz Antonio Martinez Correa e Wilma Rodriguez
Opinião: ★★☆☆☆
Páginas: 80
Sinopse: Uma das
poucas comédias do dramaturgo alemão, onde as tradicionais regras de
convivência, bem como os móveis aparentemente sólidos, desmoronam-se.
“A NOIVA - Minha sogra, o creme de chantili
está uma delícia! A senhora tem que me dar a receita!
O NOIVO a
sua mãe - Só que ela nunca vai cozinhar tão bem quanto a senhora, mamãe...
A MÃE - Bem, é que eu pus três ovos!
A NOIVA - Ah, botando tudo isso...
A IRMÃ - Mas é preciso! Senão, não dá certo!
A MADAME - Principalmente ovos!”
“O NOIVO - Então vamos beber à saúde dos
vivos, meu sogro! Saúde!
TODOS - Saúde!
O MARIDO levantando
- Meus caros amigos...
A MADAME - Se você quer fazer alguma coisa de
inteligente por seus caros amigos, então cale a boca!
O MARIDO senta.
O AMIGO - Por que o senhor não faz o
discurso? Sua mulher só estava brincando...
A MADAME - Meu marido não entende de
brincadeiras!
O MARIDO - Também eu não tinha nada a dizer.”
“A MADAME levanta
e dá uma volta na sala - Ah... esta é a chaise longue... hum... é larga,
mas é tão dura... não é lá muito confortável. Bem, já que foi feita em casa...
A NOIVA levantando
- A cristaleira não é uma gracinha? Principalmente o trabalho de carpintaria!
Não sei, outras pessoas não ligam para isso, dão dinheiro e em troca recebem um
móvel fabricado... Pois é, um móvel. Sem alma, sem vida, sem nada. Nada mais
que isso: um móvel. Agora os nossos móveis, fomos nós mesmos que fizemos, eles
foram molhados com o nosso suor e carinho. Foram parte de nós mesmos!
O MARIDO à
sua mulher - Mulher! Vem para cá e senta!
A MADAME - O que há? Eu só queria ver por
dentro!
O MARIDO - Não se espia dentro do armário dos
outros!
A MADAME - Mas eu não tenho má intenção. Você
sempre tem que ficar com a última palavra! Está bem, então não! Por fora a
cristaleira não é lá essas coisas. Essa carpintaria já não se usa mais, está
fora de moda. Hoje as portas são de vidro, com cortinas coloridas. Mas por
dentro pode ser bem interessante. Era exatamente isso que eu queria ver.
O MARIDO - Muito bem, mas agora senta!
A MADAME - Não me venha levantando a voz!
Outra vez você bebeu demais! Vou botar água na sua bebida, você não suporta o
álcool.
O NOIVO - Mas se a senhora quiser ver, tudo
bem! Por favor! Seu interesse me deixa muito satisfeito. Aqui está a chave.
Maria, você pode abrir?
A NOIVA - Eu não sei se... A chave é esta
mesma? Não vira!
O NOIVO - Espera aí que eu vou te ensinar. Eu
mesmo instalei a fechadura. Tenta abrir. Maldição! Furioso. Merda!
A NOIVA -Está vendo? Você também não
conseguiu.
O NOIVO - Acho que forcei a fechadura. Não
sei o que está acontecendo.
A MADAME - Ah, deixa, não faz mal! Pode ser
que por dentro também não seja grande coisa. Então, não vale a pena... pelo
jeito é quase impossível abrir esta cristaleira. É um de seus defeitos!”
“O noivo e o moço levantam a mesa e a afastam
para a direita.
O MOÇO - É bom tomar cuidado.
O NOIVO - Para quê? Ela foi feita para
aguentar o tranco!
Larga a mesa com força no chão. Um pé da mesa se solta.
O NOIVO - Bem, vamos dançar.
O MOÇO - Está vendo? Você quebrou o pé. Se
tivesse tomado mais cuidado...
A NOIVA - Quebrou alguma coisa?
O NOIVO -Não, não foi nada! Só uma coisinha.
Vamos dançar!
A NOIVA - Por que você não toma cuidado?
A MADAME - Jakob você nunca deveria esquecer
o suor que você derramou! Mas você não acha que uma boa cola seria melhor que
suor?
O NOIVO - Língua de víbora! A senhora dança?
A MADAME - Por que você não abre o baile com
sua mulher?
O
NOIVO - Ah, é mesmo. Vem, Maria!
A NOIVA - Não! Agora eu quero dançar com seu
Hans! (...)
Três pares dançam: o Noivo com a Madame, a Noiva com o Moço e a Irmã com
o Marido.
A MADAME - Mais depressa! Mais depressa!
Parece um carrossel!
A dança acelera e depois para.
A MADAME - Foi ótimo. Não dançamos nada
mal...
Se deixa cair com todo o seu peso na chaise longue. Um estalo. A madame
e o amigo saltam.
O AMIGO - Alguma coisa quebrou.
A MADAME - Alguma coisa quebrou e é claro que
vão dizer que fui eu!
O NOIVO - Não, o que é isso? Não foi nada...
Eu mesmo conserto.
A MADAME - É, você conhece muito bem os seus
móveis. Isso é essencial.
A NOIVA - Decerto, a dança foi um pouco
rápida demais para a senhora, por isso caiu desse jeito.
A MADAME - É que seu marido tem um ímpeto!...
A IRMÃ - O senhor gostou?
O MARIDO - Muito! Desta vez gostei muito!
A MADAME - Você tem é que tomar cuidado com o
coração!
O MARIDO - Você se preocupa com isso?
A MADAME - Claro, depois a enfermeira sou
eu...
O NOIVO - Vamos sentar?
A MADAME ao
Amigo - Você toca muito bem!
O AMIGO - Ora, vendo a senhora dançar...
O NOIVO - Não seja bobo! Vamos sentar! Então
quer dizer que você gostou desta valsinha, não é?
O MOÇO - Muito! Vamos dançar mais um pouco?
O NOIVO - Não.”
“O AMIGO canta a “Balada da Castidade em Tom
Maior”
Oh! No escuro um no outro se fundiu
Oh! Estamos sós! Ela olhou e sentiu:
Ela é minha! Com desejo, ele pensou
A escuridão, o fogo da paixão, atiçou
Mas ele só beijou a noiva no nariz:
“Minha noiva não é uma reles meretriz!”
Nisso, ele jamais pensou!
Ah! Como é quente sua mão!
Ah! Como bate o coração!
Das bocas saem quentes gemidos
Cuidado! Não vá perder os sentidos!
Ela só beijou o noivo no nariz:
“Eu não sou uma reles meretriz!”
Na hora, foi o que ela pensou!
Para ela ficar donzela
Uma puta ele foi procurar
Náusea e glória desta terra
A puta lhe soube ensinar
Mas o seu corpo era um abismo
Ele preferiu o ascetismo
E nisso ele não mais falou!
Para apagar o fogo
Que o puro noivo acendeu
Ela abriu o jogo
E, ao primeiro que veio, ela deu
(Debaixo da escada
Ela foi furada!)
Não era freira, mas a carícia
Mesmo brutal é sempre uma delícia
E sua fome, ela matou!
Hoje ele vive a se queixar:
A folia: pra que evitar?
Naquele mês de maio tão feliz
Ele só beijou a noiva no nariz
Ele como padre, ela como puta
Agora dizem para quem gosta:
“A Castidade é uma bela bosta!”
“O AMIGO - Eu estou muito bem. Agora eu estou
muito bem. Quando bebo, eu me sinto como Deus!
O NOIVO - Não, você devia Ter dito: quando
Deus bebe, ele se sente como um secretário.”
“Quando se faz qualquer coisa que os outros
não fazem, eles ficam uma fera!”
Alguns trechos são engraçados.
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