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segunda-feira, 13 de junho de 2016

Lógica para principiantes / A história das minhas calamidades (Os pensadores) – Pedro Abelardo

Editora: Nova cultural

Tradução: Ruy Afonso Costa Nunes

Opinião: Lógica para principiantes: ★☆☆☆☆ / A história das minhas calamidades: ★★☆☆☆

Páginas: 112



(Lógica para principiantes)

 

“Para aqueles dentre nós que se iniciam no estudo da lógica digamos algumas palavras sobre as suas propriedades, e comecemos por tratar do gênero a que ela pertence, ou seja, a filosofia. Boécio não denomina qualquer ciência filosofia, mas só aquela que consiste no estudo das coisas mais elevadas. De fato, não damos o nome de filósofos a quaisquer estudiosos, mas apenas aos sábios cuja inteligência se aprofunda na consideração das questões mais sutis. Boécio distingue três espécies de filosofia, isto é, a especulativa, que investiga a natureza das coisas; a moral, que considera a questão da vida honesta; e a racional, denominada lógica pelos gregos e que trata da argumentação. Alguns autores, entretanto, separam a lógica da filosofia ao afirmar que ela constitui mais um instrumento, de acordo com Boécio, do que uma parte da ciência filosófica, uma vez que todas as outras disciplinas dela se utilizam de alguma forma, quando usam os seus argumentos para fazerem as próprias demonstrações. Quer se trate de uma investigação sobre o mundo físico, quer de um assunto moral, os argumentos procedem da lógica. O próprio Boécio rebate essa opinião com afirmar que nada impede a lógica de ser, ao mesmo tempo, instrumento e parte da filosofia, tal como a mão é, ao mesmo tempo, instrumento e parte do corpo humano.”

 

 

“De acordo com Cícero e Boécio, a lógica se compõe de duas partes, a saber, a ciência de descobrir argumentos e a de julgá-los, isto é, de confirmar e comprovar os argumentos descobertos. De fato, duas coisas são necessárias a quem argumenta. Primeiro, que encontre os argumentos por meio dos quais possa convencer e, depois, que saiba confirmá-los, se alguém os atacar, afirmando que são defeituosos ou insuficientemente firmes.”

 

 

“O universal é de tal modo comum que Boécio afirma que o mesmo todo está ao mesmo tempo inteiro nas diferentes coisas das quais constitui a substância materialmente, e embora permaneça em si mesmo universal, este mesmo é singular pelas formas que se lhe acrescentam, sem as quais ele subsiste naturalmente em si mesmo e, sem elas, de maneira alguma permanece em ato (em efetiva existência); sendo universal por natureza, mas singular em ato, é entendido como incorpóreo e não sensível na simplicidade da sua universalidade, mas esse mesmo universal subsiste em ato de modo corpóreo e sensível através dos acidentes e, de acordo com o próprio testemunho de Boécio, subsistem as coisas singulares e entendem-se os conceitos universais.”

 

 

(A história das minhas calamidades)

“A prosperidade sempre faz inchar os tolos, e o repouso mundano debilita o vigor da alma e facilmente o enfraquece por meio dos atrativos carnais.”

 

 

“(...) encorajados por esses ensinamentos e por esses exemplos, suportemos mais tranquilamente estas provações quanto mais injustas elas são. Não duvidemos de que, se elas não servem para nosso mérito, pelo menos concorrem para a nossa purificação, e visto que todas as coisas ocorrem por disposição divina, que cada um dos fiéis se console com este pensamento de que a suprema bondade de Deus não permite jamais que nada aconteça desordenadamente, e que todas as coisas que se fazem de mal Ele próprio se encarrega de levar a um ótimo fim.”

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