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segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Monstros e Monstrengos do Brasil: Ensaio sobre a zoologia fantástica brasileira nos séculos XVII e XVIII (Parte I) – Afonso de Escragnolle Taunay

Editora: Companhia das Letras

ISBN: 978-85-7164-792-3

Organização: Mary del Priore

Opinião: ★★★★☆

Páginas: 270

Sinopse: Um peixe que tem pedras no lugar dos miolos, um peixe-monstro que não tem intestinos, um molusco que menstrua como as mulheres, um gambá cujo fedor deixa um homem ou um cavalo desacordado durante três ou quatro horas, os porcos monteses que têm o umbigo nas costas e que cometem suicídio coletivo, um lagarto que se alimenta de vento, um lagarto que envenena as frutas a um simples toque, um filhote de onça que rasga o útero materno ao nascer, uma onça marinha que é metade jaguar e metade peixe, os javalis que respiram por um buraco no dorso: as feras são muitas e assustadoras.

Afonso d’Escragnolle-Taunay (1876-1958) apresenta em Monstros e monstrengos do Brasil uma compilação paciente e detalhista da fauna fantástica brasileira. Sua fonte é a literatura que se escreveu sobre o Brasil desde o descobrimento, incluindo clássicos como os Diálogos das grandezas do Brasil, documento anônimo do século XVII, e livrinhos como a Narrativa impressionadora das extraordinárias aventuras e sofrimentos de seis desertores da artilharia da guarnição de Santa Helena no ano de 1799, escrito por um certo John Brown.

O trabalho de Taunay tem um mérito em especial: transformar o “imaginário sobre o Brasil em instrumento superior de conhecimento”, como escreve Mary Del Priore, organizadora deste volume.

Distantes da corrente que na mesma época inaugurava na França a história das mentalidades e da cultura, seus escritos trazem uma ironia divertida em relação ao objeto e um empenho em separar o joio do trigo, em desmontar as “invencionices”, em triar a verdade. Ao mesmo tempo, entretanto, há neles uma simpatia pelos relatos dos antigos, uma predisposição para tratá-los como documento. Isso basta para que ocupem um lugar pioneiro e permanente na historiografia brasileira.



“A única extravagância na parte dos peixes em A Histoite de la mission des pères capucins em l’isle de Maragnan é a que diz respeito aos poraquês, peixes a que não fazem a menor mossa as mais violentas cutiladas, tanto lhe são moles e gelatinosos os tecidos. Impossível se torna trespassá-lo. Passando aos mamíferos, reedita frei Cláudio a velha história de que nos nossos suídeos têm uma espécie de válvula no centro da coluna vertebral “por onde exalam suavíssimo odor”. Ainda bem.”

 

 

“É preciso lembrar, porém, quanto as narrativas mentirosas, exageradas ou crédulas dos viajantes contribuíram para entreter uma atmosfera de crendices, por vezes grosseiríssimas, em torno dos assuntos da história natural.

Nem sempre seriam desleais os informantes dos tratadistas, frequentemente até conduzidos pela própria tendência da boa-fé universal em acreditar nos depoimentos de informantes boçais e selvagens, sugestionados pelas superstições.

Daí essa enorme massa de escritores sobre as terras recentemente descobertas, onde formigam as mais extravagantes baboseiras.”

 

 

“O desprezo é o mais próprio castigo para a soberba.” (Padre Antonio Vieira)

 

 

“Na espécie humana as questões de simpatia se mostravam curiosíssimas.

Por exemplo, em Bruxelas, havendo certo sujeito rico perdido, em uma rixa, o nariz, comprou-o de um pobre-diabo, a quem o cirurgião amputou o apêndice, transferindo-o ao rosto do desfigurado rixento. Pois bem, ia tudo às mil maravilhas quando, passados treze meses, começou o tal nariz comprado a apodrecer, caindo logo depois. Por quê? Porque o desnarigado que o vendera havia morrido!

Coisa muitíssimo sabida: os picados da tarântula só ficavam curados quando os aracnídeos agressores morriam!

Também coisa incontestável: os pós simpáticos deitados à urina de um enfermo e metidos em uma garrafa, bem tapada e coberta de cinza quente, faziam o doente transpirar apenas se aquecia o líquido. E o cirurgião-mor, dr. Torres, afiançava que “os efeitos de tais eflúvios eram tão poderosos que se faziam sentir até uma légua de distância”!

Mas simplesmente pasmoso vem a ser o que o cavaleiro professo na Ordem de Cristo e fidalgo da Casa Real, Pedro de Norberto de Aucourt e Padilha relata do caso de uma criança castigada, de certa e pouco olorosa travessura, por meio de simpatia.

Ouçamos-lhe as próprias e interessantes palavras neste relato em que pessoalmente figura: “Pouco tempo há que no jardim de minha quinta, achando-se entre as murtas um asqueroso depósito, mui oposto à fragrância das flores, lhe deitaram um pouco de brasido para castigar o autor dessa imunda travessura; e não passaram dois dias, que uma criança que confessou tê-la cometido não estivesse com a parte inferior tão queimada, que fazia lástima vê-la e foi necessário curá-la”. (...)

Os mordidos das aranhas da Albânia morriam, uns rindo, inextinguivelmente e os outros chorando interminavelmente.

Tal o caso relatado pelos doutores Ludovico Bartema e o Odoardo Barbosa. Certo rei de Cambaia, criado desde pequeno com veneno, era tão pestilento, em seus humores, que tudo quanto tocava deixava apestado. Bastava cuspir em uma pessoa para a matar! “Nenhuma de suas mulheres chegou a ter mais vida que a noite de seu noivado”.

Assim Sua Majestade de Cambaia se mostrava mil vezes mais mortífero do que o Barba Azul, que praticava a infância da arte da poligamia com seu famoso gabinete de mulheres dessangradas.

Aos fenômenos da simpatia se prendiam os casos intitulados de “vistas perniciosas”. Enquadrava-se aí aquele a que se referiam notáveis autores, como Plínio e Solino: a da cabra Catolesa, da fauna líbica, cujo bafo envenenava o ar e fazia morrer os viventes que a ela se chegavam. Não havia muito, toda a França se admirara do caso relatado pelo Journal de Verdun em novembro de 1735, verdadeiramente prodigioso. O do sujeito que pondo-se a fitar um sapo fazia com que o animal, dentro em pouco, caísse em convulsões e logo depois morresse. Mas de repente, um belo dia, se soubera que, repetindo experiência com certo sapo, pusera-se o batráquio a olhá-lo com tal arrogância, que o fizera cair, desmaiado a ponto de todos o imaginarem morto.

Os romanos, segundo Plínio, sabiam da existência, na Cítia, de mulheres que tinham as meninas dos olhos dobradas, fazendo morrer todas as pessoas a quem fitavam.

Ainda em 1710 a Academia das Ciências de França abraça a opinião de que dos ovos de galinha sem gemas gerava-se o basilisco, o pestífero lagarto de tão perigosos olhares.

Em Nápolis queimara-se, em praça pública, um sujeito que prostrava morta qualquer pessoa, com a simples vista. Ao começar o suplício, confessara que destarte trucidara um bispo!

Mas não faltava quem objetasse: por que então não matava os juízes que o haviam condenado?”

 

 

“Doenças extravagantes relata-nos a Aucourt em barda, citando a de certo pastor francês, homem alto e rijo, a quem em tempo os ossos lhe amoleceram a ponto de poder dobrá-los! A sua estatura minguara acabando o pobre de ficar do tamanho de um menino de três anos.

Continuando a sua resenha de fatos extraordinários, lembra Aucourt e Padilha, a propósito da relação entre a sobriedade e a duração da vida, o caso espantoso de certo frade trino, frei Luís Salazar, que pereceu no terremoto de Lisboa.

Com cem anos de idade, comia e bebia por cem homens, toda a casta de manjares e diversidade de bebidas, “apesar da pasmosa raridade de que jamais descomia sem o intervalo de quinze ou vinte dias: a não ser empenhar toda a terra no golpe de sepultá-lo, parece que ele e o mundo veriam ao mesmo tempo o seu fim”.

Nos capítulos sobre “pessoas decrépitas que tiveram sucessão e outras que tiveram grande número de filhos”, lemos coisas interessantíssimas. Assim, se narra o caso, averiguado, indesmentível, de Echtilde, condessa de Holanda que com um só parto aumentou o número dos batavos de 366 unidades, de ambos os sexos!

Nas páginas sobre a antecipação do entendimento recolhe o fato espantoso do menino de Lübeck Cristiano Herecken, nascido em 1721. Aos treze meses sabia as Escrituras Sagradas de cor e salteado! Aos dois anos e meio estava senhor da geografia e da história e falava latim e francês perfeitamente. Aos três anos era insigne genealogista e aos quatro morrera na Dinamarca, aonde fora cumprimentar o rei deste país.

Duvidassem os críticos de tal prodígio!, quando uma série de autores doutíssimos os abonavam. Ele, Aucourt e Padilha, lhes responderia esmagando-os com os conceitos do grande Feijó! ”Nuestro grossero modo de discurrir la possibilitad al extrechisimo ambito de la experiencia. Aquello que nunca vemos imaginamos repugnante. Como si lo poco que Dios haze presente á nuestra vida fuesse el ultimo esfuerzo de la omnipotencia. Poner raya a lo possible es poner-se-la al todo poderoso”.

Continuando a sua resenha, passa o mestre Padilha a tratar das crianças de extraordinária vida uterina. Assim, nos conta da duquesa de verdade, de quem falava o douto autor Alberto Gratz: “pejada durante dois anos, tivera um rapaz que não só andara logo depois de nascer, como falava perfeitamente tudo”.!”

 

 

“Se havia gigantes (o que era incontestável!) por que não existiriam anões?

Assim se sabia que o poeta grego Filitas fora tão pequeno que lhe punham chumbo aos pés para que o vento o não carregasse!

E como poderia então mover-se o pobre vatezinho? É o que não pormenoriza o nosso douto autor.

O imperador Augusto possuía um anão tendo de altura apenas dois palmos. Era perfeitamente proporcionado e dispunha de retumbante voz!

Passando a tratar das anomalias, relata o nosso autor um rosário de fatos extraordinários, dos quais escolheremos alguns.

Apoiado na lição e opinião dos sábios, lembrava Aucourt uma série de coisas fora do comum, como as gargalhadas que Zoroastro soltara no próprio instante em que nascera, as duas ordens de dentes de Drapatine, filha de Mitridates, a dentadura íntegra de Pirro, que só tinha em cada maxilar um dente a bem dizer, etc.

Passando a tratar das doenças extravagantes, cita o nosso Padilha a terrível peste que despovoara Constantinopla e relatada pelo doutíssimo Cardam em seu tratado sobre as coisas sutis.

Os enfermos se supunham cheios de estocadas e morriam das imaginárias feridas!

Sabia-se, graças a Luciano, que os abderitas, no reinado de Lisímaco, haviam sido acometidos por singularíssima epidemia: febre maligna muito violenta que, no sétimo dia, provocava hemorragias e transpiração abundantíssima.

Mas espantoso era o seguinte: todos os doentes punham-se a recitar a tragédia Andrômeda em ar grave e fúnebre tom.

De sorte, comenta nosso autor, que toda a cidade estava cheia destes comediantes pálidos e desfigurados que continuamente gritavam: “Oh, tirano amor dos deuses e dos homens”, desfiando melancolicamente o resto da obra.

Só passava esta singular doença com a entrada do inverno.

Já não era sem tempo, no enorme manicômio-conservatório de arte dramática em que se convertera a cidade abderitana mercê daquela tragimania coletiva!

Também, que ideia do nosso Padilha, ir procurar exemplos entre gente tida e havida por todos os helenos pela quintessência da estupidez, não só da sua raça como da humanidade. Nem aos beócios, classicamente beócios, podiam pedir meças. Pobres sandeus!, que haviam excluído de sua calinádica comunidade a um dos poucos concidadãos que, como o heroico Anaxarca e o sofista Protágoras, lhes desmentia a fama de pertencerem àquele reino que o nosso Franscisco de Melo Franco cantou em acre verso. E ainda tinha perseguido a Demócrito, o risonho filósofo eternamente granizador da loucura humana, tido por seus patrícios como louco.

Nada mais natural, pois, que estes respeitáveis cretinos passarem os dias e as noites a urrar: “Oh, tirano amor dos deuses e dos homens”, segundo um depoimento aliás suspeito, o de Luciano, cuja verve e cujo ceticismo de tudo tirava o pretexto para cobrir de ridículo as vítimas escolhidas pelo espírito implacavelmente mordaz.

Capítulo cheio de curiosidades é o que se consagra às pessoas “que não comem nem bebem” incluindo-se aí “as humanas e as irracionais”.

Assim, começa pela história do boi que, na Sabóia, em 1693, viveu longos meses sem nada ingerir. Mas é que na sua vizinhança havia um montão de feno, cujas partículas exaladas e introduzidas pela respiração o sustentaram todo aquele tempo, perfeitamente, e ainda lhe causaram notável aumento de peso!

Dos tempos da antiga Grécia, se conhecia o caso de Demócrates, ancião de 109 anos, que vivera dias a alimentar-se somente com o cheiro de pão quente.

Faz grande peso afirmar, lembra o nosso Padilha, que o cheiro pode sustentar e nutrir, como afirmam Hipócrates e Galeno. Aliás, outro autor, Marcelo Donato, reforçava esta opinião lembrando a existência de raças humanas desprovidas de boca.

Bayle, na República das Letras, citava o caso de um douto holandês, de Harlem, que vivera quarenta dias somente das emanações de seu cachimbo. No Poitou era arquiconhecido o caso de Joana Balam, jejuadora de três anos! E Catarina Kratzer, suíça de Berna, batera este recorde elevando-o a sete anos!

Além destes notáveis casos de temperança, outros havia não menos notáveis, como os dos lugares em que ninguém morria!, fato abonado por autores da competência de Giraldo (??) e do cosmógrafo Abraão Ortelio, famoso cartógrafo. Na ilha Momônia, os que iam pagar o tributo da condição humana punham-se a agonizar, a estertorar, infindavelmente. Eram então transportados para outra ilha, onde logo expiravam!

Comentário gravibundo do nosso fidalgo: “Cuidava eu que estes autores apontavam lugar em que a morte se esquecia dos viventes, porque seria mais visitado que os Santos Lugares; porém, padecer as angústias sem acabar é morrer duas vezes”.

O capítulo seguinte consagra-se a um caso brasileiro realmente digno de todo o estudo, relatado a nosso autor pelo oratoriano padre Estácio de Almeida, “sujeito tão verdadeiro como erudito”.

Haviam saído dois jesuítas a viajar pelos sertões do Brasil. Certo dia, depois do jantar, um rapaz de sua comitiva apanhara no chão um pauzinho e dele se servira como palito. Pois, imediatamente, lhe saltaram das gengivas vários dentes!

Merencório, lá se fora o jovem desdentado relatar o fato aos dois inacianos, que haviam partido à frente. E estes, com o maior interesse, voltaram ao lugar onde se operara a maravilhosa extração, fazendo grande diligência por encontrar o lenho de “um arbusto tão especial e útil”. Não lhes fora possível, porém, achá-lo naqueles lugares desertos e tão pouco transitados.

Aliás, é preciso dizer que o moço se reendentara logo. Como voltasse com os dentes caídos, um negro do séquito dos padres lhos colocara no maxilar espremendo-lhes, à volta, o sumo de certa erva. “E com isto lhe ficaram arraigados”.

Passando a discorrer sobre “virtudes atrativas”, recordava o nosso autor a existência de ímãs minerais e vegetais. Em Benguela conhecia-se uma gramínea que atraía pedaços de madeira como o ímã ao ferro.

Certos gaviões do Oriente no sábio dizer de Eliano, gozavam de tal propriedade nas patas, mas só em relação ao ouro. E quem ignorava que o melhor desimantador da pedra de cevar era o diamante? Bastava a vizinhança deste “carbonato” para acabar com a imantação de uma agulha.

Em Jafanaputan, Ceilão, um jesuíta vira dois cingaleses, cada qual armado de certo pau, forcejando para se afastarem e inflexivelmente aproximados pela força do ímã vegetal.

Na seção consagrada ao raciocínio dos brutos, várias historietas sobre a inteligência dos animais nos são narradas, em grande relevo, aliás. Há, porém, casos dignos de reporte: assim a afirmação do imenso Feijó de que “o aborrecido inseto que se chama a traça tem o primeiro lugar entre os brutos de maior raciocínio”.

E isto porque sabia abrigar o corpo contra as injúrias do tempo, “fabricando o vestido que vestia como pudera fazer um alfaiate”.

Aliás, era sabidíssimo que o homem aprendera muita medicina observando os animais. A sangria, ele conhecera do hipopótamo. “Sentindo-se repleto, serve-se de uma cana aguda para abrir uma veia da perna, que, depois de lhe correr bastante sangue, veda com limos”.

O leão, sentindo-se indigesto, tratava-se de arranjar logo o único purgante que lhe convinha, procurando apanhar um desses “animais de trejeitos delirantes”, seguindo a definição do bom padre Bacelar: o bugio.

A cegonha só ingeria animais venenosos quando tinha ao alcance do bico o contraveneno do oregão.

Já Aristóteles percebera (e Alberto Magno o confirmava) que a tartaruga só comia cobras quando também dispunha do oregão. (...)

Neste último, por exemplo, quer o nosso Aucourt inculcar que o homem também fabrica ímãs artificiais, assim como o unguento simpático curava as feridas posto no ferro que as causara!

Apesar das grandes contradições que refutavam tal asserção, aliás confirmada pela autoridade elevada do inglês Digby, o caso parecia positivo. As pedras trochite e astrecte, postas em cima do vinagre, disparavam a correr. A tinta simpática não só atravessava uma resma de papel como uma grossa muralha.

Mas o mais notável era o caso da lâmpada simpática, que, segundo o sábio Johnston, alimentava-se de sangue como combustível. Apagava-se instantaneamente quando morria o ex-proprietário do seu alimentador!

Expondo os artifícios com que a natureza produz raridades afirma Padilha que, se alguém pintar ovos em um pano de diversas cores, verá nascerem pintos com os mesmos matizes “porque de ajudar a imaginação nos brutos se fazem raros prodígios”. Era assim que, segundo Santo Agostinho, conseguiam os egípcios fabricar os bois ápis.

Dos “adultérios” das plantas provinham iguais assombros.

E se Luís XIV formara os dilatados bosques de Versalhes transportando grandes árvores é que o seu coração excedia nas obras à natureza (sic!).

Porque, se a arte imitava a natureza, parecia às vezes excedê-la. Vira-se em Lisboa um cavalo e um urso dançarem juntos! E ficara na corte de Portugal a tradição do cachorrinho da rainha d. Catarina, mulher de d. João III, que cantava ao som de um manicórdio. Não proferia palavras, mas era muito entoado.

A imperatriz rainha, infanta portuguesa, ganhara um cão que emitia perfeitamente a palavra chocolate. Mas em 1715 vira-se em Paris coisa muito mais notável, o cão fenomenal de que se ocupara a Academia de Ciências de França. Repetia trinta palavras, entre elas chá, café e chocolate.”

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