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terça-feira, 26 de maio de 2015

Guerra e Paz (Volume II) – Leon Tolstói

Editora: L&PM

ISBN: 978-85-2541-672-8

Tradução: Isabel da Nóbrega e João Gaspar Simões

Opinião: ★★★★☆

Páginas: 392

Sinopse: Ver Parte I

 

“– Consideram-me má pessoa – dizia. – Está bem, suponhamos que sou assim. Não quero conhecer senão as pessoas a quem estime e por essas sou capaz de dar a própria vida. Quanto aos demais a esses era capaz de os esmagar a todos se os viesse a encontrar no meu caminho. Tenho uma mãe a quem idolatro, de quem não sou digno, dois ou três amigos, no número dos quais conto, e, quanto aos outros, esses apenas os considero na medida em que me podem ser úteis ou nefastos. E quase todos eles são prejudiciais, especialmente as mulheres. Sim, meu velho – prosseguia ele –, tenho encontrado homens dignos, de sentidos nobres e elevados. Mas entre as mulheres, até hoje, só encontrei criaturas que se vendem, e, quer sejam condessas ou cozinheiras, é o mesmo. Ainda não encontrei essa pureza celeste, essa dedicação que procuro na mulher. Se um dia encontrasse uma mulher assim, era capaz de dar a vida por ela. Quanto às que eu conheço... – Teve um gesto de desprezo. – E, acredita, se me interessa viver, é apenas na esperança de ainda vir a encontrar essa criatura celeste, que me regenerará, me purificará, me resgatará. Mas tu não me podes compreender.”

 

 

“Eu disparei contra Dolokov porque me considerava ofendido, e Luís XVI foi guilhotinado porque o consideravam um criminoso, e se um ano mais tarde mandaram matar aqueles que o tinham guilhotinado, é porque também havia razões para isso. O que é o mal? O que é o bem? Que devemos nós amar? Que devemos odiar? O que é a vida? O que é a morte? Que forças dirigem tudo isto?

E não havia resposta a qualquer destas perguntas, salvo uma resposta ilógica, que não explicava coisa alguma. Esta resposta era: “Um dia hás-de morrer e tudo acabará. Tu morrerás e saberás tudo ou deixarás de formular estas perguntas.” Mas morrer era uma coisa horrível.”

 

 

“No dia 4 chega o primeiro correio de Petersburgo. Transportam as malas para o gabinete do marechal, que gosta de fazer tudo pelas suas próprias mãos. Chamam-me para ajudar à distribuição das cartas e tomar conta das que nos são destinadas.

O marechal segue o nosso trabalho e aguarda os despachos que lhe são dirigidos. Procuramos; nem um. O marechal impacienta-se, ele próprio decide procurar e encontra cartas do imperador para o conde T., para o príncipe V, e quejandos. Então, aí o temos num dos seus ataques de fúria negra. Despede raios e coriscos contra toda a gente, apodera-se das cartas, abre-as, e lê as que o imperador endereça a outros.

“Ah! É assim que se comporta para comigo? Não tem confiança em mim! Ah! Dá instruções para me espiarem. Fora daqui!” E ei-lo que redige a famosa ordem do dia para o general Bennigsen:

“Estou ferido, não posso montar a cavalo e, portanto, comandar o exército. O senhor levou o seu corpo de exército derrotado para Pultusk, onde este se encontra sem lenha e sem forragens e desprovido do necessário, por isso, como ainda ontem o disse ao conde Boekshevden, é preciso retirar para a nossa fronteira, o que tem de fazer-se hoje mesmo.”

“As minhas expedições a cavalo”, escreveu ao imperador, “provocaram-me uma ferida proveniente do abuso da sela, o que, além de outros inconvenientes, me impede por completo de montar e comandar um exército da importância deste; eis porque confiei o comando ao general mais antigo, o conde Boeksheden, transmitindo-lhe todos os serviços, e aconselhei-o a que, no caso de lhe faltarem mantimentos, se retirasse para mais perto de nós, para o interior da Prússia, visto que não há pão para mais de vinte e quatro horas e nalguns regimentos já acabou de todo; foi isso, pelo menos, o que declararam os comandantes de divisão Ostermann e Siedmorietski, e nos lares dos camponeses tudo foi devorado. Quanto a mim, aguardando o meu restabelecimento, fico no hospital de Ostrolenko. Ao transmitir, com data de hoje, o presente relatório a Vossa Majestade, tenho a honra de lhe participar que, se o exército permanecer ainda quinze dias no seu atual acampamento, quando chegar a Primavera não restará um só soldado válido.

Permita Vossa Majestade que um velho se retire para o campo, levando consigo a vergonha de não ter podido cumprir o grande e glorioso destino para que fora escolhido. Aguardarei aqui, no hospital, a vossa muito augusta autorização, para que não venha a desempenhar no exército o papel de ‘escriba’ em vez do de chefe. A minha retirada do exército não produzirá a mais ligeira sensação – é um cego que se retira do exército, nada mais. Homens como eu encontram-se na Rússia aos pontapés.”

O marechal zangou-se com o imperador e castigou-nos a todos; não é lógico?

E aqui tem o primeiro ato. No ato seguinte, o interesse e o absurdo crescem, como é natural. Depois da partida do marechal, chegou-se à conclusão de que nós estávamos à vista do inimigo e era preciso travar batalha. Boekshevden é general-chefe por antiguidade, mas o general Bennigsen não é dessa opinião, tanto mais que, estando com o seu corpo de exército diante do inimigo, quer aproveitar a ocasião para uma batalha “aus eigener Hand” (por suas próprias mãos), como dizem os Alemães. E teve-a. Foi a batalha de Pultusk, que tem sido considerada uma grande vitória, mas que, na minha opinião, de vitória nada tem. Nós, civis, temos, como sabe, o mau hábito de decidir quando uma batalha é uma vitória ou uma derrota. O que se retira depois do combate é, em nossa opinião, aquele que a perdeu, e foi por isso que nós perdemos a batalha de Pultusk. Em resumo, nos retiramos no fim da batalha, mas enviamos um correio a Petersburgo com a notícia de uma vitória, e o general não cede o comando em chefe a Boekshevden na esperança de receber de Petersburgo, em reconhecimento da sua vitória, o título de general-chefe. Durante este interregno iniciamos um plano de manobras extremamente interessante e original. A nossa finalidade não consiste, como seria de esperar, em evitar o inimigo ou atacá-lo, mas unicamente em evitar o general Boekshevden, o qual, por direito de antiguidade, seria o nosso chefe. Visamos este objetivo com tanta energia que até mesmo quando atravessamos um rio não vadeável queimamos as pontes para cortarmos a ligação com o nosso inimigo, o qual, de momento, não é Bonaparte, mas Bockshevden. Este livrou-se de ser atacado e aprisionado por forças inimigas superiores graças a uma das nossas belas manobras, que nos livrava dele. Boekshevden persegue-nos, fugimos. Assim que ele atravessa para a margem do rio onde nós estamos, nós passamos para a margem contrária. Finalmente, o nosso inimigo Boekshevden apanha-nos e ataca-nos. Os dois generais zangam-se. Chega mesmo a haver um desafio para duelo da parte de Boekshevden e um ataque de epilepsia da parte de Bennigsen. Mas, no momento crítico, o correio que leva a notícia da nossa vitória de Pultusk traz-nos de Petersburgo a nomeação do general-chefe, e o primeiro inimigo. Boekshevden, está liquidado: podemos pensar agora no segundo. Bonaparte. Mas então acontece que nesse momento se ergue diante de nós um terceiro inimigo, o exército ortodoxo, que pede, clamando, pão, carne, suchari, feno, que sei eu! Os armazéns estão vazios, os caminhos impraticáveis. O exército ortodoxo lança-se na pilhagem e de maneira tal que o que viu na última campanha lhe não pode dar a mais pequena ideia do que se está a passar. Metade dos regimentos forma tropas livres, as quais percorrem o país levando tudo a ferro e fogo. Os habitantes estão completamente arruinados, os hospitais transbordam de doentes e a fome grassa por toda a parte. O quartel-general já por duas vezes foi atacado por bandos de salteadores e o próprio general-chefe viu-se obrigado a pedir o auxílio de um batalhão para correr com eles. Aquando um desses ataques levaram-me a minha mala vazia e o meu roupão. O imperador quer conceder a todos os comandantes de divisão autorização para fuzilar os salteadores, mas tenho o meu receio de que esta medida venha a obrigar metade do exército a fuzilar a outra metade.”

 

 

“– Mas então não sabe como isso acabou? Ouviu falar do duelo?

– E tiveste de chegar a esse ponto!

– A única coisa em que estou agradecido a Deus é de não ter matado esse homem – murmurou Pedro.

– E por quê? Não fica mal a ninguém matar um cão danado.

– Sim, mas matar um homem não está bem, não é justo...

– Não é justo por quê? – insistiu André. – Ao homem não compete decidir do que é justo ou do que o não é. O homem sempre errou e sempre há-de errar, e principalmente naquilo que ele considera justo ou injusto.

– É injusto o que prejudica o próximo – observou Pedro, que sentia prazer em verificar, pela primeira vez desde que chegara, que o amigo começava a animar-se e a tornar calor pela conversa, e pretendia, deste modo, dar a conhecer tudo que o levara ao estado em que atualmente se encontrava.

– E como sabes distinguir o que prejudica o próximo? – perguntou André.

– O mal! O mal! – exclamou Pedro. – Todos nós sabemos muito bem o que é mau para nós próprios.

– Sim, é verdade, sabemos, mas o que me faz mal pode não fazer mal a outro – redarguiu André, cada vez mais animado e desejoso de expor a Pedro o seu novo ponto de vista. E acrescentou em francês: “Na vida só conheço dois males bem reais: o remorso e a doença. Só a ausência destes dois males é que é o bem.” Viver para mim próprio e limitar-me a evitar estes dois males, eis, atualmente, em que consiste toda a minha sabedoria.

– E o amor do próximo, e a dedicação? – atalhou Pedro. – Não, não posso concordar consigo. Viver apenas para não fazer mal, para evitar o remorso, é pouco, muito pouco. Vivi assim, vivi só para mim e malogrei a minha vida. E só agora é que estou a viver, ou, pelo menos, a esforçar-me por viver – retificou por modéstia – para os outros. Só agora é que compreendi a felicidade da existência. Não, não posso estar de acordo consigo, e estou convencido de que não pensa o que diz. (...)

– É possível que tenhas razão no que te diz respeito – acrescentou após alguns momentos de silêncio. – Cada um vive como melhor entende. Tu, tu viveste para ti e entendes que vivendo assim ias malogrando a tua vida e que não soubeste o que era felicidade senão no dia em que começaste a viver para os outros. Eu, por mim, fiz a experiência contrária. Vivi para a glória. E que é a glória? É também o amor do próximo, o anseio de fazer alguma coisa por ele, o desejo de merecer os seus louvores. Quer dizer que eu vivi para os outros e que não só estive em risco de comprometer a minha existência, como a malogrei, de fato, completamente. Eis porque, de então para cá, desde que não vivo senão para mim, passei a ter uma vida mais serena.

– Mas como é possível viver-se só para si? – interrogou Pedro, cada vez mais exaltado. – E seu filho, sua irmã, seu pai?

– Continuam a ser eu, não são os outros – replicou André. – Os outros, o próximo, como dizem, tu e a Maria, são a causa principal do erro e do mal. O próximo são esses camponeses de Kiev a quem tu queres fazer bem. Olhou para Pedro com um olhar irônico e provocador. Era evidente que procurava desafiá-lo. (...)

– Não só ninguém me dissuadirá de que não foi um bem o que eu pratiquei, como ninguém me convencerá de que o André não pensa da mesma maneira. E o mais importante – concluiu – e é isso que eu sei, e disso estou convencido, é que a única verdadeira felicidade da vida é a satisfação que se tira do bem que se faz.

– Sim, se se puser assim o problema, é outra coisa – disse o príncipe André. – Eu construo uma casa, planto um parque, tu fundas hospitais. Tanto o meu ato como o teu podem ser considerados mero passatempo. Mas, quanto ao que é justo, ao que é o bem, deixa Aquele que tudo sabe, e não a nós, o cuidado de decidi-lo. Contudo, se queres continuar a discussão, está bem, seja feita a tua vontade! (...) Tu dizes-me: entre na nossa confraria e nós lhe mostraremos o fim da vida, o destino do homem e as leis que governam o mundo. Mas quem somos nós? Homens! Como é que vocês sabem tudo isso? Porque será que só eu não vejo o que vocês veem? Vocês veem na terra o domínio do bem e da verdade, mas eu não o vejo.

Pedro interrompeu-o.

– Acredita numa vida futura? – perguntou.

– Numa vida futura? – Mas Pedro não o deixou prosseguir, e, tomando esta interrogação como uma negativa, tanto mais que de longa data sabia do ateísmo do seu amigo, de novo o interrompeu.

– Acha que lhe é impossível ver o reino do bem e da verdade sobre a terra. Também eu não acreditava em tal coisa e não é possível admiti-lo se se considerar a nossa vida como o fim de tudo. Sobre a terra, principalmente sobre a terra – dizia ele, apontando para os campos –, não há verdade: tudo é mentira e maldade. Mas no universo, no conjunto do universo é a verdade que reina. Nós somos por um momento filhos da terra, mas eternamente somos filhos do universo. Não sentirei eu, no fundo da minha alma, que sou uma parte deste todo, enorme e harmonioso? Não sentirei eu que nesta imensa e infinita quantidade de seres, através da qual se manifesta a divindade ou a suprema força, o que vem a dar no mesmo, eu sou um fuzil, um degrau da escada dos seres que vai do mais ínfimo ao mais elevado? Se eu vejo, se vejo claramente esta escada que vai da planta até ao homem, porque é que eu hei-de partir do princípio de que ela se detém precisamente em mim em vez de alcançar sempre mais longe, cada vez mais longe? Eu sinto em mim que, pela mesma razão de que nada se perde no universo, também eu não posso desaparecer e que continuarei a ser para todo o sempre como sempre tenho sido. Sinto que além de mim e para além de mim há espíritos vivos e que é nesse universo que reside a verdade.

– Sim, é a doutrina de Herder – interveio André. – Mas, meu caro, não é essa doutrina que me convence: a vida e a morte, sim. O que me convence é ver uma criatura a quem queremos muito, a quem muito estamos presos, para com quem nos sentimos culpados e de que esperamos remir o mal que lhe fizemos – e ao dizer estas palavras a sua voz tremia e desviava a vista – e que de um momento para o outro começa a sofrer, a padecer tremendas dores e deixa de existir... Por quê? É impossível que não haja uma resposta para isto! E eu estou convencido de que há... Eis o que me convence, eis o que me convenceu – concluiu ele.

– Claro, claro – repetiu Pedro. – Mas não é isso precisamente que eu estive a dizer?

– Não. O que eu quero dizer é que não são os raciocínios que me convencem da necessidade duma vida futura, mas este fato apenas: o de irmos pela vida fora de mão dada com um ser humano, e este ser, de repente, desaparecer além, no nada, e então determo-nos diante desse abismo e ficarmos a olhar. E eu, eu olhei...

– E então? Sabe que há um além, que há alguém. Além é a vida futura. Esse alguém é Deus. (....) - Se Deus existe, se há uma vida futura, a verdade existe, existe a virtude, e a suprema felicidade do homem consiste no esforço para as alcançar. É preciso viver, é preciso amar, é preciso crer – dizia Pedro –, pois não vivemos apenas nesta hora, sobre este pedaço de terra, mas sempre vivemos e eternamente havemos de viver, além, no Todo. – E apontava para o céu.”

 

 

“André, de regresso ao gabinete do pai, encontrou os dois em calorosa discussão. Pedro queria provar que ainda chegaríamos a um tempo em que acabariam as guerras.

O príncipe, escarnecendo dele, mas sem se zangar, sustentava o ponto de vista contrário.

– A única maneira, de acabarem as guerras e sangrar os homens é porem-lhe água no lugar do sangue. Patetices de mulher, patetices de mulher – dizia ele, batendo amigavelmente no ombro de Pedro.”

 

 

“Maria dizia de si para consigo que a reflexão faz dos homens criaturas secas.”

 

 

“Berg sorriu com a consciência da sua superioridade sobre uma fraca mulher e calou- se, dizendo de si para consigo que, afinal de contas, aquela encantadora pessoa a quem chamava esposa era fraca como todas as mulheres e não podia aspirar ao que constitui a dignidade do homem, a dignidade de “se ser um homem”.

Entretanto, Vera sorria também, consciente da sua superioridade sobre o virtuoso e excelente marido, o qual, no entanto, em sua opinião, compreendia mal a vida, como, aliás, todos os homens. Berg, que julgava as outras mulheres através da sua própria, considerava-as todas seres fracos e estúpidos. Vera, julgando os homens através do marido e generalizando as suas observações, supunha que todos eles não faziam outra coisa senão considerar-se cheios de razão, embora na realidade nada compreendessem e não passassem de criaturas orgulhosas e egoístas.”

 

 

“Pedro gozava deste triste privilégio, frequente em muitos homens, mas especialmente nos Russos, graças ao qual, embora acreditem na verdade e no bem, com tanta clareza veem o mal e a mentira dos humanos que lhes faltam forças para combatê-los a fundo. A seus olhos, todos os domínios da atividade humana estavam imbuídos do mal e da mentira. Fizesse o que fizesse, tentasse o que tentasse, sempre se sentia repelido por esta mentira perpétua: todas as vias da atividade humana se lhe fechavam. E, no entanto, era preciso viver, algo tinha de fazer, apesar de tudo. Deixar-se esmagar sob o peso destes problemas insolúveis, eis o que se lhe afigurava horrível, e por isso mesmo, quanto mais não fosse para esquecê-los, entregava-se ao que quer que houvesse a fazer.”

 

 

“Às vezes lembrava-se de ter ouvido contar que os soldados na guerra, nas linhas avançadas, sob o fogo do inimigo, quando ociosos, procuravam uma ocupação qualquer para mais facilmente esquecerem o perigo. A seus olhos os homens sempre procediam como esses soldados, na esperança de se esquecerem da vida, e davam-se à ambição, ao jogo, elaboravam leis, entretinham-se com mulheres, divertiam-se, criavam cavalos, dedicavam-se à política, ou à caça, ou ao vinho, ou aos negócios públicos. “Em conclusão, nada há desprezível, nada há importante, tudo é indiferente”, pensava Pedro, “desde que uma pessoa saiba subtrair-se a essa, realidade da vida, desde que uma pessoa se não veja frente a frente com a vida, esta terrível vida!”.”

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