Editora: L&PM
ISBN:
978-85-2541-671-1
Tradução: Isabel
da Nóbrega e João Gaspar Simões
Opinião: ★★★★☆
Páginas: 400
Sinopse: Publicado
entre 1865 e 1869, Guerra e Paz é mundialmente aclamado como um dos
maiores romances jamais escritos. Trata de um imenso e detalhado painel da
sociedade russa durante o tumultuado período das guerras napoleônicas, de 1805
(ano da vitória de Napoleão na batalha de Austerlitz) a 1812 (quando ocorreram
a célebre retirada dos franceses durante o inverno e o incêndio de Moscou).
Como fio condutor, temos a vida, as misérias e os amores de duas grandes
famílias aristocratas. Uma multidão de personagens retrata as diversas camadas
do mundo russo, dos camponeses ao tsar, e os protagonistas parecem ter vida
própria, tão admirável é a capacidade de Tolstói (1828-1910) de representar
pessoas psicologicamente complexas e profundas. Por sua ambição e pelas
técnicas utilizadas, Guerra e Paz desafiou os parâmetros literários e a
própria literatura do seu tempo. Se em seu magnífico romance o autor mostrou o
sacrifício, o patriotismo e a grandeza do povo russo, também construiu um
monumento à paz. A obra-prima de Tolstói brilha como um livro maior entre milhões
de livros, deslumbra como só uma verdadeira obra de arte é capaz de deslumbrar
e emociona como só as grandes histórias, contadas pelos grandes narradores,
conseguem emocionar.
“Estamos atualmente em guerra com Napoleão.
Se se tratasse, de uma guerra de libertação, então, sim, compreenderia, seria
mesmo o primeiro a alistar-me. Mas ajudar a Inglaterra e a Áustria contra o
maior homem que há no mundo... não está certo.
O príncipe André contentou-se, em encolher os
ombros perante as infantis considerações de Pedro. O seu ar queria dizer que
nada tinha a replicar a tal patetice; e, com efeito, seria difícil responder de
outra maneira a tal ingenuidade.
– Se as pessoas fossem para a guerra só por
convicção, não haveria guerra – disse ele.
– E era isso que convinha – respondeu Pedro.
O Príncipe André sorriu.
– É muito possível, mas aí está uma coisa que
nunca acontecerá.”
“– O que toda gente espera de um ricaço é vir
a receber dele qualquer coisa.”
“– Todo o homem tem os seus dias contados, e
ninguém pode fugir daí.”
“Como diz Sterne, “nós gostamos das pessoas
menos pelo bem que elas nos fizeram que pelo bem que lhe fizemos”.”
“Não há ninguém com mais sorte ao jogo do que
os imbecis.”
“– Como vês, meu velho – comentou –, enquanto
não gostamos de alguém é como se estivéssemos a dormir. Não somos mais que
pó... Mas assim que um homem começa a amar, é como se fosse Deus, sente-se
puro, é como nos primeiros dias da Criação...”
“O inimigo tinha cessado fogo, e isso mesmo
ainda tornava mais agudo o sentimento da grave ameaça que representava aquela
inacessível e insondável faixa de terreno entre os dois adversários.
“Um passo para além daquela linha que lembra
a que separa os vivos dos mortos e eis-nos no mundo desconhecido do sofrimento
e da morte. E lá adiante que é que está? Lá adiante, para além deste campo e
desta árvore e daquele telhado iluminado pelos raios do Sol? Ninguém sabe e
ninguém o deseja saber. Toda a gente tem medo de transpor aquela linha e ao
mesmo tempo há como que uma tentação de fazê-lo; e o certo é que todos sabem
que mais tarde ou mais cedo haverá que transpô-la e que conhecer o que lá
existe, do outro lado da linha, exatamente como é inevitável virmos a saber o
que fica do outro lado da morte. E no entanto todos nós nos sentimos fortes,
saudáveis, cheios de vida.” Eis o que sente, sem dar por isso, todo o soldado
diante do inimigo, e esta sensação, naquele instante, dá um brilho particular,
um sentimento de rude alegria ao mais pequeno incidente.”
É impressionante como a obra é atual. O trecho: ”- O que toda gente espera de um ricaço é vir a receber dele qualquer coisa.” parece até frase de facebook.
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