Editora: Nova Fronteira
ISBN: 978-85-209-3552-1
Tradução: Maria Helena Rouanet
Opinião: ★★★★☆
Páginas: 368
“— Aprenda isso de uma vez por todas, filha:
assim como uma bússola precisa apontar para o norte, assim também o dedo
acusador de um homem sempre encontra uma mulher a sua frente. Sempre. Nunca se
esqueça disso, Mariam.”
“O mulá admitiu para Mariam que, por vezes,
não compreendia o sentido das palavras do Corão, mas gostava dos sons
encantatórios das palavras árabes que pareciam rolar em sua língua. Disse ainda
que elas lhe traziam conforto, apaziguavam o seu coração.
— Elas vão fazer isso por você também, Mariam
jo — observou ele. — Sempre pode
evocá-las em caso de necessidade, e elas não vão lhe faltar. As palavras de
Deus nunca vão traí-la, minha menina.”
“— Que sentido faz dar instrução a uma garota
como você? — prosseguiu a mulher. — É como lustrar uma escarradeira. E, nessas
escolas, você não vai aprender nada que preste. Só há uma coisa na vida que
mulheres como você e eu precisamos aprender, e ninguém ensina isso nas escolas.
Olhe para mim.
— Você não devia falar assim com ela, minha
filha — observou o mulá Faizullah.
— Olhe para mim — insistiu Nana.
Mariam obedeceu.
— Só uma coisa: tahamul. A capacidade de suportar.
— Suportar o quê, Nana? — indagou a menina.
— Não se aflija com isso — retrucou Nana. —
Não vão faltar exemplos.”
“— Ouça bem o que vou lhe dizer. O coração de
um homem é uma coisa muito, muito perversa, Mariam. Não é como o útero de uma
mãe. Ele não sangra, não se estica todo para recebê-la.”
“Mariam ficou ali deitada no sofá, com as
mãos entre os joelhos, olhando a neve que girava e rodopiava do outro lado da
vidraça. Lembrou que Nana tinha dito, certa vez, que cada floco de neve era o
suspiro de uma mulher sofrida em algum canto do mundo. Todos esses suspiros
subiam ao céu, formavam nuvens e, então, se partiam em mil pedacinhos que
caíam, em silêncio, sobre as pessoas aqui embaixo.
“Para lembrar como sofrem as mulheres como
nós”, disse ela. “Como aguentamos
caladas tudo o que nos acontece”.”
“Foi nessa semana que Laila se convenceu de
uma verdade: de todas as dificuldades que uma pessoa tem de enfrentar, a mais
sofrida é, sem dúvida, o simples ato de esperar.”
“São sempre os que estão sóbrios que pagam
pelos pecados dos bêbados.”
“— Falei com alguns vizinhos, antes de vocês
chegarem. Não conheço mais ninguém. Dos velhos tempos, quero dizer...
— Todo mundo foi embora. Não tem mesmo mais
ninguém que você conheça.
— Não reconheço Cabul.
— Nem eu — observou Laila. — E olhe que nunca
saí daqui.”
Já começa com um trecho marcante: “— Aprenda isso de uma vez por todas, filha: assim como uma bússola precisa apontar para o norte, assim também o dedo acusador de um homem sempre encontra uma mulher a sua frente. Sempre. Nunca se esqueça disso, Mariam.” A impressão que passa nesse e nos outros trechos destacados é que as mulheres sofrem muito durante a estória.
ResponderExcluirGostei do blog, voltarei outras vezes! Se quiser conhecer o meu para trocarmos ideias, aqui está:
ResponderExcluirhttps://oquevcestalendo.wordpress.com
Abraços!
Eu adoro esse livro.
ResponderExcluirEste trecho nunca mais vou esquecer,pois é a verdade!