Editora: Record
ISBN: 978-85-0106-106-5
Opinião: ★★★☆☆
Páginas: 464
“As histórias seguem o caminho que querem seguir”. (Chinua Achebe)
“‘Acho que seria aético fazer uma transferência genética de linhagem
germinativa intencional nesta época porque não sabemos cientificamente o
bastante para fazê-lo com segurança, não sabemos clinicamente o bastante para
fazê-lo com eficácia e não sabemos eticamente o bastante para fazê-lo com
sabedoria’, afirma W. French Anderson.
‘Estamos longe de satisfazer qualquer um daqueles critérios. Mas se você
me perguntar, ‘acredita na terapia de linhagem germinativa’, a resposta será
sim. Quando chegar a época, devemos fazê-la, porque é parte da natureza humana.
Que pais estariam dispostos a transmitir genes letais para seus filhos se
houver um meio seguro e eficaz de eliminá-los?’”.
“A propaganda está para a democracia o que a violência representa para o
totalitarismo”. (Noam Chomsky)
“Richard Dawkins define a seleção natural como a ‘sobrevivência não
aleatória de instruções genéticas aleatoriamente variáveis’. Em outras
palavras, é um processo em dois estágios, o primeiro de produção de mutações
aleatórias nos genes de cada nova geração; o segundo, o efeito não-aleatório do
ambiente sobre cada gene individual, e como resultado alguns morrem e outros
sobrevivem para transmitir suas mutações.
Assim, a vida é simplesmente um meio de reproduzir DNA”.
“O fanatismo de qualquer tipo, em qualquer questão, está determinado a
competir por nossa atenção. H. L. Mencken certa vez observou que para qualquer
pergunta difícil, há uma resposta simples – e ela está errada. Infelizmente,
muitas pessoas aferram-se às respostas simples e erradas, e estão mesmo
dispostas a morrer – e a matar – por elas.” (Daniel Dennet)
“Acho que estou descobrindo cada vez mais que a ferramenta básica do
pensamento filosófico é o bom senso. Penso que é mais do que hora de o bom
senso, tão fundamental para a história da filosofia, ser reintroduzido na cena.
Aristóteles foi, sobretudo, um homem de extraordinário bom senso, assim como
Aquino.” (Umberto Eco)
“Quando os primeiros dirigíveis apareceram, as pessoas pensaram que
subsequentemente seguiriam uma progressão linear, um avanço para modelos mais
refinados e mais velozes. Mas isso não aconteceu. Em vez disso, em certo ponto
foi um desenvolvimento lateral. Depois que o Hindemburg evaporou em chamas em
1937 [matando 35 pessoas], as coisas começaram a se mover em uma direção
diferente. Na época parecia mais lógico que você tivesse de ser mais leve que o
ar para voar no céu – mas depois se percebeu que tinha de ser mais pesado que o
ar para voar com mais eficiência.´
A moral da história é que, em filosofia e ciência, deve-se ter cuidado
para não se apaixonar por seu próprio dirigível.” (Umberto Eco)
“Nas cartas de John Kenneth Galbraith a John Kennedy, ele se diverte com
seu próprio ego. ‘Primeira Lei de Galbraith’, diz uma almofada bordada,
abrigada na estante de sua sala de estar em Cambridge, Massachussets: ‘A
modéstia é uma virtude muito superestimada’.”
“Os conservadores, por outro lado, usando ‘a chamada economia da
oferta’, tem lutado para forjar a noção de que recompensar os ricos resultará
em progresso social. ‘A doutrina básica de Reagan foi de que se você
alimentasse o cavalo com bastante aveia, alguns grãos cairiam na estrada para
os pardais’, observa com aspereza Galbraith.”
“Lyndon Johnson seria a fonte de uma das histórias favoritas de
Galbraith. ‘Já pensou, Ken, que fazer um discurso sobre economia,’
perguntou-lhe o presidente, ‘é como mijar na própria perna? Parece quente para
você, mas não é assim para ninguém mais’.”
“A diferença de renda deve ser reduzida, particularmente pela melhoria
das condições daqueles que agora vivem em privação. Nada nega tanto o prazer da
vida, e na verdade a própria liberdade, do que uma ausência total de dinheiro.
Ou algo perto disso. Um país rico pode garantir uma renda para os destituídos.
Se alguns não trabalham, que seja. Os ricos são também conhecidos
ocasionalmente por preferirem o lazer.
No mundo há populações grandemente empobrecidas. Pessoas são assim: elas
sofrem a dor da inanição, falta de abrigos e doenças, onde quer que estejam.
Como seres humanos, devem ser objetos de nossa compaixão e de nosso auxílio,
nossa atenção.
Devemos também agora reconhecer que o fim do colonialismo deixou alguns
países sem nenhum governo, ou com governos cruéis, inegavelmente ruins ou
incompetentes que se recusam a qualquer esperança de bem-estar. Nos anos a
frente, deve haver um procedimento pelo qual uma ONU fortalecida suspenda a
soberania de países cujos governos estejam destruindo seus povos. Não podemos,
com a consciência tranquila, continuar a aceitar tal crueldade de décadas como
foi experimentada, e ainda é, no Congo. E em outros lugares. E mais
genericamente, deve haver disposição e ampla ajuda econômica dos países
afortunados para os pobres.
Outros problemas devem ser resolvidos. O capitalismo ainda se presta à
instabilidade que deriva dos erros inconsequentes como ocorre atualmente na
Ásia, em sua forma nascente na Rússia, na América Latina e pode acontecer se
houver um fim para a bolha de Wall Street nos Estados Unidos. Para sanar o
problema socorremos financeiramente os banqueiros e industriais mais propensos
à insanidade causativa. Isso significa restringir a ajuda àqueles que mais
sofrem com o desastre. Assim é a oratória, o Fundo Monetário Internacional, que
socorre os banqueiros e executivos de empresas responsáveis pela crise, exige
restrições orçamentárias à custa dos trabalhadores e do povo. Devemos ter o
FMI, mas de uma forma mais compassiva, mais socialmente equitativa. Aqui,
desnecessário dizer, anseio por ver uma mudança (destaque-se que o artigo foi
escrito em 1999).
Por fim, todos os economistas devem, como todos os cidadãos
interessados, deixar de lados considerações triviais para pensar e agir de
forma a dar um fim ao maior dos perigos. Isto é, o da devastação nuclear. A
ocorrência mais profunda disso no último século foi o desenvolvimento de meios
para destruir toda a vida do planeta. Este fim está agora plenamente disponível
nas estocagens de armas nucleares, notavelmente as dos Estados Unidos e da
Rússia. Isso aguarda apenas a autorização de algum político insano ou seus
representantes militares. Já vivemos a ameaça. Nenhum economista pode se
refugiar profissionalmente do perigo onipresente e esmagador da destruição
nuclear. Ninguém pode.” (J. K. Galbraith)
“Daniel Goleman identifica cinco “domínios” principais de inteligência
emocional: o primeiro é a “autoconsciência”, a capacidade de reconhecer suas
próprias emoções, conhecer seus pontos fortes e fracos e criar um senso de
valor pessoal. O segundo é a “autorregulação”, a capacidade de controlar suas
emoções em vez de permitir que elas o controlem. A terceira é a “motivação”, a
força de vontade necessária para alcançar suas metas e se erguer após uma
queda. Enquanto essas primeiras três áreas dizem respeito às próprias emoções,
as duas restantes, a “empatia” e as “habilidades sociais”, relacionam-se com as
emoções de outras pessoas, a capacidade de reconhecê-las e de nutrir
relacionamentos ou inspirar os outros.”
“O dilema humano, em minha opinião, gira em torno de um paradoxo de
arquitetura neural: o cérebro evoluiu de uma forma que confere aos centros
emocionais um poder imenso de ditar nossas reações. E assim mesmo as pessoas
com a maior sofisticação e a mais moderna tecnologia podem reagir com um
repertório emocional primitivo. Einstein apreendeu o dilema com propriedade
quando disse: “A divisão do átomo mudou tudo, exceto o modo como o homem pensa,
e assim derivamos em direção a uma catástrofe sem paralelo”.” (Daniel Goleman)
“Qualquer previsão sobre o futuro deve considerar a instabilidade incendiária
gerada pela interação entre a mudança tecnológica e as estranhas formas de
conduta humana, tanto individual quanto social. Como podem as contingências que
modelaram nosso passado proporcionar algum insight significativo
no próximo milênio? O passado não pode implicar futuros, porque um padrão
inerente na estrutura dos materiais e leis naturais também rompem com
frequência um desdobramento de sequências históricas que de outra forma seria
previsível.
Qualquer sistema complexo deve ser construído lenta e sequencialmente,
adotando um passo (ou alguns) de cada vez e constantemente sendo coordenado ao
longo do caminho. Mas os mesmos sistemas complexos, uma vez estabelecidos,
podem ser destruídos em uma minúscula fração do tempo de construção necessário
– frequentemente em momentos verdadeiramente catastróficos. Um dia de incêndio
destruiu um milênio de conhecimento na biblioteca de Alexandria e séculos de
construção na cidade de Londres. O último blaauwbock da África do Sul e o
último moa da Nova Zelândia pereceram em um rápido tiro ou explodiram por mãos
humanas, mas levaram milhares de anos para evoluir.
A discordância entre o progresso tecnológico e o moral age como um fator
desestabilizador. Nunca saberemos quando e como esses episódios de destruição
ocorrerão, algumas vezes, purgando o antigo para criar um mundo melhor pela
revolução, mas com mais frequência simplesmente ocasionando uma grande
destruição e exigindo um verdadeiro renascer das cinzas de velhos sistemas de
vida que frequentemente – de forma assombrosamente imprevisível – acompanham
episódios de extinções em massa.” (Stephen Jay Gould)
“Todos, com exceção de um punhado de cientistas do clima, acreditam que
o aquecimento global já está sobre nós, e que aos céticos já foi dado tempo
demais. “Tem-se falado notavelmente pouco do fato de que cada mês de 1998 (o
artigo foi escrito em 1999) foi o mais quente desde que registros confiáveis
começaram a ser feitos. Junho de 1997 foi mais quente do que qualquer mês de
junho em 125 anos, e esta quebra de recordes continuou ao longo de 1998 por 18
meses consecutivos. O que poderia convencê-los de que estamos experimentando um
aquecimento global?, pergunta F. Sherwood Rowland. “Se você tirar cara-ou-coroa
com uma moeda de ‘aquecimento versus resfriamento’, e der
‘aquecimento’ 18 vezes seguidas, começará a suspeitar de que talvez ambos os
lados da moeda dizem ‘aquecimento’ e o acaso não existe mais”.”
“Como Amartya Sen assinalou (...) a publicação do importante livro de
Darwin mudou o mundo intelectual irrevogavelmente, sem dúvida, mas ele alerta:
“uma visão do mundo baseada na visão darwiniana do progresso pode também ser
profundamente limitante, porque se concentra em nossas características em vez
de em nossas vidas, e focaliza os próprios ajustes em vez de o mundo em que
vivemos. Essas limitações são particularmente poderosas no mundo contemporâneo,
dada a prevalência de privações remediáveis, como a pobreza, o desemprego, a
destituição, a forme e as epidemias, bem como o declínio ambiental, espécies
ameaças de extinção, brutalidade persistente a animais e as condições de vida
geralmente miseráveis de grande parte da humanidade. Precisamos de Darwin, mas
somente com moderação”.”
“Nossas atitudes para com nossos companheiros humanos nas partes
menos afortunadas do mundo precisam mudar. Enquanto as pessoas em qualquer
lugar do mundo estão morrendo de fome ou de doenças facilmente tratáveis,
gostaria de nos ver assumindo uma visão muito mais negativa daqueles que vivem
no luxo, de forma extravagante, enquanto não contribuímos significativamente para
ajudar os pobres. É ainda pior quando os estilos de vida luxuosos causam
emissões de gases-estufa que mudam o clima de nosso planeta, com consequências
desastrosas para os menos capazes de se opor a isso. Precisamos assumir a
responsabilidade por todos os efeitos de nossos atos – e pelos efeitos de nossa
indiferença também.” (Peter Singer)
Este é um bom livro, seu organizador escolheu bem os autores. A única ressalva que faço é com relação a Francis Fukuyama. O sujeito é realmente lamentável, suas ideias são eivadas, enfim, não há o que extrair de bom dele.
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