Editora: Alfaguara
ISBN: 978-85-60281-71-8
Tradução: José Rubens Siqueira
Opinião: ★★☆☆☆
Páginas: 240
Sinopse: Em O
bom soldado, John e Florence Dowell são americanos bem-sucedidos que, em
viagem pela Europa, tornaram-se amigos íntimos de um casal inglês que à
primeira vista parecem exemplares. Edward Ashbyrnham, ex-militar, é o perfeito
cavalheiro britânico, e a elegante Leonora, uma esposa ideal. Mas por debaixo
das aparências, ambos escondem um casamento repleto de infelicidade e traições.
Em pouco tempo, os Dowell mergulham nessa rede de
falsidades, em uma relação que só poderá levá-los à ruína. A história é contada
por apenas um dos envolvidos - um narrador nem sempre confiável, que omite
fatos, mostra dúvidas e altera a ordem dos eventos. Aos poucos, a trama se
revela, mostrando que há muito mais por trás das aparências do que John e
Florence poderiam imaginar. Nem mesmo o seu casamento é o que parece ser.
“Os exemplos de honestidade que se encontram
neste mundo são tão incríveis quanto os exemplos de desonestidade. Depois de
quarenta e cinco anos nos misturando com nossa própria espécie, devíamos ter
adquirido o hábito de ser capazes de conhecer alguma coisa dos nossos próximos.
Mas não se conhece.”
“Mas a verdadeira ferocidade do desejo, o
verdadeiro calor de uma paixão duradoura e que consome a alma de um homem é a
fome de identidade com a mulher que ele ama. Ele deseja ver com os mesmos
olhos, tocar com o mesmo sentido do tato, ouvir com os mesmos ouvidos, perder
sua identidade, ser envolvido, ser sustentado. Pois seja o que for que se possa
dizer da relação entre os sexos, não existe homem que ame uma mulher e não
deseje ir a ela para renovar sua coragem, para se distanciar de suas
dificuldades. E isso será a mola principal de seu desejo por ela. Nós todos
temos tanto medo, nós todos somos tão sozinhos, nós todos precisamos tanto que
venha de fora a garantia de nosso próprio valor para existir.”
“E quando alguém discute um caso, um longo e
triste caso, vai para trás, vai para frente. A pessoa se lembra de pontos que
havia esquecido e os explica com mais minúcias quando reconhece que esqueceu de
mencioná-los em seus devidos lugares e que, ao omiti-los, podia ter dado uma
falsa impressão.”
“É muito singular que Leonora não tenha
envelhecido nada. Suponho que haja certo tipo de beleza e mesmo de juventude
afeitas ao embelezamento que vem com o suportar da tristeza. Isso está dito de
forma muito elaborada. O que quero dizer é que Leonora, se tudo tivesse
prosperado, podia ter ficado dura demais e, talvez, dominadora. Mas o que acontecera
foi que se limitara a parecer eficiente, e ainda assim compreensiva. A mais
rara de todas as mesclas. E juro que Leonora, à sua maneira contida, dava a
impressão de ser intensamente solidária com o outro. Quando ela ouvia você
parecia estar ouvindo algum som que vinha de muito longe. Mas mesmo assim ouvia
e assimilava o que você dizia, o que, uma vez que a história da humanidade é
uma história de tristezas, era, via de regra, alguma coisa triste.”
“Veja bem, não estou pregando nada contrário
à moralidade aceita. Não estou advogando o amor livre nem neste nem em nenhum
outro caso. A sociedade precisa continuar, suponho, e a sociedade só pode
existir se os normais, se os virtuosos e se os ligeiramente enganosos
florescerem, e se os apaixonados, os teimosos e os sinceros demais forem
condenados ao suicídio e à loucura. Mas acredito que eu mesmo, à minha maneira
frouxa, entro na categoria do apaixonado, do teimoso e do sincero demais.”
Cheguei aqui porque estava à procura de informações sobre o escritor Ford Madox Ford.
ResponderExcluirGostei do seu blog e a seguir vou tentar tornar-me seguidora.
Gábi