Editora: Companhia das Letras
ISBN: 978-85-3591-539-6
Opinião: ★★★★☆
Páginas: 174
Sinopse: Neste
novo romance, o vencedor do prêmio Nobel José Saramago reconta episódios
bíblicos do Velho Testamento sob o ponto de vista de Caim, que, depois de
assassinar seu irmão, trava um incomum acordo com Deus e parte numa jornada que
o levará do jardim do Éden aos mais recônditos confins da criação.
“Quanto ao senhor e às suas esporádicas
visitas, a primeira foi para ver se adão e eva tinham tido problemas com a
instalação doméstica, a segunda para saber se tinham beneficiado alguma coisa
da experiência da vida campestre e a terceira para avisar que tão cedo não
esperava voltar, pois tinha de fazer a ronda pelos outros paraísos existentes
no espaço celeste. De facto, só viria a aparecer muito mais tarde, em data de
que não ficou registo, para expulsar o infeliz casal do jardim do éden pelo
crime nefando de terem comido do fruto da árvore do conhecimento do bem e do
mal. Este episódio, que deu origem à primeira definição de um até aí ignorado
pecado original, nunca ficou bem explicado. Em primeiro lugar, mesmo a
inteligência mais rudimentar não teria qualquer dificuldade em compreender que
estar informado sempre será preferível a desconhecer, mormente em matérias tão
delicadas como são estas do bem e do mal, nas quais qualquer um se arrisca, sem
dar por isso, a uma condenação eterna num inferno que então ainda estava por
inventar.
Em segundo lugar, brada aos céus a
imprevidência do senhor, que se realmente não queria que lhe comessem do tal
fruto, remédio fácil teria, bastaria não ter plantado a árvore, ou ir pô-la
noutro sítio, ou rodeá-la por uma cerca de arame farpado. E, em terceiro lugar,
não foi por terem desobedecido à ordem de deus que adão e eva descobriram que
estavam nus. Nuzinhos, em pelota estreme, já eles andavam quando iam para a
cama, e se o senhor nunca havia reparado em tão evidente falta de pudor, a
culpa era da sua cegueira de progenitor, a tal, pelos vistos incurável, que nos
impede de ver que os nossos filhos, no fim das contas, são tão bons ou tão maus
como os demais.”
“Foi neste exacto momento, isto é, atrasada
em relação aos acontecimentos, que a voz do senhor soou, e não só soou ela como
apareceu ele. Tanto tempo sem dar notícias, e agora aqui estava, vestido como
quando expulsou do jardim do éden os infelizes pais destes dois. Tem na cabeça
a coroa tripla, a mão direita empunha o ceptro, um balandrau de rico tecido
cobre-o da cabeça aos pés. Que fizeste com o teu irmão, perguntou, e caim
respondeu com outra pergunta, Era eu o guarda-costas de meu irmão, Mataste-o,
Assim é, mas o primeiro culpado és tu, eu daria a vida pela vida dele se tu não
tivesses destruído a minha, Quis pôr-te à prova, E tu quem és para pores à
prova o que tu mesmo criaste, Sou o dono soberano de todas as coisas, E de
todos os seres, dirás, mas não de mim nem da minha liberdade, Liberdade para
matar, Como tu foste livre para deixar que eu matasse a abel quando estava na
tua mão evitá-lo, bastaria que por um momento abandonasse a soberba da
infalibilidade que partilhas com todos os outros deuses, bastaria que por um
momento fosses realmente misericordioso, que aceitasses a minha oferenda com
humildade, só porque não deverias atrever-te a recusá-la, os deuses, e tu como
todos os outros, têm deveres para com aqueles a quem dizem ter criado, Esse
discurso é sedicioso, É possível que o seja, mas garanto-te, se eu fosse deus,
todos os dias diria Abençoados sejam os que escolheram a sedição porque deles
será o reino da terra, Sacrilégio, Será, mas em todo o caso nunca maior que o
teu, que permitiste que abel morresse, Tu é que o mataste, Sim, é verdade, eu
fui o braço executor, mas a sentença foi ditada por ti, O sangue que aí está
não o fiz verter eu, caim podia ter escolhido entre o mal e o bem, se escolheu
o mal, pagará por isso, Tão ladrão é o que vai a vinha como aquele que fica a
vigiar o guarda, disse caim, E esse sangue reclama vingança, insistiu deus, Se
é assim, vingar-te-ás ao mesmo tempo de uma morte real e de outra que não
chegou a haver, Explica-te, Não gostarás do que vais ouvir, Que isso não te
importe, fala, É simples, matei abel porque não podia matar-te a ti, pela
intenção estás morto, Compreendo o que queres dizer, mas a morte está vedada
aos deuses, Sim, embora devessem carregar com todos os crimes cometidos em seu nome
ou por sua causa, Deus está inocente, tudo seria igual se não existisse, Mas
eu, porque matei, poderei ser morto por qualquer pessoa que me encontre, Não
será assim, farei um acordo contigo, Um acordo com o réprobo, perguntou caim,
mal acreditando no que acabara de ouvir, Diremos que é um acordo de
responsabilidade partilhada pela morte de abel, Reconheces então a tua parte de
culpa, Reconheço, mas não o digas a ninguém, será um segredo entre deus e caim,
Não é certo, devo estar a sonhar, Com os deuses isso acontece muitas vezes, Por
serem, como se diz, inescrutáveis os vossos desígnios, perguntou caim, Essas
palavras não as disse nenhum deus que eu conheça, nunca nos passaria pela
cabeça dizer que os nossos desígnios são inescrutáveis, isso foi coisa
inventada por homens que presumem de ser tu cá, tu lá com a divindade, Então
não serei castigado pelo meu crime, perguntou caim, A minha porção de culpa não
absolve a tua, terás o teu castigo, Qual, Andarás errante e perdido pelo mundo,
Sendo assim, qualquer pessoa me poderá matar, Não, porque porei um sinal na tua
testa, ninguém te fará mal, mas, em pago da minha benevolência, procura tu não
fazer mal a ninguém, disse o senhor, tocando com o dedo indicador a testa de
caim, onde apareceu uma pequena mancha negra, Este é o sinal da tua condenação,
acrescentou o senhor, mas é também o sinal de que estarás toda a vida sob a
minha protecção e sob a minha censura, vigiar-te-ei onde quer que estejas,
Aceito, disse caim, Não terias outro remédio, Quando principia o meu castigo,
Agora mesmo, Poderei despedir-me dos meus pais, perguntou caim, Isso é contigo,
em assuntos de família não me meto, mas com certeza vão querer saber onde está abel,
e suponho que não lhes irás dizer que o mataste, Não, Não, quê, Não me
despedirei dos meus pais, Então, parte. Não havia mais nada a dizer. O senhor
desapareceu antes que caim tivesse dado o primeiro passo. (...) A eva e adão
ainda restava a possibilidade de gerarem um filho para compensar a perda do
assassinado, mas bem triste há-de ser a gente sem outra finalidade na vida que
a de fazer filhos sem saber porquê nem para quê. Para continuar a espécie,
dizem aqueles que creem num objectivo final, numa razão última, embora não
tenham nenhuma ideia sobre quais sejam e que nunca se perguntaram em nome de
quê terá a espécie de continuar como se fosse ela a única e derradeira
esperança do universo. Ao matar abel por não poder matar o senhor, caim deu já
a sua resposta. Não se augure nada bom na vida deste homem.”
“Há uns três dias, não mais tarde, tinha ele
dito a abraão, pai do rapazito que carrega às costas o molho de lenha, Leva
contigo o teu único filho, isaac, a quem tanto queres, vai à região do monte
mória e oferece-o em sacrifício a mim sobre um dos montes que eu te indicar. O
leitor leu bem, o senhor ordenou a abraão que lhe sacrificasse o próprio filho,
com a maior simplicidade o fez, como quem pede um copo de água quando tem sede,
o que significa que era costume seu, e muito arraigado. O lógico, o natural, o
simplesmente humano seria que abraão tivesse mandado o senhor à merda, mas não
foi assim. Na manhã seguinte, o desnaturado pai levantou-se cedo para pôr os
arreios no burro, preparou a lenha para o fogo do sacrifício e pôs-se a caminho
para o lugar que o senhor lhe indicara, levando consigo dois criados e o filho
isaac. No terceiro dia de viagem, abraão viu ao longe o lugar referido. Disse
então aos criados, Fiquem aqui com o burro que eu vou até lá adiante com o
menino, para adorarmos o senhor e depois voltamos para junto de vocês. Quer
dizer, além de tão filho da puta como o senhor, abraão era um refinado
mentiroso, pronto a enganar qualquer um com a sua língua bífida, que, neste
caso, segundo o dicionário privado do narrador desta história, significa
traiçoeira, pérfida, aleivosa, desleal e outras lindezas semelhantes.”
“Pai, que mal te fiz eu para teres querido
matar-me, a mim que sou o teu único filho, Mal não me fizeste, isaac, Então por
que quiseste cortar-me a garganta como se eu fosse um borrego, perguntou o
moço, se não tivesse aparecido aquele homem para segurar-te o braço, que o
senhor o cubra de bênçãos, estarias agora a levar um cadáver para casa, A ideia
foi do senhor, que queria tirar a prova, A prova de quê, Da minha fé, da minha
obediência, E que senhor é esse que ordena a um pai que mate o seu próprio
filho, É o senhor que temos, o senhor dos nossos antepassados, o senhor que já
cá estava quando nascemos, E se esse senhor tivesse um filho, também o mandaria
matar, perguntou isaac, O futuro o dirá, Então o senhor é rancoroso, Acho que
sim, respondeu abraão em voz baixa, como se temesse ser ouvido, ao senhor nada
é impossível, Nem um erro ou um crime, perguntou isaac, Os erros e os crimes
sobretudo, Pai, não me entendo com esta religião, Hás-de entender-te, meu
filho, não terás outro remédio, e agora devo fazer-te um pedido, um humilde
pedido, Qual, Que esqueçamos o que passou, Não sei se serei capaz, meu pai,
ainda me vejo deitado em cima da lenha, amarrado, e o teu braço levantado, com
a faca a luzir, Não era eu quem estava ali, em meu perfeito juízo nunca o
faria, Queres dizer que o senhor enlouquece as pessoas, perguntou isaac, Sim,
muitas vezes, quase sempre, respondeu abraão, Fosse como fosse, quem tinha a
faca na mão eras tu, O senhor havia organizado tudo, no último momento
interviria, viste o anjo que apareceu, Chegou atrasado, O senhor teria
encontrado outra maneira de te salvar, provavelmente até sabia que o anjo se ia
atrasar e por isso fez aparecer aquele homem, Caim se chama ele, não esqueças o
que lhe deves, Caim, repetiu abraão obediente, conheci-o ainda não era nascido,
O homem que salvou o teu filho de ser degolado e queimado no molho de lenha que
ele próprio havia trazido às costas, Não o foste, meu filho, Pai, a questão,
embora a mim me importe muito, não é tanto eu ter morrido ou não, a questão é
sermos governados por um senhor como este, tão cruel como baal, que devora os
seus filhos, Onde foi que ouviste esse nome, A gente sonha, pai.”
“A história dos homens é a história dos seus
desentendimentos com deus, nem ele nos entende a nós, nem nós o entendemos a
ele.”
“No regresso, por causalidade, detiveram-se
por um momento no caminho onde abraão tinha falado com o senhor, e aí caim
disse, Tenho um pensamento que não me larga, Que pensamento, perguntou abraão,
Penso que havia inocentes em sodoma e nas outras cidades que foram queimadas,
Se os houvesse, o senhor teria cumprido a promessa que me fez de lhes poupar a
vida, As crianças, disse caim, aquelas crianças estavam inocentes, Meu deus,
murmurou abraão e sua voz foi como um gemido, Sim, será o teu deus, mas não foi
o delas.”
“Então Caim disse, Se bem entendi, o senhor e
satã fizeram uma aposta, mas job não pode saber que foi alvo de um acordo de
jogadores entre deus e o diabo, Exactamente, exclamaram os anjos em coro, A mim
não me parece muito limpo da parte do senhor, disse caim, se o que ouvi é
verdade, job, apesar de rico, é um homem bom, honesto, e ainda por cima muito
religioso, não cometeu nenhum crime, mas vai ser castigado sem motivo com a
perda dos seus bens, talvez, como tantos dizem, o senhor seja justo, mas a mim
não me parece, faz-me recordar sempre o que aconteceu com abraão a quem deus,
para o pôr à prova, ordenou que matasse o seu filho isasc, em minha opinião, se
o senhor não se fia das pessoas que creem nele, então não vejo porque tenham
essas pessoas de fiar-se do senhor, Os desígnios de deus são inescrutáveis, nem
nós, anjos, podemos penetrar no seu pensamento, Estou cansado da lengalenga de
que os desígnios do senhor são inescrutáveis, respondeu caim, deus deveria ser
transparente e límpido como cristal em lugar desta contínua assombração, deste
constante medo, enfim, deus não nos ama, Foi ele quem te deu a vida, A vida
deram-ma meu pai e minha mãe, juntaram a carne à carne e eu nasci, não consta
que deus estivesse presente no acto, Deus está em todo o lado, Sobretudo quando
manda matar, uma só criança das que morreram em sodoma bastaria para o condenar
sem remissão, mas a justiça, para deus, é uma palavra vã, agora vai fazer
sofrer job por causa de uma aposta e ninguém lhe pedirá contas, Cuidado, caim,
falas demais, o senhor está a ouvir-te e tarde ou cedo te castigará, O senhor
não ouve, o senhor é surdo, por toda a parte se lhe levantam súplicas, são
pobres, infelizes, desgraçados, todos a implorar o remédio que o mundo lhes
negou, e o senhor vira-lhes as costas, começou por fazer uma aliança com os
hebreus e agora fez um pacto com o diabo, para isto não valia a pena haver
deus. Os anjos protestaram indignados, ameaçaram deixá-lo ali sem emprego, com
o que o debate teológico terminou e as pazes mais ou menos ficaram feitas. Um
dos anjos chegou mesmo a dizer, Creio que o senhor apreciaria discutir contigo
sobre estes assuntos, Talvez algum dia, respondeu caim.”
“A mulher de job, de quem até agora não
tínhamos ouvido uma palavra, nem sequer para chorar a morte dos seus dez
filhos, achou que já era hora de desabafar e perguntou ao marido, Ainda
continuas firme na tua rectidão, eu, se fosse a ti, se estivesse no teu lugar,
amaldiçoaria a deus ainda que daí me viesse a morte, ao que job respondeu, Estás
a falar como uma ignorante, se recebemos o bem da mão de deus, por que não
receberíamos também o mal, esta foi a pergunta, mas a mulher respondeu irada,
Para o mal estava aí satã, que o senhor nos apareça agora como seu concorrente
é coisa que nunca me passaria pela cabeça, Não pode ter sido deus quem me pôs
neste estado, mas satã, Com a concordância do senhor, disse ela, e acrescentou,
Sempre ouvi dizer aos antigos que as manhas do diabo não prevalecem contra a
vontade de deus, mas agora duvido de que as coisas sejam assim tão simples, o
mais certo é que satã não seja mais que um instrumento do senhor, o encarregado
de levar a cabo os trabalhos sujos que deus não pode assinar com seu nome.”
“Suponho que o senhor estará feliz, disse aos
anjos, ganhou a aposta contra satã e, apesar de tudo quanto está a sofrer, job
não o renegou, Todos sabíamos que não o faria, Também o senhor, imagino, O
senhor primeiro que todos, Isso quer dizer que ele apostou porque tinha a
certeza de que ia ganhar, De certo modo, sim, Portanto, tudo ficou como estava,
neste momento o senhor não sabe mais de job do que aquilo que sabia antes,
Assim é, Então, se é assim, expliquem-me por que está job leproso, coberto de
chagas purulentas, sem filhos, arruinado, O senhor arranjará maneira de o
compensar, Ressuscitará os dez filhos, levantará as paredes, fará regressar os
animais que não foram mortos, perguntou caim, Isso não sabemos, E que fará o senhor a satã, que tão mau uso,
pelos vistos, parece ter feito da autorização que lhe foi dada, Provavelmente
nada, Como, nada, perguntou caim em tom escandalizado, mesmo que os escravos
não contem para as estatísticas, há muita outra gente morta, e ouço que provavelmente
o senhor não irá fazer nada, No céu as coisas sempre foram assim, não é nossa
culpa, Sim, quando numa assembleia de seres celestes está presente satã, há
qualquer coisa ali que o simples mortal não entende.”
“Não sabes a força que têm os anjos, com um
só dedo levantariam uma montanha, o que me vale é serem tão disciplinados, não
fosse isso e já teriam organizado um complô para me deporem, Como satã, disse
caim, Sim, como satã, mas a este já lhe encontrei a maneira de o trazer
contente, de vez em quando deixo-lhe uma vítima nas mãos para que se
entretenha, e isso lhe basta, Tal como fizeste a job, que não ousou
amaldiçoar-te, mas que leva no coração toda a amargura do mundo, Que sabes tu
do coração de job, Nada, mas sei tudo do meu e alguma coisa do teu, respondeu
caim, Não creio, os deuses são como poços sem fundo, se te debruçares neles nem
mesmo a tua imagem conseguirás ver, Com o tempo todos os poços acabam por
secar, a tua hora também há-de chegar. O senhor não respondeu, mas olhou
fixamente caim e disse, O teu sinal na testa está maior, parece um sol negro a
levantar-se do horizonte dos olhos, Bravo, exclamou caim batendo palmas, não
sabia que fosses dado à poesia, É o que eu digo, não sabes nada de mim.”
“Entretanto, porém, uma das noras de noé, a
mulher de cam, havia morrido num acidente. Ao contrário do que deixámos antes
dito ou dado a entender, havia uma grande necessidade de mão-de-obra na barca,
não de marinheiros, é certo, mas de pessoal de limpeza. Centenas, para não
dizer milhares de animais, muitos deles de grande porte, enchiam a abarrotar os
porões e todos cagavam e mijavam que era um louvar a deus. Limpar aquilo,
baldear toneladas de excrementos todos os dias era uma duríssima prova para as
quatro mulheres, uma prova física em primeiro lugar, pois dali saíam exaustas
as pobres, mas também sensorial, com aquele insuportável fedor a merda e urina
que traspassava a própria pele. Foi num desses dias de tempestade desabalada,
com a arca a ser sacudida pela tormenta e os animais a atropelarem-se uns aos
outros, que a mulher de cam, tendo escorregado no chão imundo, foi acabar sob
as patas de um elefante. Lançaram-na ao mar tal como se encontrava,
ensanguentada, suja de excrementos, um mísero despojo humano sem honra nem
dignidade. Por que não a limparam antes, perguntou caim, e noé respondeu, Vai
ter muita água para se lavar. A partir deste momento e até o final da história,
caim irá odiá-lo de morte.”