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terça-feira, 9 de março de 2010

Odisseia – Homero

Editora: Ediouro
ISBN: 978-85-0033-077-3
Tradução: Carlos Alberto Nunes
Opinião: ★★★☆☆
Páginas: 432
Sinopse: Ilíada e Odisseia são os maiores clássicos da literatura ocidental. Seus elementos míticos influenciaram a cultura através dos séculos e ainda conseguem dialogar com leitores de hoje. A Editora Nova Fronteira traz ao mercado uma edição especial dessas obras-primas de Homero, num boxe de luxo, com a famosa tradução de Carlos Alberto Nunes.



(...) “Os mais deuses, no entanto,
já no palácio de Zeus olímpico se achavam reunidos.
Foi o primeiro a falar o dos deuses autor e dos homens (...)
“Caso curioso, que os homens nos culpem dos males que sofrem!
Pois, dizem eles, de nós lhes vão todos os danos, conquanto
contra o Destino, por próprias loucuras, as dores provoquem.”


“Mas para todos a Morte é uma só, nem conseguem os deuses,
indo ao mais caro dos homens, sequer defendê-lo, ao ser ele
pelo Destino exicial alcançado, da Moira funesta.”


“É muito difícil aos homens lutar contra os deuses eternos.”


“Deixa-o partir e na cólera pensa do filho de Crono,
para evitar que se zangue e te advenha, daí, sofrimento.”


“O ferro os guerreiros atrai.”


“Deem-te os deuses obter quantos bens no mais íntimo almejas,
casa e marido, assim como com ele viver em concórdia
sem semelhante, pois nada é mais grato, nem mais de almejar-se,
do que marido e mulher governarem, acordes, a casa,
em comunhão de vontades. Com isso os imigos se irritam,
mas os amigos exultam; ao máximo os dois rejubilam.”


“Quem tem coragem consegue levar a bom termo as empresas em que se mete.”


“Nunca te mostres benévolo para tua própria consorte,
como, também, não lhes contes os teus pensamentos completos,
mas uma parte revela e outra deixa que oculta lhe seja.”


“Vi, também, Tântalo, e o modo por que ele, com pena indizível,
num lago estava metido, com água a bater-lhe no queixo.
Sede sofria; mas era impossível jamais minorá-la,
pois quantas vezes o velho tentava beber e abaixava-se,
era toda a água absorvida, escoando-se; negro surgia-lhe
dos pés à volta o terreno, que sempre um demônio secava.
Árvores altas com frutos vergavam-lhe sobre a cabeça;
eram pereiras, romeiras, macieiras de frutos opimos
mais oliveiras viçosas e figos de gosto agradável.
Mas, quantas vezes o velho tentava com a mão alcançá-las,
o vento forte as tocava para o alto, até as nuvens sombrias.
Vi, também, Sísifo, e o modo por que ele, com pena indizível,
com as mãos ambas tentava arrastar uma pedra enormíssima.
Firma os dois pés no chão duro, com ambas as mãos esforçando-se
para levar para cima o penedo; mas quando pensava
que já vencera o alto monte, com força outra vez retornava.
Dessa maneira, até o plano, rolava o penhasco impudente.
Ele de novo a empurrá-la começa, o suor escorrendo-lhe
dos membros todos, enquanto a cabeça de poeira se cobre.
Héracles vi, depois deles, dotado de força enormíssima,
isto é, somente sua sombra; ele próprio entre os deuses eternos
frui mil delícias, tendo Hebes a seu lado, de pés bem torneados,
filha de Zeus potentíssimo e de Hera, a das áureas sandálias.
Em torno dele se via o alarido dos mortos, qual de aves
que se dispersam com susto; ele, à noite de trevas semelho,
o arco desnudo na mão e, na corda, uma seta disposta,
olha terrível em volta, com gesto de pronto disparo.
Um talabarte potente trazia cingido no peito,
de ouro todo ele, no qual trabalhadas figuras se viam,
ursos e porcos selvagens e leões de mirada terrível,
lutas, combates, e Mortes; e prélios que os homens destroem.
Nunca fizera outro igual, nem lhe fora possível tal coisa,
o próprio artista que com tanto engenho essa peça aprontara.
Reconheceu-me no mesmo momento, ao me ter sob os olhos,
e, entre gemidos, profere as palavras aladas:
“Filo de Laertes, de origem divina, Odisseu engenhoso,
mísero! Certo também um destino funesto te coube,
tal como a mim me tocou, quando aos raios do Sol eu sofria.
Conquanto filho do Crônida, Zeus poderoso, trabalhos
inumeráveis sofri. Por um homem que me era somenos
fui subjugado, o qual muitos trabalhos me impôs, infamantes.
De certa vez me mandou até aqui, porque o cão lhe levasse,
pois não supunha que houvesse trabalho mais grave do que esse.
Mas consegui subjugá-lo e arrastá-lo do de Hades palácio.
A de olhos glaucos, Atena, com Hermes, de guia serviram-me.”


“Logo já realizado isso tudo; atenção ora presta
ao que te passo a dizer: aliás, há de um deus recorda-to.
Primeiramente, hás de ir ter às Sereias, que todos os homens
que se aproximam dali, com encantos prender têm por hábito.
Quem quer que, por ignorância, vá ter às Sereias, e o canto
delas ouvir, nunca mais a mulher nem os tenros filhinhos
hão de saudá-lo contentes, por não mais voltar para casa.
Enfeitiçado será pela voz das Sereias maviosas.
Elas se encontram num prado; ao redor se lhe veem muitos ossos
de corpos de homens desfeitos, nos quais se engrouvinha a epiderme.
Passa de largo, mas tapa os ouvidos de todos os sócios
com cera doce amolgada, porque nenhum deles o canto possa escutar.
Mas tu próprio, se ouvi-las quiseres, é força
que pés e mão no navio ligeiro te amarrem os sócios,
em torno ao mastro, de pé, com possantes calabres seguro,
para que possas as duas sereias ouvir com deleite.
Se lhes pedires, porém, ou ordenares, que os cabos te soltem,
devem mais forte amarras à volta do corpo apertar-te.”


(...) “O porqueiro levanta-se
para fazer a partilha; de espírito justo era ornado.
Em sete partes iguais dividiu toda a carne existente;
às ninfas uma reserva e para Hermes, o filho de Maia,
a quem dirige orações; as demais entre os homens divide.
O dorso inteiro do porco de dentes recurvos destina
para Odisseu, o que fez que o senhor se alegrasse no espírito.
Disse-lhe, então, Odisseu, o guerreiro solerte, o seguinte:
“Possas, Eumeu, ser tão caro a Zeus pai como a mim és agora,
pois apesar do que sou me distingues por essa maneira.”
Deste-lhe, Eumeu, em resposta, as seguintes palavras aladas:
“Come, infeliz mais que todos, e alegra-te apenas com isso
posto em tua frente, que Zeus umas coisas concede, outras nega,
tal como na alma lhe apraz, pois que pode fazer quanto queira.”


“O coração das mulheres bem sabes como é constituído.
Quer que prospere somente o palácio do novo consorte;
Nem do primeiro marido, que a Morte levou, nem dos filhos
dele provindos se lembra jamais, nem, tampouco, pergunta.”


“Sono demais prejudica.”


(...) “Falou-lhe, então, palas Atena:
“Filho de Laertes, de origem divina, Odisseu engenhoso,
ora convém conversares o filho, sem nada ocultar-lhe,
como deveis combinar a maneira do exício dos moços
e dirigir-vos à muito famosa cidade. Por muito
tempo não hei de ficar afastada, que anseio por lutas.”


“A vergonha é ruim companheira de quem necessita.”


“Os vagabundos e os pobres têm todos a mesma aparência.”


“Zeus pai, nenhum dos eternos te pode vencer em crueldade!
Pouco te importam os homens, conquanto de ti venham todos,
quando entre dores cruéis se debatem, em males sem conta.”


(...) “sempre foste querido dos deuses.
Não se apagou com tua Morte o teu nome: porém para sempre
entre os mortais hás de fruir, grande Aquiles, renome glorioso.”


“Todos os homens precisam da ajuda dos deuses eternos.”

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