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quinta-feira, 23 de abril de 2009

Adultérios, de Woody Allen

Editora: L&PM

ISBN: 978-85-2541-696-4

Tradução: Cássia Zanon

Opinião: ★★★★☆

Páginas: 200

Sinopse: Adultérios traz três histórias de Woody Allen, engraçadíssimas, espirituosas e agradabilíssimas de ler, todas sobre infidelidade, todas passadas em Nova York e arredores. Os personagens, típicos nova-iorquinos, surgem em cena de forma insuspeita, mas as coisas mais inesperadas acontecem – ou são reveladas –; faz-se o caos e a delícia dos leitores.

Nestas peças, encenadas com sucesso nos Estados Unidos, encontramos na verdade várias temáticas que são preocupações recorrentes na obra do autor. É o caso das pessoas que tentam racionalizar as próprias ações, que se debatem com as possibilidades e as angústias da arte e, é claro, com a tentação dos casos extraconjugais. Temos aqui Allen – o frasista, o genial piadista – em plena forma cômica. Tudo no melhor estilo dos diálogos frenéticos e cheios de verve que são a marca do mestre.




“Coerência é o fantasma das mentes pequenas.”

 

 

“(Jim:) – Por que diabos estou tendo um caso? Seis horríveis meses de restaurantes escuros, bares tristes e quartos de hotel baratos. Isso sem falar nos telefonemas furtivos, na tensão e no desprezo por mim mesmo.

(Fred:) – O que o seu psiquiatra disse sobre isso?

– Ele me disse para parar.

– E você...

– Eu parei... de ir ao psiquiatra.

– Melhor assim, a maioria deles tem um gravador escondido.”

 

 

“(Fred:) – Você não pode contar à Lola que está tendo um caso há seis meses.

(Jim:) – Por que não? Se eu levar flores...

– Não há flores suficientes nem no Jardim Botânico.”

 

 

“(Jim:) – Fred, não vou matá-la.

– Não vai?

– É algo psicótico... você é psicótico.

– E você é só neurótico, de modo que tenho muito a ensinar. Sou hierarquicamente superior a você.”

 

 

“(Fred:) – Se você não ceder a todas as exigências, ela vai contar todos os detalhes a Lola. Lola ama você... e daí que ela teve certa obsessão pós-parto com os gêmeos? Tenho certeza de que vai passar, e vocês voltarão a transar todos os Dias de Ação de Graças.”

 

 

“(Jim:) – Não estou dizendo que não teria sorte se a Bárbara... Se ela...

(Fred:) – Pode dizer.

– Morresse. Mas ela é um ser humano.

– Você diz isso como se fosse uma coisa boa.

– E não é?

– Não sei. Você já foi a uma reunião de condomínio?”

 

____________________________

 

“(Sheila:) – Há quanto tempo vocês dois estão tendo um caso ardente?

(Norman:) – Não faz muito tempo.

(Jenny:) – Três anos.

(Norman:) – Seis meses.

(Jenny:) – Um ano.

(Norman:) – E meio.

(Jenny:) – Não faz muito tempo.

(Norman:) – Estivemos muito tempo separados.

(Sheila:) – Como você pôde fazer isto, você é minha irmã!

(Jenny:) – O que eu posso dizer? Nós nos apaixonamos.

(Norman:) – Não era amor, era só sexo.

(Jenny:) – Você disse que era amor.

(Norman:) – Eu nunca usei esta palavra. Eu dizia que eu “gostava” de você... que eu sentia “saudade” de você... que eu “precisava” de você... que eu “não conseguia viver sem você”... mas não amor.

(Sheila:) – Durante todo este tempo em que você dividiu a cama comigo, você vinha dormindo com a Jenny.

(Norman:) – O que eu posso fazer se ela me seduziu?

(Jenny:) – Eu seduzi você?”

 

 

“(Sandy:) – Além disso, você sempre jurou que ela não atraía você.

(Hal:) – É verdade, jurei isso... jurei sobre a bíblia. Eu sou agnóstico.”

 

 

“(Sheila:) – Quem sou eu para julgar os outros e jogar fora anos de proximidade e amor porque meu marido, o dentista, estava metendo a broca na minha irmã?”

 

____________________________

 

 

“(Carol:) – Qual foi o motivo que ele deu para pedir a separação?

(Phyllis:) – Que ele não me ama... não gosta de ficar perto de mim... que fica com falta de ar de se imaginar passando de novo pela triste coreografia de fazer sexo comigo. Esses são os vagos motivos que ele dá, mas acho que só está sendo educado. Na verdade, acho que ele não gosta da minha comida.

– Que estranho.

– Bom, para mim foi estranho, mas eu não sou muito perspicaz... sou só uma analista.

– Ele nunca disse nada... nem deu alguma pista?

– Nunca disse nada... mas isso foi provavelmente porque ele nunca falava.

– Bem, Phyllis...

– Quer dizer, nós conversávamos... não era só “passe o sal”, embora isso também surgisse de vez em quando.

– Vocês devem ter tido conversas em que ele tenha dado alguma indicação...

– Deixe-me colocar da seguinte maneira: nós dois falávamos, mas ao mesmo tempo. O que estou querendo dizer é que havia dois falantes, nenhum ouvinte.

– Falha na comunicação.

– Meu Deus, Carol, você vai direto ao cerne das coisas, hein?

– Bom, isso deveria ter lhe dito alguma coisa.

– E disse.

– E então, o que foi?

– Não sei, eu não estava ouvindo, estava falando.”

 

 

“(Phyllis): – Meu Deus, você não vai ficar bravo?

(Howard:) – Para quê? Isso não vai desfazer as coisas.

– Há um momento para ser racional, e um momento para perder as estribeiras... eu deixo as facas de carne na cozinha.”

 

 

“As pessoas nunca nos odeiam pelas nossas fraquezas... elas nos odeiam pelos nossos pontos fortes.”

 

 

“Lembre-se, Juliet... o casamento é a morte da esperança.”

Um comentário:

  1. encontrei seu blog exatamente por estar lendo esse livro do woody allen, engrassadissimo! iclusive vou publicar seu post no twitter.

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