Editora: L&PM
ISBN: 978-85-2540-676-7
Tradução: Sergio Flaksman
Opinião: ★★★★☆
Páginas: 148
Sinopse: Publicado
em forma de livro em 1902, Coração das trevas é um dos grandes clássicos
da literatura do século XX, conhecido também por ter servido de base para o
filme Apocalypse now!, obra-prima de Francis Ford Coppola. Nessa nova
tradução de Sergio Flaksman, a prosa conradiana aparece em todos os seus
contornos e trejeitos, conforme o leitor acompanha a viagem do protagonista
Marlowe pelo coração sombrio da selva africana. A missão de Marlowe é trazer de
volta Kurtz, um mercador de marfim cujos métodos passam a desagradar a companhia
mercante que o contratou. Dividido entre o fascínio e a repulsa por Kurtz,
Marlowe aos poucos vai descobrindo a natureza desses métodos.
“Nos trópicos, deve-se antes de tudo, manter
a calma.”
“É estranho como as mulheres não têm contato
com a verdade. Vivem num mundo próprio, que nunca existiu, que nunca existirá.
É, no todo, bonito demais, e, se elas fossem construí-lo, cairia em pedaços
antes do primeiro pôr-do-sol. Teria início algo abominável, com o qual nós
homens temos convivido satisfatoriamente desde o início da Criação, e
derrubaria a coisa toda.”
“Há um laivo de morte, um gosto macabro em
mentiras – e é exatamente isso o que detesto no mundo -, o que procuro
esquecer. Faz-me sentir péssimo, doente, como se mordesse uma coisa podre.”
“Nenhum medo pode suportar a fome, nenhuma
paciência pode esgotá-la, a repugnância simplesmente não existe onde há fome; e
quanto a superstições, crenças e o que se poderia chamar de princípios são
menos do que palha soprada pelo vento.”
“Coisa engraçada é a vida – misterioso
arranjo de lógica implacável para um propósito fútil. O máximo que você pode
esperar dela é algum conhecimento de si próprio... que chega tarde demais...
uma colheita de inesgotáveis arrependimentos. Eu havia lutado com a morte. É o
combate mais desinteressante que se pode imaginar. Acontece numa impalpável
zona cinzenta, com nada sob os pés, nada ao redor, sem espectadores, sem
clamor, sem glória, sem o grande desejo de vitória, sem o grande medo da
derrota, numa atmosfera doentia de tépido ceticismo, sem muita fé em nossos
próprios direitos, e menos ainda nos do seu adversário. Se tal é a forma da
última e definitiva sabedoria, então a vida é um quebra-cabeça maior do que alguns
de nós supõem que seja. Eu estava a milímetros da minha última oportunidade
para fazer um pronunciamento, e descobri, com humilhação, que provavelmente não
teria nada para dizer.”
“Achei-me de volta à cidade sepulcral,
ressentindo a visão de pessoas com pressa nas ruas para roubar um pouco de
dinheiro umas das outras, devorar sua infame cozinha, engolir sua cerveja
insalubre, sonhar seus sonhos insignificantes e tolos. Atropelaram meus
pensamentos. Eram intrusos cujo conhecimento da vida era para mim uma pretensão
irritante, porque me sentia bastante seguro de que não tinham condição de saber
as coisas que eu sabia.”
Esse livro me pegou de jeito...
ResponderExcluircoisa engraçada é a vida...