quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Novelas nada exemplares – Dalton Trevisan

Editora: Record / Altaya
ISBN: 978-85-011-5909-0
Opinião: ★★☆☆☆
Páginas: 178
Sinopse: Nada neste livro é comum. De um mundo aparentemente sem sobressaltos, o autor curitibano faz surgir personagens cujas histórias são marcadas pela crueldade e pelo patético.



“Mais fácil morrer do que se livrar do cadáver.”


“Tardes alucinadas de febre, Chico se lembrava do pai. Severo, não admitia riso. Quando fugiu de casa imaginou que nem lhe desse pela falta. Nunca escreveu, informando o endereço, na ronda das pensões. Tarde demais soube que o velho não deixou retirar seu guardanapo da mesa. A mãe colocava mais um prato, como se Chico viesse, todos aqueles anos, almoçar e jantar em casa. De noite, o pai subia ao quarto do rapaz: “Chico, Chico, você voltou?” Morreu antes que o filho visitasse a família. Agora sonhava com o velho, ao lado da cama: “Chico, veio pra casa, meu filho?


“O destino da mulher é esperar pelo marido e, depois do marido, pelos filhos.”


“Às mães não foi dado entender os filhos, apenas amá-los.”


“Os pardais o acordam de manhã. “Malditos!” gemendo, enterra a cabeça no travesseiro. Malditos pardais – o dia: mais um dia. Quietinho, morde o lençol, abafa os gritos: “Não acordei, estou dormindo. Não são os pardais, mas os grilos...” Quem dera esganar todos os pardais da cidade.
Cabeça nas mãos, repete sempre – “São os grilos, eis que são os grilos.” Em vez de abrir a janela, acende a luz.
Onde a coragem de enfrentar o espelho? Sobreviveu ao pior: já fez a barba. Não mais ver aquela cara e, coçando o queixo, interrogar-se: “Para quê?”.
O espelho nunca deu a resposta. Resiste aos dias, com ódio dos pardais. Ah, não piassem com tanta alegria, quem sabe o sol deixasse de nascer.
O queixo ensaboado, xinga-se em voz baixa: “Por que não morre?”. Ao frio da navalha, os dedos tremem. Alcança a garrafa, bebe no gargalo. Dos olhos escorrem gotas de amargura, nem sequer lágrimas.
No canto do espelho o retratinho da filha, única maneira de aceitar o próprio rosto.”


“Olho vermelho de dorminhoco, o filho saiu do quarto e atravessou a cozinha. O homem batia as pálpebras, embevecido com os vapores capitosos.
– Aonde é que vai?
O filho abriu a torneira do banheiro:
– Fazer a barba.
– Hora da janta. Vem comer.
Demorava-se o rapaz, torneira fechada. Com a toalha no pescoço, não olhou o pai.
– Não quero jantar. Sem fome.
O homem suspendeu a colher:
– Não quer jantar, mas vem para a mesa.
O homem sugava ruidosamente e, a cada chupão, o filho revolvia a ponta do garfo no coração das margaridas.
– Saiu agora do quarto, filho de barão! Mas eu... Quando me deitar de dia na cama é para morrer!”


“Ele tinha princípios – o mais importante, barbear-se todos os dias.”

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O mundo assombrado pelos demônios: a ciência vista como uma vela no escuro (Parte I), de Carl Sagan

Editora: Companhia das Letras
ISBN: 978-85-716-4606-3
Tradução: Rosaura Eichenberg
Opinião: ★★★★☆
Páginas: 448
Sinopse: Assombrado com a escuridão que parece tomar conta do mundo, onde explicações pseudocientíficas e místicas ocupam cada vez mais os espaços dos meios de comunicação, Carl Sagan acende a vela do conhecimento científico para tentar iluminar os dias de hoje e recuperar os valores da racionalidade. Em meio a anjos e ETs, astrólogos e médiuns, fundamentalismos religiosos e filosofias alternativas, dois mais dois continuam a ser quatro e as leis da mecânica quântica permanecem valendo em qualquer parte do planeta. Este livro é uma reafirmação plena do poder positivo e benéfico da ciência e da tecnologia.


“Na Universidade de Chicago, também tive a sorte de participar de um programa de educação geral planejado por Robert M. Hutchins, em que a ciência era apresentada como parte integrante da magnífica tapeçaria do conhecimento humano. Considerava-se impensável que alguém desejasse ser físico sem conhecer Platão, Aristóteles, Bach, Shakespeare, Gibbon, Malinowski e Freud – entre muitos outros. Numa aula de introdução à ciência, a visão de Ptolomeu de que o Sol gira ao redor da Terra era apresentada de forma tão convincente que alguns estudantes se flagravam reavaliando seu compromisso com a teoria de Copérnico. No currículo de Hutchins, o status dos professores não tinha quase nada a ver com a sua pesquisa; inflexivelmente – ao contrário do padrão moderno da universidade norte-americana –, os professores eram avaliados pelo seu ensino, pela sua capacidade de informar e inspirar a próxima geração.”


“Toda a nossa ciência, comparada com a realidade, é primitiva e infantil – e, no entanto, é a coisa mais preciosa que temos.” (Albert Einstein)


“Nos tempos pré-agrícolas dos caçadores-coletores, a expectativa de vida humana era cerca de 20... 30 anos. Essa era também a expectativa de vida na Europa ocidental no final do Império Romano e na Idade Média. Ela só aumentou para quarenta por volta de 1870. Chegou a cinquenta em 1915, a sessenta em 1930, a setenta em 1955, e está se aproximando de oitenta hoje em dia (um pouco mais para as mulheres, um pouco menos para os homens). O resto do mundo está repetindo o incremento europeu da longevidade. Qual é a causa dessa transição humanitária espantosa e sem precedentes? A teoria microbiana das doenças, as medidas de saúde pública, os remédios e a tecnologia médica. A longevidade talvez seja a melhor medida da qualidade física da vida. (Se você está morto, pouco pode fazer para ser feliz.) Essa é uma dádiva preciosa da ciência à humanidade – nada menos do que o dom da vida.”


“Onde a ignorância é uma bênção é uma loucura ser sábio”. (Thomas Gray)


“Uri Geller, o paranormal entortador de colheres e canalizador de extraterrestres, vem de Israel. À medida que crescem as tensões entre os secularistas argelinos e os fundamentalistas muçulmanos aumenta o número de gente que consulta discretamente os dez mil adivinhos e clarividentes (dos quais perto da metade operam com licença do governo). Altos funcionários franceses, incluído um antigo presidente da República, ordenaram o investimento de milhões de dólares em uma empresa fraudulenta (o escândalo da Elf-Aquitaine) que se propunha a encontrar novas reservas de petróleo do ar. Na Alemanha há preocupação pelos “raios da Terra” cancerígenos que a ciência não detecta; só podem ser captados por adivinhos experientes brandindo forquilhas. Nas Filipinas floresce a “cirurgia psíquica”. Os fantasmas são uma obsessão nacional na Grã-Bretanha. Desde a segunda guerra mundial, o Japão viu proliferarem uma enorme quantidade de novas religiões que prometem o sobrenatural. O número estimado de adivinhos que prosperam no Japão é de cem mil, com uma clientela majoritária de mulheres jovens. A Aum Shirikyo, uma seita que se supõe estar envolvida no atentado com gás sarin no metrô de Tókio em março de 1995, conta entre seus principais dogmas a levitação, a cura pela fé e a percepção extra-sensorial (EPS). Os seguidores bebiam, a um alto preço, a água do “lago milagroso”... do banho de Asahara, seu líder. Na Tailândia se tratam enfermidades com pastilhas fabricadas com as Escrituras Sagradas pulverizadas. Ainda hoje se queimam “bruxas” na África do Sul. As forças australianas que mantêm a paz no Haiti resgataram uma mulher atada a uma árvore; ela é acusada de voar de telhado em telhado e de sugar o sangue das criancinhas. A astrologia é disseminada na Índia, a geomancia muito difundida na China.”


“Um dos grandes mandamentos da ciência é: “Desconfia dos argumentos que procedem da autoridade”.”


“Se você quiser saber quando será o próximo eclipse do Sol, pode procurar mágicos ou místicos, mas terá melhor sorte com os cientistas. Eles lhe dirão onde se posicionar na Terra, quando terá de estar nesse lugar, e se vai ser um eclipse parcial, total ou anular. Eles conseguem prever rotineiramente um eclipse solar, com exatidão de minutos, um milênio antes. Você pode ir ao feiticeiro-curandeiro para que ele desfaça o feitiço que causa a sua anemia perniciosa, ou pode tomar vitamina B12. Se quiser salvar o seu filho da poliomielite, pode rezar ou pode lhe vacinar. Se está interessado em saber o sexo da criança antes do nascimento, pode consultar todas as oscilações do chumbo na linha de prumo (esquerda/direita, um menino; para frente/para trás, uma menina – ou talvez seja o contrário), mas elas acertarão, em média, apenas uma a cada duas vezes. Se quiser uma precisão real (nesse caso, de 99%), tente amniocentese e o ultrassom. Tente a ciência.
Pense em quantas religiões tentam se validar com profecias. Pense em quantas pessoas se baseiam nestas, por mais vagas e irrealizadas que sejam, para fundamentar ou sustentar as suas crenças.”


“Qual é o segredo do sucesso da ciência? Em parte, é esse mecanismo embutido de correção de erros. Não existem questões proibidas na ciência, assuntos delicados demais para ser examinados, verdades sagradas. Essa abertura para novas ideias, combinada com o mais rigoroso exame cético de todas as ideias, separa o joio do trigo.”


“Um extraterrestre, recém-chegado à Terra – examinando o que em geral apresentamos às nossas crianças na televisão, no rádio, no cinema, nos jornais, nas revistas, nas histórias em quadrinhos e em muitos livros – poderia facilmente concluir que fazemos questão de lhes ensinar assassinatos, estupros, crueldades, superstições, credulidade e consumismo. Continuamos a seguir esse padrão e, pelas constantes repetições, muitas das crianças acabam aprendendo essas coisas. Que tipo de sociedade não poderíamos criar se, em vez disso, lhes incutíssemos a ciência e um sentimento de esperança?”


“John Mitchell, um britânico entusiasta do oculto, diz que “condicionados por crenças racionalistas, nossa visão do mundo é mais insossa e limitada do que pretendia a natureza”. Mitchell não revela mediante quais processos ele sondou as intenções da natureza.”


““Um sinal inequívoco do amor à verdade – escrevia John Locke em 1690—, é não manter nenhuma proposição com maior segurança do que garantem as provas nas quais se apoia.” No tema dos óvnis, qual é a força das provas?”


“Eu me interessara pela possibilidade de vida extraterrestre desde a infância, desde muito antes de ouvir falar de discos voadores. Continuei fascinado por muito tempo depois que diminuiu meu primeiro entusiasmo pelos UFOs – quando compreendi melhor este professor desumano chamado método científico: tudo depende da questão da evidência. Sobre um tema tão importante, a evidência deve ser irrefutável. Quanto mais desejamos que seja verdade, mais cuidadosos temos que ser. Nenhum depoimento de testemunhas é bom o suficiente. As pessoas cometem erros. As pessoas fazem brincadeiras. As pessoas exageram a verdade para conseguir dinheiro, atenção ou fama. As pessoas de vez em quando compreendem errado o que veem. As pessoas às vezes até veem coisas que não existem. (...)
Como foi revelado por repetidas pesquisas de opinião, durante anos, a maioria dos norte-americanos acredita que estamos sendo visitados por seres extraterrestres que se deslocam em UFOs. Numa pesquisa Roper de 1992, que abrangeu 6 mil adultos norte-americanos – especialmente encomendada por aqueles que tomam as histórias de rapto por alienígenas ao pé da letra –, 18% informaram terem às vezes acordado paralisados, cientes da presença de um ou mais seres estranhos no quarto. Cerca de 13% relatam episódios estranhos de lapsos de memória e 10% afirmam terem voado pelo ar sem ajuda mecânica. Só por esses resultados, os patrocinadores da pesquisa concluem que 2% de todos os norte-americanos foram raptados, muitos mais de uma vez, por seres de outros mundos. Se os entrevistados haviam sido sequestrados por alienígenas, é uma pergunta que nunca lhes foi realmente proposta.
Se acreditarmos na conclusão tirada por aqueles que financiaram e interpretaram os resultados dessa pesquisa, e se os alienígenas não têm preferência exclusiva pelos norte-americanos, o número de raptos em todo o planeta atinge mais de 100 milhões de pessoas. Isso significa um sequestro a cada fração de minuto durante as últimas décadas. É surpreendente que a maioria dos vizinhos não tenha percebido nada. (...)
Repetidos levantamentos demonstraram que 10% a 25% das pessoas comuns, de comportamento normal, experimentaram, pelo menos uma vez em sua vida, uma alucinação muito vívida – em geral escutaram uma voz, ou viram uma forma quando nada havia ao seu redor. Mais raramente, as pessoas sentem um aroma obsessivo, escutam música, ou recebem uma revelação que lhes advém independentemente dos sentidos. Em alguns casos, essas sensações se tornam acontecimentos pessoais transformadores ou profundas experiências religiosas. As alucinações podem ser uma passagem negligenciada para a compreensão científica do sagrado.
Provavelmente, não foram poucas as vezes, desde a morte de ambos, que escutei minha mãe ou meu pai me chamar num tom de voz coloquial. É claro que eles me chamavam com frequência durante nossa vida comum – para fazer qualquer tarefa, para jantar ou para ouvir comentários sobre um acontecimento do dia. Ainda sinto tanta saudade deles que não me parece de modo algum estranho que minha mente recupere de vez em quando uma lembrança lúcida de suas vozes. Alucinações mundanas são comuns.”


“A ideia da aplicação democrática do ceticismo é que todos deveriam ter as ferramentas essenciais para avaliar efetiva e construtivamente as alegações de quem se diz possuidor do conhecimento. O que a ciência exige é tão-somente que façamos uso dos mesmos níveis de ceticismo que empregamos ao comprar um carro usado ou ao julgar a qualidade dos analgésicos ou da cerveja pelos seus comerciais na televisão.
Mas as ferramentas do ceticismo em geral não estão à disposição dos cidadãos de nossa sociedade. Mal são mencionadas nas escolas, mesmo quando se trata de ciência, que é seu usuário mais ardoroso, embora o ceticismo continue a brotar espontaneamente dos desapontamentos da vida diária. A nossa política, economia, propaganda e religiões (Antiga e Nova Era) estão inundadas de credulidade. Aqueles que têm alguma coisa para vender, aqueles que desejam influenciar a opinião pública, aqueles que estão no poder, diria um cético, têm um interesse pessoal em desencorajar o ceticismo.”


“A Agência de Segurança Nacional (NSA) monitora telefones, rádios e outros meios de comunicação tanto de amigos como de adversários dos Estados Unidos. Sub-repticiamente, lê a correspondência do mundo. Seu movimento de interceptações diárias é imenso. Em épocas de tensão, enormes grupos de funcionários da NSA, fluentes nas línguas importantes, ficam sentados com fones de ouvido, monitorando em tempo real todas as informações, desde comandos cifrados do estado-maior da nação-alvo até conversas íntimas. Em relação a outros materiais, há palavras-chave que fazem os computadores selecionarem, para escrutínio humano, mensagens ou conversas específicas de interesse atual urgente. Tudo é armazenado, de modo que seja retrospectivamente possível voltar às fitas magnéticas – para se pesquisar a primeira aparição de um código, por exemplo, ou a responsabilidade de um comando numa crise. Algumas das interceptações são feitas a partir de postos de escuta em países vizinhos (a Turquia no caso da Rússia, a Índia no caso da China), em aviões e navios que estejam patrulhando por perto, ou em satélites de observação na órbita da Terra. Há uma dança contínua de medidas e contramedidas entre a NSA e os serviços de segurança de outras nações, que compreensivelmente não desejam que suas conversas sejam escutadas.”


“O sigilo, com poucas exceções, é profundamente incompatível com a democracia e a ciência.”


“Uma operação de acobertamento para manter quase inteiramente secretas por 45 anos as informações sobre vida extraterrestre ou raptos por alienígenas, com centenas, se não milhares, de funcionários do governo a par das histórias, é algo extraordinário. É certamente rotina manter segredos no governo, até mesmo segredos de substancial interesse geral. Mas o ponto ostensivo desse sigilo é proteger o país e seus cidadãos. Em nosso caso, porém, é diferente. A suposta conspiração das autoridades é para impedir que os cidadãos fiquem sabendo de um contínuo ataque alienígena à espécie humana. Se os extraterrestres estivessem realmente raptando milhares de nós, seria muito mais do que uma questão de segurança nacional. Causaria um impacto sobre a segurança de todos os seres humanos em toda a Terra. Dadas essas condições, será plausível supor que, em quase duzentas nações, tendo conhecimento e evidências reais, ninguém abrisse a boca para defender os seres humanos, em vez de tomar o partido dos alienígenas?
Desde o fim da Guerra Fria, a NASA tem atuado erraticamente, tentando encontrar missões que justifiquem sua existência – especialmente uma boa razão para enviar seres humanos no espaço. Se a Terra estivesse sendo visitada diariamente por alienígenas hostis, a NASA não agarraria essa oportunidade de aumentar seus financiamentos? E, se uma invasão alienígena estivesse em andamento, por que a Força Aérea, tradicionalmente liderada por pilotos, desistiria do voo espacial tripulado e lançaria todas as suas cargas úteis em impulsores auxiliares sem tripulação?
Consideremos a antiga Organização da Iniciativa de Defesa Estratégica, encarregada do projeto “Guerra nas Estrelas”. Está passando por tempos difíceis no momento, particularmente em seu objetivo de instalar defesas no espaço. Seu nome e perspectiva foram rebaixados. Hoje em dia chama-se Organização de Defesa contra Mísseis Balísticos. Já não se reporta diretamente ao secretário de Defesa. É manifesta a incapacidade dessa tecnologia para proteger os Estados Unidos contra um ataque maciço de mísseis com armas nucleares. Mas pelo menos não tentaríamos instalar defesas no espaço, se estivéssemos enfrentando uma invasão alienígena?
O Departamento de Defesa, como os ministérios semelhantes em todas as outras nações, prospera devido aos inimigos, reais ou imaginários. É extremamente implausível que a existência de um adversário desse porte fosse abafada pela própria organização que mais se beneficiaria com a sua presença.”


“De vez em quando recebo uma carta de alguém que está em “contato” com extraterrestres. Sou convidado a “lhes fazer qualquer pergunta”. E assim, com o passar dos anos, acabei preparando uma pequena lista de questões. Os extraterrestres são muito adiantados, lembrem-se. Por isso faço perguntas como: “Por favor, dê uma prova breve do último teorema de Fermat”. Ou a conjetura de Goldbach. E depois tenho de explicar do que se trata, porque os extraterrestres não devem conhecer esses problemas por esses nomes. Assim, escrevo a equação simples com os expoentes. Nunca recebo resposta. Por outro lado, se pergunto coisas como “Deveríamos ser bons?”, quase sempre obtenho uma resposta. Esses alienígenas sentem-se extremamente felizes em responder qualquer questão vaga, especialmente envolvendo juízos morais convencionais. Mas acerca de qualquer problema específico, em que há uma chance de descobrir se eles realmente sabem algo mais do que a maioria dos humanos, há apenas o silêncio. Podem-se tirar algumas deduções dessa capacidade diferenciada de responder perguntas.
Nos bons e velhos tempos, antes do paradigma do rapto por alienígenas, as pessoas levadas a bordo dos UFOs recebiam sermões edificantes sobre os perigos da guerra nuclear, pelo menos era o que relatavam. Hoje em dia, quando tais instruções são ministradas, os extraterrestres parecem fixados na degradação ambiental e na AIDS. O que me pergunto é como os ocupantes dos UFOs podem estar tão ligados nos interesses urgentes ou em moda sobre esse planeta? Por que nem sequer um aviso incidental sobre os CFCs e a diminuição da camada de ozônio nos anos 50, ou sobre o vírus HIV nos anos 70, quando o alerta poderia ter feito realmente algum bem? Por que não nos advertir agora sobre alguma ameaça ao meio ambiente ou à saúde pública que ainda não descobrimos? Será possível que os extraterrestres só conheçam o que conhecem aqueles que relatam a sua presença? E, se um dos principais objetivos das visitas alienígenas é alertar sobre os perigos globais, por que falar apenas a algumas pessoas cujos relatos são de qualquer forma suspeitos? Por que não tomar as redes de televisão por uma noite, ou aparecer com audiovisuais de alertas bem vigorosos diante do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas? Certamente isso não seria muito difícil para quem atravessa voando milhares de anos-luz.”


“A maioria de nós se lembra do terror experimentado, com dois anos de idade ou já mais velhos, diante dos “monstros” de aparência real, mas inteiramente imaginários, sobretudo à noite ou no escuro. Ainda me recordo de ocasiões em que ficava totalmente aterrorizado, escondido sob os lençóis até não poder mais aguentar, quando então disparava para a segurança do quarto de meus pais – isso se conseguisse chegar antes de cair nas garras da... Presença.
O caricaturista norte-americano Gary Larson, que explora o gênero do horror em seus desenhos, escreve a seguinte dedicatória em um de seus livros:
Quando era menino, a nossa casa era repleta de monstros. Eles viviam nos armários, embaixo das camas, no sótão, no porão e – quando estava escuro – praticamente em toda parte. Este livro é dedicado a meu pai, que me manteve a salvo de todos eles.


“O temor das coisas invisíveis é a semente natural do que cada um chama para si mesmo de religião”. (Thomas Hobbes, Leviatã, 1651)


“O papa Inocêncio VIII nomeou os inquisidores Kramer e Sprenger para escreverem uma análise abrangente sobre bruxaria, utilizando toda a artilharia acadêmica do final do século XV. Com citações exaustivas das Escrituras e de eruditos antigos e modernos, eles produziram oMalleus maleficarum, o “Martelo das bruxas” – descrito apropriadamente como um dos livros mais terríveis da história humana.
Thomas Ady, em A candle in the dark (Uma vela na escuridão), qualificou-o de “doutrinas & invenções infames”, “mentiras e impossibilidades horríveis”, servindo para esconder “uma crueldade sem paralelo dos ouvidos do mundo”. O que Malleus dizia, mais ou menos, é que, se a pessoa for acusada de bruxaria, ela é uma bruxa. A tortura é um meio infalível de demonstrar a veracidade da acusação. O réu não tem direitos. Não há oportunidade de acareação com os acusadores. Pouca atenção é dada à possibilidade de que as acusações sejam causadas por objetivos ímpios: inveja, vingança ou a ganância dos inquisidores, que rotineiramente confiscavam para seu proveito pessoal as propriedades do acusado. Esse manual técnico para torturadores também inclui métodos de castigo talhados para liberar os demônios do corpo da vítima, antes que o processo a matasse. Com o Malleus na mão e o incentivo do papa garantido, os inquisidores começaram a surgir por toda a Europa.
Os processos rapidamente se converteram em uma proveitosa fraude. Todos os custos da investigação, julgamento e execução eram pagos pela acusada ou seus parentes: até as diárias dos detetives particulares contratados para espioná-la, o vinho para os seus guardas, os banquetes para os seus juízes, as despesas de viagem de um mensageiro enviado para buscar um torturador mais experiente em outra cidade; os feixes de lenha, o alcatrão e a corda do carrasco. Além disso, os membros do tribunal ganhavam uma gratificação para cada feiticeira queimada. O que sobrava das propriedades da bruxa condenada, se ainda houvesse alguma coisa, era dividido entre a Igreja e o Estado. Quando esse assassinato e roubo em massa, legal e moralmente sancionados, se tornaram institucionalizados, surgiu uma imensa burocracia para servi-lo, e a atenção se desviou das velhas megeras pobres para os membros das classes média e alta de ambos os sexos.
Quanto mais as pessoas – sob tortura – confessavam participar de bruxarias, mais difícil ficava sustentar que toda a história não passava de fantasia. Como cada uma das “bruxas” era forçada a implicar outras, o número crescia exponencialmente. Tudo isso constituía “provas assustadoras de que o Diabo ainda está vivo”, como mais tarde se afirmou na América do Norte por ocasião dos julgamentos das bruxas de Salem. Em uma era de credulidade, o testemunho mais fantástico era levado a sério – de que dezenas de milhares de bruxas tinham se reunido para celebrar em praças públicas da França, ou de que 12 mil feiticeiras escureceram os céus ao voar para a Terra Nova. A Bíblia tinha aconselhado: “Não deves tolerar que uma bruxa viva”. Legiões de mulheres foram queimadas até a morte.* E as torturas mais horrendas eram rotineiramente aplicadas a todas as rés, jovens ou velhas, depois que os padres abençoavam os instrumentos de tortura. O próprio Inocêncio morreu em 1492, após tentativas frustradas de mantê-lo vivo por meio de transfusões (o que resultou na morte de três meninos) e amamentação no peito de uma ama-de-leite. Foi pranteado pela amante e pelos filhos de ambos.”
(*) A Santa Inquisição adotava esse método de execução aparentemente para garantir uma concordância literal com uma bem-intencionada sentença da lei canônica (Concílio de Tours, 1163: “A Igreja abomina o derramamento de sangue”).


“Nos julgamentos das bruxas, evidências atenuantes ou testemunhas de defesa eram inadmissíveis. De qualquer modo, era quase impossível apresentar álibis convincentes para as bruxas acusadas: as regras das provas tinham um caráter especial. Por exemplo, em mais de um caso o marido atestava que sua mulher estava dormindo nos braços dele no exato momento em que era acusada de estar brincando com o diabo num sabá de bruxas; mas o arcebispo explicava pacientemente que um demônio tomara o lugar da mulher. Os maridos não deviam imaginar que seus poderes de percepção podiam superar os poderes da simulação de Satã. As mulheres belas e jovens eram enviadas forçosamente à fogueira.
Havia fortes elementos eróticos e misóginos – como era de se esperar numa sociedade sexualmente reprimida e dominada pelos homens, em que os inquisidores eram tirados da classe de padres pretensamente celibatários. Nos julgamentos, prestava-se bastante atenção à qualidade e à quantidade de orgasmos nas supostas cópulas das rés com os demônios ou com o Diabo (embora Agostinho tivesse se mostrado seguro de que “não podemos chamar o Diabo de fornicador”), e à natureza do “membro” do Diabo (frio, em todos os relatos). As “marcas do Diabo” eram encontradas “em geral sobre os seios ou nas partes pudendas”, segundo o livro escrito por Ludovico Sinistrari em 1700. Em consequência, raspavam-se os pelos púbicos e as genitálias eram cuidadosamente inspecionadas por inquisidores do sexo masculino. Na imolação da jovem de vinte anos, Joana D’Arc, depois que seu vestido pegou fogo, o carrasco de Rouen apagou as chamas para que os espectadores pudessem ver “todos os segredos que podem ou devem existir numa mulher”.
A crônica dos que foram consumidos pelo fogo, somente na cidade alemã de Würtzburg, e apenas no ano de 1598, apresenta estatísticas e permite que nos confrontemos com um pouco da realidade humana:
O intendente do Senado, chamado Gering; a velha sra. Kanzler; a gorda mulher do alfaiate; a cozinheira do sr. Mengerdorf; um estranho; uma mulher estranha; Baunach, senador, o cidadão mais gordo de Würtzburg; o velho ferreiro da corte; uma velha; uma menina de nove ou dez anos; uma menina mais moça, sua irmãzinha; a mãe das duas meninas acima mencionadas; a filha de Liebler; a filha de Goebel, a menina mais bonita de Würtzburg; um estudante que sabia muitas línguas; dois meninos do Minster, cada um com doze anos; a filhinha de Stepper; a mulher que guardava o portão da ponte; uma velha; o filhinho do intendente do conselho da cidade; a mulher de Knertz, o açougueiro; a filhinha de colo do dr. Schultz; uma menina cega; Schwartz, cônego em Hatch...
E assim por diante. Alguns recebiam atenção humanitária especial: “A filhinha de Valkenberger foi executada e queimada privadamente”. Houve 28 imolações públicas, cada uma com quatro a seis vítimas em média, nessa pequena cidade num único ano. Isso era um microcosmo do que estava acontecendo por toda a Europa. Ninguém sabe quantos foram mortos ao todo – talvez centenas de milhares, talvez milhões. Os responsáveis pela acusação, tortura, julgamento, morte na fogueira e justificação eram altruístas. Perguntem a eles.
Eles não podiam estar errados. As confissões de bruxaria não podiam ser alucinações, por exemplo, nem tentativas desesperadas de satisfazer os inquisidores e interromper a tortura. Nesse caso, explicava o juiz de bruxas Pierre de Lancre (em seu livro de 1612, Description of the inconstancy of evil angels – Descrição da inconstância dos anjos maus), a Igreja católica estaria cometendo um grande crime ao queimar as bruxas. Aqueles que apresentam tais hipóteses estão, portanto, atacando a igreja e ipso facto cometendo um pecado mortal. Puniam-se os que criticavam a morte das bruxas na fogueira e, em alguns casos, eles próprios também eram queimados. Os inquisidores e os torturadores estavam fazendo a obra de Deus. Estavam salvando almas. Estavam aniquilando os demônios.
Certamente, a bruxaria não era a única ofensa merecedora de tortura e queima na fogueira. A heresia era um delito mais grave ainda, e tanto católicos como protestantes o puniam com crueldade. No século XVI, o erudito William Tyndale teve a temeridade de pensar em traduzir o Novo Testamento para o inglês. Mas se as pessoas pudessem ler a Bíblia em sua própria língua, e não em latim arcaico, talvez formassem opiniões religiosas próprias e independentes. Poderiam conceber sua própria comunicação privada com Deus. Era um desafio à segurança de emprego dos padres católicos romanos. Quando Tyndale tentou publicar a sua tradução, foi caçado e perseguido por toda a Europa. Acabou capturado, garroteado e depois, por boas razões, queimado na fogueira. Seus exemplares do Novo Testamento (que um século mais tarde se tornaram a base da refinada tradução do rei Jaime) foram então procurados de casa em casa por destacamentos armados – cristãos defendendo piedosamente o cristianismo, ao impedir que outros cristãos conhecessem as palavras de Cristo.”


“Mais da metade dos norte-americanos declaram nas pesquisas que “acreditam” na existência do Diabo, e 10% tiveram contato com ele, experiência que Martinho Lutero afirmava ter regularmente. Num “manual de guerra espiritual” de 1992, intitulado Prepare for war (Te prepare para a guerra), Rebecca Brown nos informa que o aborto e o sexo fora do casamento “resultarão quase sempre em infestação demoníaca”; que a meditação, a ioga e as artes marciais são construídas de modo a levar os cristãos ingênuos a cultuar os demônios; e que “‘o rock não aconteceu pura e simplesmente’, foi um plano arquitetado com muito cuidado por ninguém menos do que o próprio Satã”. Às vezes “as pessoas amadas ficam diabolicamente presas e cegas”. A demonologia ainda segue formando parte de muitas crenças sérias.”


“Quando é do conhecimento de todos que os deuses descem à Terra, nós talvez tenhamos alucinações com deuses; quando todos nós estamos familiarizados com demônios, aparecem os íncubos e os súcubos; quando os duendes são aceitos por toda parte, vemos duendes; numa era de espiritualismo, encontramos espíritos; e quando os antigos mitos se enfraquecem e começamos a pensar que os seres extraterrestres são plausíveis, é para eles que tendem as nossas imagens hipnagógicas.”


“A hipnose é um meio pouco confiável de refrescar a memória. Frequentemente desperta a imaginação, a fantasia e o espírito de brincadeira junto com as recordações verdadeiras, sem que nem o paciente, nem o terapeuta sejam capazes de distinguir uma coisa da outra. Ela parece envolver, em sua essência, um estado de sugestionabilidade intensificada. Os tribunais proibiram o seu emprego como evidência ou até como ferramenta de investigação criminal.”


“O presidente Ronald Reagan, que passou a Segunda Guerra Mundial em Hollllywood, descrevia com detalhes como libertara vítimas dos campos de concentração nazistas. Vivendo no mundo do cinema, ele aparentemente confundia um filme que tinha visto com uma realidade que não conhecera. Em muitas ocasiões, nas suas campanhas presidenciais, o sr. Reagan contou uma história épica de coragem e sacrifício na Segunda Guerra Mundial, uma inspiração para todos nós. Só que ela nunca aconteceu; era o enredo do filme A wing and a prayer (Uma asa e uma prece) – que também muito me impressionou, quando o vi com nove anos. Muitos outros exemplos desse tipo podem ser encontrados nas declarações públicas de Reagan. Não é difícil imaginar os sérios perigos públicos que nascem de ocasiões em que os líderes religiosos, científicos, militares ou políticos são incapazes de distinguir os fatos da ficção.”


“É um erro capital teorizar antes de ter os dados. Sem dar-se conta, a gente começa a distorcer os fatos para adaptá-los às teorias, em vez de fazer com que as teorias se adaptem aos fatos. (Sherlock Holmes, em “Escândalo em Boêmia” – Arthur Conan Doyle,1891)


“John Mack é um psiquiatra da Universidade Harvard que conheço há muitos anos.
– Há alguma verdade nessas histórias de UFOs? – ele me perguntou há muito tempo.
– Nada de significativo – respondi. A não ser, é claro, do ponto de vista psiquiátrico.”


“O psicólogo Ulric Neisser, da Universidade de Emory, afirma:
Existem abusos infantis, e existem lembranças reprimidas. Mas há também lembranças falsas e inventadas, e elas não são de modo algum raras. As lembranças errôneas são a regra, e não a exceção. Acontecem todo dia.
Ocorrem até em casos em que o sujeito está absolutamente confiante – mesmo quando a lembrança é aparentemente um flash inesquecível, uma dessas fotografias metafóricas mentais. Sua ocorrência é ainda mais provável nos casos em que a sugestão é uma possibilidade expressiva, em que as lembranças podem ser modeladas e remodeladas para satisfazer as fortes exigências interpessoais de uma sessão de terapia. E quando a lembrança foi reconfigurada dessa maneira, é muito, muito difícil mudar.
Esses princípios gerais não nos ajudam a determinar com certeza onde está a verdade em cada caso ou afirmação individual. Mas em média, num grande número dessas afirmações, é bem evidente no que devemos apostar. As lembranças errôneas e a reelaboração retrospectiva fazem parte da natureza humana; estão associadas ao nosso território e sempre acontecem.”


“Citarei uns extratos da análise do perito do FBI Kenneth V. Lanning, agente especial de supervisão na Universidade de Pesquisa e Instrução de Ciências Comportamentais da Academia do FBI em Quantico, Virginia, “O crime ritualístico, oculto e satânico”, baseada em sua amarga experiência, e publicada no número de outubro de 1989 do periódico profissional The Police Chief:
Virtualmente todas as discussões sobre satanismo e bruxaria são interpretadas à luz das crenças religiosas do público. É a fé, e não a lógica e a razão, que governa as crenças religiosas da maioria das pessoas. O resultado é que alguns agentes da lei, normalmente céticos, aceitam as informações disseminadas nessas conferências sem avaliá-las criticamente, sem questionar as fontes [...].
Para algumas pessoas, o satanismo é qualquer sistema de crença religiosa diferente do seu.
Lanning fornece então uma longa lista de sistemas de crença que ele pessoalmente ouviu serem descritos como satanismo nessas conferências. Inclui o catolicismo romano, as igrejas ortodoxas, o islamismo, o budismo, o hinduísmo, o mormonismo, o rock’n roll, a canalização, a astrologia e as crenças da Nova Era em geral. Não temos aí uma pista de como a caça às bruxas e os pogroms tiveram início?
Dentro do sistema de crença religiosa pessoal de um agente da lei”, ele continua, “o cristianismo pode ser bom e o satanismo mau. Segundo a Constituição, entretanto, ambos são neutros. Esse é um conceito importante, mas de difícil aceitação para muitos agentes da lei. Eles não são pagos para defender os Dez Mandamentos, mas o código penal [...]. O fato é que o número de crimes e abusos infantis cometidos por fanáticos em nome de Deus, Jesus e Maomé é muito maior do que o dos cometidos em nome de Satã. Muitas pessoas não gostam dessa afirmação, mas poucas conseguem questioná-la”.
Muitos dos que alegam abusos satânicos descrevem rituais orgiásticos grotescos em que bebês são assassinados e devorados. Alguns grupos vilipendiados têm sido alvo desse tipo de acusação por parte de seus detratores ao longo de toda a história europeia – como aconteceu com os conspiradores de Catilina em Roma, o “libelo de sangue” contra os judeus na Páscoa judaica e os templários quando estavam sendo desmantelados na França do século XIV. Ironicamente, denúncias de orgias incestuosas, infanticidas e canibalescas estavam entre as informações usadas pelas autoridades romanas para perseguir os primeiros cristãos. Afinal de contas, o próprio Jesus é citado como tendo dito (João, 6:53): “Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos”. Embora o próximo versículo deixe claro que Jesus esteja falando de comer a sua própria carne e beber o seu próprio sangue, críticos pouco compreensivos poderiam ter interpretado a expressão grega “Filho do homem” como “criança” ou “bebê”. Tertuliano e outros padres primitivos da Igreja se defendiam contra essas acusações grotescas da melhor maneira possível.”